Tema antigo aqui no blog é o da “direita” permitida. De acordo com o establishment brasileiro, há um limite para bancar o liberal, e para conservadores simplesmente não há qualquer espaço, pois vira logo “ultraconservador de extrema-direita”, bastando valorizar a família tradicional e o cristianismo para tanto. Criticar o PT é até aceito, desde que seja “progressista” também. O mais importante é bancar o “isentão”.
Foi assim que o PSDB, um partido de esquerda que defende a social-democracia, virou a “direita” brasileira, e tudo à direita era simplesmente tratado como neandertal ou nazismo (ignorando-se, claro, que o nacional-socialismo também era de esquerda). Formadores de opinião que aceitam fazer esse jogo precisam deixar claro na largada que não são de direita nem de esquerda. É preciso pairar acima dessa “disputa ideológica”. Para, no fundo, defender a esquerda.
Podemos pensar em vários nomes. O próprio Reinaldo Azevedo já foi considerado um ícone da “direita”, mesmo sendo simpático aos tucanos e rotulando Bolsonaro de extrema-direita, mas recusando o rótulo de extrema-esquerda para Lula. Joel Pinheiro, que também tem coluna na Folha, é outro que defende a equidistância entre esquerda e direita, e ataca conservadores e até o MBL com uma vontade que não se vê em críticas aos esquerdistas. Luciano Huck é outro caso: faz selfie com Lula, flerta com o PPS do socialista Freire, mas está “acima” dessa coisa de esquerda e direita. O mesmo para aquele movimento Acredito, que idolatra FHC, Obama e Piketty, mas claro, não é de direita nem de esquerda.
Tucanos, em seu habitat natural, sempre vão pender para a esquerda, mesmo que façam discursos de isenção ideológica. E podemos acrescentar mais um nome a essa lista: Rogério Chequer, do movimento Vem Pra Rua. Sempre achei sua postura um tanto tucana, e essa impressão foi confirmada de vez nessa reportagem da Folha sobre seus projetos políticos. Chequer, que também é colunista da Folha (talvez tenhamos aí um bom critério), aceita até petistas nesse barco e, segundo a Folha, seu protagonismo nas manifestações pró-impeachment de Dilma podem ser um obstáculo ao avanço do grupo:
A liga de organizações busca a entrada de mais movimentos. A Folha apurou que a forte vinculação do VPR ao impeachment, no entanto, tem sido um dos obstáculos nas sondagens. “Desconheço. Pelo menos ninguém que procuramos usou isso como justificativa”, diz Chequer.
A agenda à qual os candidatos validados pela frente terão que jurar fidelidade se baseia em pilares para tornar a sociedade mais “justa, íntegra, sustentável e igualitária”, segundo as lideranças.
São propostas como gestão eficiente do Estado, responsabilidade fiscal, redução da desigualdade, combate à corrupção e respeito às liberdades individuais. “É uma agenda construída com muito cuidado para não ser nem de direita nem de esquerda”, afirma Alexandre Ostrowiecki, do Ranking dos Políticos.
De acordo com ele, essa é uma “dicotomia já ultrapassada”, mas há no plano assuntos que podem agradar à ala esquerdista, “como respeito às minorias”, e outros num viés à direita, “pautas mais liberais, como redução de barreiras ao comércio exterior”.
“O importante”, completa Rubens Barbosa, “é ‘no label’, não colocar uma etiqueta. Liberal, antiliberal, esquerda, direita. Essa frente visa a defender o Brasil”.
Filiados de qualquer partido serão bem-vindos, de acordo com a frente, desde que assumam o compromisso com o programa. Até mesmo do PT, sigla combatida pelo VPR nas ruas e nas redes (são comuns postagens do grupo pedindo a prisão de Lula).
“Essa agenda não está alinhada com o aparelhamento feito nesse período [governos do PT]. Mas a gente não pode generalizar e dizer que todo mundo do partido faz parte desse processo”, diz Chequer, que é colunista da Folha.
Uau! Muito fofo essa coisa de “igualdade”, e de não ser nem de esquerda, nem de direita. Não fosse o detalhe de tudo isso ser… de esquerda, com pequenas concessões na economia ao liberalismo, algo que até mesmo Lenin fez com sua Nova Política Econômica!
A turma de esquerda pretende seduzir a turma da direita, em especial dos liberais, apenas abrindo mão de uns poucos anéis na economia? O pior é que tem muito trouxa que cai nessa mesmo. Só de afirmar que “não pode generalizar e dizer que todo mundo do partido faz parte desse processo” [de aparelhamento do estado] já merece o puro escárnio, ou então o desprezo pela pusilanimidade.
O PT, para começo de conversa, não é um partido, mas uma quadrilha ideológica. Todos ali são cúmplices do projeto de poder liderado por Lula. O “partido” prefere expulsar aquele que denuncia os “malfeitos” em vez de aqueles que já foram até condenados pela Justiça, ignorando seu próprio estatuto. O “partido” oficialmente presta solidariedade ao ditador venezuelano. Mas vamos atrair uns petistas também, que deve ter muita gente boa ali, não é mesmo?
Chequer, toma vergonha na cara! Esse discursinho “em cima do muro” não engana mais tanta gente assim, pois hoje temos as redes sociais. A esquerda está desesperada com a “onda conservadora” e reage dessa forma, tentando embaralhar as cartas, misturar o joio e o trigo, salvar a esquerda dizendo que ela não é mais esquerda, mudando seu nome, fingindo que o progresso está acima dessa dicotomia “ultrapassada”. Viva a “terceira via”!
Tucanos, repito, serão sempre tucanos. Entre o PT e a direita verdadeira, vão invariavelmente cair no colinho dos petistas. Vão ser depenados no processo, claro. Mas vão pedir um pouco mais depois. Talvez peçam até desculpas aos algozes. E claro, após o estupro, vão deixar a porta aberta com um tapete vermelho estendido, para que os estupradores possam voltar quando quiserem. Como levar esses tucanos a sério?!
PS: O MBL, que também foi protagonista do impeachment, sente orgulho dessa conquista, que salvou o Brasil do destino venezuelano. O MBL também tem centenas de milhares de seguidores, e um projeto político. Mas o MBL não recebe o mesmo destaque na imprensa, e quando é citado, é quase sempre para ser criticado. É que o MBL é de “extrema-direita”, está naquela categoria que ultrapassou a “direita” permitida. É por isso que devemos apoiar… o MBL.
Rodrigo Constantino