Deu na Veja.com: Juro para pessoa física atinge recorde de 43,2% em julho
Em sua nota de Crédito e Política Monetária, o Banco Central (BC) informa que a taxa média de juros do crédito para pessoas físicas atingiu em julho 43,2% ao ano, contra 43% em junho. É o maior número desde o início da série histórica, em março de 2011. Com juros altos, as pessoas ficam cada vez mais endividadas e sobram menos recursos para o consumo e a poupança.
Os números se referem ao segmento livre, crédito que pode ser emprestado para qualquer destino – diferente do direcionado, que tem um fim específico, como, por exemplo, financiamento de imóveis ou agronegócio.
Segundo o BC, para pessoa jurídica, ainda em recursos livres, a taxa subiu de 22,6% para 23,1% entre junho e julho. Ainda neste segmento (livre), levando em consideração pessoas e empresas, a média subiu de 32% para 32,3%.
Engraçado, poderia jurar que vi a presidente Dilma em cadeia nacional de televisão e rádio anunciar com muita fanfarra e celeuma que as taxas de juros iriam cair para todos os brasileiros, pois ela enfrentaria os banqueiros. O que aconteceu? A gerentona é uma fracote? Ou será que não bastava “vontade política” para tal feito?
Em 2012, Dilma destacou o que chamou de “marcha inédita de redução constante e vigorosa” dos juros, que levou a taxa Selic a chegar em cerca de 2% ao ano em termos reais. A presidente citou ainda a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) que baixou para menos de 1% ao ano, também descontada a inflação.
Apesar disso, Dilma lançou novamente um recado claro aos bancos, que ainda cobram spreads elevados aos tomadores de crédito. “(A queda dos juros) me alegra, mas confesso que ainda não estou satisfeita, porque bancos, financeiras e, de forma muito especial, os cartões de crédito podem reduzir ainda mais as taxas cobradas ao consumidor final, diminuindo para níveis civilizados os seus ganhos. Sei que não é uma luta fácil, mas garanto a vocês que não descansarei enquanto não ver isso se tornar realidade“, enfatizou a presidente.
Sob pressão política, os bancos efetivamente reduziram suas taxas no primeiro momento. Mas só mesmo uma economista com mentalidade (de)formada na Unicamp poderia achar que é assim que se derruba taxa de juros de forma sustentável. Será que Dilma descansou e abandonou a pressão, ou será que taxa de juros é um preço de mercado que não pode ser impunemente manipulado?
O triste disso tudo, além de ver o alto custo para o país pelos equívocos cometidos pelo governo Dilma, é constatar que as lições importantes não serão aprendidas, nem mesmo com mais esse exemplo de fracasso do “voluntarismo” estatal. A turma vai continuar culpando a ganância dos banqueiros pelos altos juros, e demandando um presidente “corajoso” para enfrentar esses “inescrupulosos e insensíveis”. Até quando?
Rodrigo Constantino
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