Um artista plástico liberal? – Entrevista com João César de Melo

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Entrevista com João César de Melo, um artista plástico que não é socialista. Ou seja, avis rara em seu meio, algo menos provável do que um sindicalista honesto.

Formado em arquitetura e urbanismo, João César de Melo é o único artista plástico brasileiro que se manifesta explicita e corajosamente contra o socialismo através dos artigos e livros que publica.

1 – O que aconteceu para você, de uma formação e profissão notoriamente de esquerda, se posicionar criticamente ao socialismo?

Como todo jovem, até alguns anos atrás ruminava os mesmos clichês socialistas, porque eles são fáceis e convenientes. Não exigem estudo. Conferem uma aura de “pessoa legal” entre os amigos. As meninas acham bonitinho. Defender o socialismo é uma boa forma de se sentir herói de alguma coisa sem fazer nada pelos outros. Apesar de na época da faculdade não me considerar de esquerda (nunca votei no PT), hoje eu me lembro que defendia que o estado deveria prover um punhado de coisas às pessoas. O que me fez acordar foi a simples decisão de procurar outras leituras, ouvir o outro lado da história. Passei a sentir vergonha de muita coisa que noutros tempos defendia.

2 – E isso gerou problemas para você?

Muitos! Lembro-me que perdi mais de cem “amigos” no Facebook no dia em você repercutiu meu primeiro artigo publicado no Instituto Liberal. De lá para cá, amigos e clientes se afastaram, portas se fecharam no mercado e exposições foram canceladas, mas outras pessoas se aproximaram de mim e novas e melhores oportunidades de trabalho surgiram. No começo, confesso que fiquei um tanto assustado, mas logo converti numa coisa boa da vida, um meio de renovar amizades. Estou no lucro.

3 – E o vandalismo em murais que você pintou?

Ah sim! Aconteceram algumas em Belo Horizonte e Vitória. Estudantes de arquitetura que me enxergam, pasme, como uma grande ameaça à democracia. A representação do ”golpe”! Militantes do PSOL, do PT e do PCdoB, partidos que apoiam todas as ditaduras do nosso mundo, me acusando de ser fascista. São de uma pobreza intelectual que beira o ridículo.

4 – Quais autores liberais mais te influenciaram?

Mises, Hayek, Friedman, Bastiat e Jouvenel são fundamentais.

5 – Nos créditos de seus artigos no Instituto Liberal, você se apresenta como “libertário que se sente bem entre liberais e conservadores”. Explique isso.

Hoje eu compreendo que há formas de vivermos melhor sem o estado tal qual o conhecemos, mas enxergo também que, devido às limitações e inseguranças humanas, esse ideal é inalcançável. No entanto, acredito que essa “utopia” deva ser o horizonte que deveríamos perseguir, sempre por meio do liberalismo, reduzindo o tamanho e a influência do estado na economia.

Nesse processo de amadurecimento intelectual, compreendi melhor o papel da religião na sociedade. Hoje, o cristianismo é muito mais uma identidade cultural do que um poder de controle das massas, como ocorre com o islamismo. Apesar de ser ateu, enxergo com clareza que, apesar dos “caminhos tortos” do cristianismo, foi através dele que chegamos até aqui. Foi através dele que nós, ocidentais, nos desenvolvemos muito mais do que outros povos. Muito antes do socialismo, a igreja já mantinha orfanatos, escolas, hospitais públicos, além de redes de caridade. Se o cristianismo impôs a Inquisição séculos atrás, o socialismo impõe a sua hoje, agora. O capitalismo que nos proporcionou um salto de desenvolvimento social é fruto da liberdade econômica oferecida pelas igrejas cristãs. Enquanto os radicais islâmicos explodem bombas entre inocentes, escravizam mulheres e estupram meninas em larga escala e com o consentimento de seus familiares, os “radicais” cristãos tentam impedir o casamento gay por meio de leis.

5 – Você se define como um intelectual?

Reproduzirei a resposta que dei a um amigo cretino: “Num país onde Gregorio Duvivier é formador de opinião, é normal que uma pessoa seja considerada intelectual só por escrever artigos e livros”. Provocações à parte e sem falsa modéstia, eu não passo de um artista plástico que tenta ganhar a vida trabalhando e que lê e escreve sobre essas coisas por prazer, sem qualquer pretensão. Escrevo para não ter que conversar sobre essas coisas quando estou entre amigos. A verdade é que política, principalmente num país impregnado de petismo, nos rebaixa intelectualmente.

6 – Qual a sua interpretação do momento político atual, com a saída do PT?

É a reforma política acontecendo da melhor forma que poderia. Políticos e grandes empresários sendo enquadrados pela Justiça. PT, PMDB e PSDB correlacionados nos mesmos esquemas ou, no mínimo, flagrados utilizando-se dos mesmos procedimentos. O que nos cabe agora é apoiar a Lava Jato, tê-la como nosso partido e não permitir que o comunismo brasileiro se reorganize. Como? Tirando o dinheiro desses vagabundos. Esses partidos e movimentos não se sustentam. Vivem do dinheiro roubado da sociedade. Acabe com as verbas que recebem e pronto. Coisas como PCdoB e MST desaparecem.

7 – Fale sobre o livro que está lançando pela editora Simonsen.

Percebi que falta ao movimento liberal uma abordagem mais emotiva, com uma linguagem mais popular. Para preencher essa lacuna, criei uma história dentro de um condomínio fictício onde o embate entre socialismo e liberalismo acontece através das relações entre os moradores e lojistas, que têm suas vidas diretamente afetadas pelas políticas de igualdade social impostas pelo síndico. De certa forma, reproduzo os 20 anos da história política e econômica do Brasil, onde os principais personagens serão descobertos dentro do livro. Apesar disso, o final é surpreendente, feito para ser um alerta.

O objetivo do livro é expor a hipocrisia e a cretinice do militante socialista, desmontar a estampa do “anjinho socialista”, evidenciando que por trás de cada um existe uma pessoa recalcada, cretina e com grande potencial para ser um canalha.

8 – Seu livro é inspirado em algum caso ou personagens de sua vida?

Sim e não. Os personagens jovens e universitários são inspirados nos ambientes que frequentei, mas sem representar especificamente um ou outro. Outros personagens do livro são inspirados em pessoas comuns que conheci ao longo da vida, do vendedor de coco na praia até alguns empresários. Acredito que o leitor identificará em cada personagem do livro um personagem de sua vida real.

O livro está em fase de produção e pré-venda, com disponibilização de recompensas.

Obrigado e boa sorte!

Rodrigo Constantino