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Ninguém achou que ia ser fácil melhorar o Brasil. Um fracasso tão retumbante não é obra do acaso, afinal, mas de décadas de aprimoramento na arte de destruição. Reconheço que Michel Temer vem tentando melhorar algumas coisas, e também devemos admitir que piorar o que o PT fez é tarefa bastante complicada. Também sabemos que o jogo político é sujo, demorado, que as mudanças boas precisam ser colocadas ao lado de concessões indevidas, caso contrário não passam.

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Dito isso, hoje foi um dia lamentável para o Brasil, de retrocessos. Podemos citar ao menos três notícias ruins. A primeira delas, a soltura de Paulo Bernardo, o ex-ministro petista que teve a prisão revogada pelo ministro Dias Toffoli. Já há uma fila de novos pedidos, pois quando a Justiça relaxa, a bandidagem se anima. Aquilo que leva meses para ser construído pode ser destruído em um ato arbitrário.

A segunda notícia foi o veto de Temer ao aumento para até 100% de participação estrangeira nas companhias aéreas. “Nitidamente, a preocupação do Senado é não entregar o controle acionário para o investidor estrangeiro”, afirmou Padilha. Mas minimizou o fato, dizendo que os senadores não são contrários à abertura de capital em si, mas estão preocupados com a aviação regional. Segundo o ministro, uma possibilidade seria um compromisso das empresas internacionais com o transporte aéreo regional do Brasil.

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Como disse, é compreensível que Temer tenha que recuar em algumas coisas para avançar em outras. Mas essa “preocupação” dos senadores é simplesmente ridícula. É, no fundo, a tentativa de garantir privilégios, reserva de mercado, voos economicamente sem sentido etc. Não tem o menor cabimento impedir que investidores estrangeiros sejam donos de até 100% do controle de empresas aéreas. Ceder nisso é lamentável para quem entende as vantagens do livre mercado.

Por fim, há a notícia do aumento maior do que o esperado no Bolsa Família: Na tentativa de emplacar uma agenda positiva, o presidente da República em exercício, Michel Temer, assinou nesta quarta-feira o decreto que reajusta em 12,5% os repasses do programa Bolsa Família. Numa clara resposta às críticas de que o governo interino cortaria os benefícios sociais, o ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, enfatizou que o aumento concedido por Temer é maior do que o prometido pela presidente afastada Dilma Rousseff, de 9%, em maio.

Não nego a boa jogada de marketing político do governo interino, e não desprezo a importância do simbolismo na política. Mas o Brasil não precisa de aumento das esmolas estatais, e sim de um programa de redução da dependência do estado. É verdade que o governo tocou no ponto-chave: Temer e Terra disseram ainda que o Bolsa Família deve ser visto como um “programa de emancipação”, que se torne “desnecessário” no futuro. “Não pode ser um sonho viver do Bolsa Família”, afirmou o ministro. Mas o que foi feito para tanto na prática?

Só discurso não vale. Onde está a porta de saída? Onde está o combate aos abusos, desvios e esquemas do programa? Celebrar aumento de esmola estatal, como se fosse um salário garantido, é como fazia o PT, ao festejar mais e mais gente ganhando o benefício. Ou seja, se amanhã tivermos cem milhões dependendo da esmola do governo, isso será melhor ainda, pela ótica paternalista. Mas sabemos que isso não faz o menor sentido. Um país decente deveria comemorar aumento de emprego, não de esmola estatal.

Mas, como nem tudo são espinhos, há ao menos uma notícia positiva: o juiz Sergio Moro aceitou nova denúncia contra José Dirceu na Lava-Jato: O juiz federal Sergio Moro aceitou nesta quarta-feira nova denúncia contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no escândalo do petrolão. Ao lado do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, Dirceu responderá a acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. O irmão do petista, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, também se tornou réu no processo. As suspeitas são de que o grupo tenha cometido os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertinência a organização criminosa em um esquema de cobrança de propina de empresas de tubos fornecedoras da Petrobras.

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Enfim, a batalha pela melhoria do Brasil deve ser constante, e sabemos que de tempos em tempos haverá retrocessos desanimadores. Afinal, lutamos contra todo um sistema corrompido, podre, alimentado por uma mentalidade equivocada ideologicamente e uma cultura deturpada de malandragem. O Brasil cansa, mas não podemos nos dar ao luxo de desistir dele…

Rodrigo Constantino