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Um país kafkaniano: brasileiro sofre com nossa burrocracia!

Nesta quarta-feira, pela manhã, um familiar meu foi surpreendido ao entrar no site do seu banco com a notícia: CPF “cancelado”. Isso quer dizer que da noite para o dia, sem saber o motivo, você deixou de ter CPF e, em consequência disso, não pode sacar dinheiro, passar cartão de crédito, enfim, realizar nenhuma tarefa bancária. Você simplesmente deixou de existir, sem aviso prévio.

Começa, então, o processo kafkaniano:

1) Ida ao Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal para saber o que houve;

2) Fila de aproximadamente duas horas para saber que tem de pagar uma taxa de quase R$ 6 para descobrir o que houve;

3) O funcionário entra no sistema, verifica se seus dados estão corretos e, depois, diz que nada pode fazer, que você tem de ir à Receita Federal verificar o que houve;

4) Ida à Receita e a resposta, com boa vontade, porque tem que ter senha e o agendamento pode não ser para o mesmo dia, de que a Receita, agora, cruza os dados do CPF com o do título de eleitor. Qualquer divergência que exista, tipo data de ano incorreta, letra do nome trocada etc, você tem seu CPF bloqueado até sanar o problema, que pode demorar dias dependendo do que seja e da boa vontade dos funcionários públicos;

5) Resolvido o problema, você recebe um certificado da Receita de que o seu CPF está regularizado, mas o banco só pode liberar sua conta, cartões de crédito etc quando a receita informar a eles. Nesse meio tempo você não é ninguém.
Detalhe, segundo o banco, isso demora de 3 a 5 dias;

6) Tanto o Banco do Brasil como o Itaú disseram que estão abarrotados de casos como esse, e em alguns o problema se agrava, porque são empresários que da noite para o dia ficam sem poder fazer pagamentos, sacar dinheiro etc.

Pergunta: por que a Receita não envia aos “contribuintes” notificação com prazo para regularização? Outra coisa, o governo arrecada de cada um, que vai ver o que aconteceu, a importância de R$ 5,70 sem a qual nada pode ser feito. Isso é o Brasil. Um país kafkaniano, onde o governo trata o cidadão como lixo, como súdito que deve aceitar tudo calado, diante de uma “burrocracia” absurda, como se ninguém mais tivesse o que fazer de produtivo da vida, como se todos fossem como alguns funcionários públicos, encostados na repartição e transformando nossas vidas num inferno burocrático.

Uma das coisas que mais chamam a atenção de quem vai morar em país desenvolvido, civilizado e de primeiro mundo pode ser resumida na expressão da filha de um amigo meu ao passar um tempo nos Estados Unidos: “Pai, aqui as coisas funcionam!” Sim, ela estava impressionada com essa simples constatação: as coisas funcionam. No Brasil, as coisas definitivamente não funcionam, e parece que tudo que o governo faz é para dificultar a vida dos cidadãos. Pois é, gente, o Brasil cansa. E muito!

Rodrigo Constantino

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