Por Lucas Berlanza, publicado pelo Instituto Liberal
O ceticismo é a postura mais sábia diante de qualquer política e qualquer governo. Nunca é sábio apostar todas as fichas em que uma determinada ruptura, um determinado acontecimento ou a vitória em uma determinada eleição representem o advento de uma nova era salvadora.
Que, entretanto, não se veja nisso um aceno ao negativismo crônico, ao pessimismo gratuito e sistemático. Não sobrevivemos, não persistimos em uma luta necessária, se não acreditamos que nosso esforço tem algum valor. Não é justo para nós, que nos esforçamos por construir um país mais digno e livre, que assumamos como fatos estabelecidos a nossa condenação ao desastre e a inutilidade de tudo que realizamos.
Olhemos todos para trás. Quando batalhamos e conseguimos o impeachment de Dilma Rousseff e a derrocada do PT, talvez alguns entre nós tivessem a esperança de que a queda dos mandachuvas bolivarianos traria ao Brasil a materialização do Jardim do Éden. Eu não figurava entre esses, nem, decerto, a maioria dos nossos leitores. Os problemas do Brasil são bem maiores e mais antigos do que isso e o legado do regime lulopetista é nefasto o suficiente para seus miasmas seguirem precisando ser combatidos.
Porém, se o drama econômico foi reduzido durante o interregno representado pelo governo de Michel Temer, a eleição de Jair Bolsonaro, impedindo a volta do PT através de Fernando Haddad, também já traz motivos para comemorar. Sim, é verdade que, a despeito do número sem precedentes na Nova República de excelentes nomes anunciados para ministérios e secretarias, como Paulo Guedes, Sérgio Moro, Marcos Pontes, Ricardo Vélez, Rubem Novaes, Adolfo Sachsida, Salim Mattar, entre diversos outros, temos motivos de preocupação.
Temos o caso de Fabrício Queiroz, temos algumas figuras questionáveis ocupando alguns cargos importantes, temos algumas idas e vindas, palavras atravessadas e desencontros do alto escalão, intenções de manutenção de estatais como a EBC que deveriam ser trituradas… Estamos apenas no décimo terceiro dia de 2019, mas todos ressaltam a trágica onda de violência no Ceará e a necessidade urgente da Reforma da Previdência. Há desafios retumbantes e uma dose inequívoca de inexperiência – bem como a conquista de cargos por alguns setores da base de apoio que nunca foram muito interessados no diálogo com setores divergentes – que precisarão ser superados para que esse governo cumpra o projeto pelo qual foi eleito.
O que faz com que o Brasil de Bolsonaro já seja um país melhor do que o país do PT, no entanto, é o fato de que é um país que preza pela sua dignidade internacional. Somente por isso, todo o caminho trilhado até aqui já valeu a pena.
O Brasil, através de sua representação diplomática, está fazendo tudo o que pode para que a ditadura infame de Nicolás Maduro, na Venezuela, que por tanto tempo alimentamos, patrocinamos, enaltecemos, desde a época de seu antecessor e autor da obra assassina, Hugo Chávez, desapareça do mapa de uma vez por todas. À testa do chamado Grupo de Lima, o Brasil está encabeçando todas as movimentações internacionais necessárias para pressionar o poderio truculento da ditadura chavista.
O presidente da Assembleia Nacional venezuelana, o social democrata Juan Guaidó, certamente encorajado por esse quadro, já se anunciou como presidente interino da Venezuela, apelando às Forças Armadas para que o apoiem na deposição da ditadura. Hoje, tamanha atitude foi premiada com um verdadeiro sequestro por agentes da inteligência venezuelana – felizmente “apenas” um “susto”, porque pouco depois o libertaram.
Já é certeza para o mundo inteiro que não existe resquício de democracia na Venezuela e que Maduro precisa cair. Nosso país, a maior nação latino-americana, que é imensamente responsável pela chegada das coisas a esse estado, quer por apoio explícito, quer por omissão e pusilanimidade, finalmente toma sua posição, reconhecendo sua culpa e assumindo com a devida energia o partido do oprimido povo venezuelano. Talvez seja questão de tempo para isso levar a uma vitória final sobre o tirano bufão.
Já o terrorista italiano de extrema esquerda Cesare Battisti, protegido no Brasil pelo ex-presidente Lula por todos esses anos, em ato ofensivo à Itália, de tantas contribuições aos labores de nossa terra e à formação de nossa gente, enfim receberá o peso da justiça. Em mudança já aprovada em fins do governo Temer, Battisti foi desabrigado da proteção lulista. Foragido, acaba de ser localizado na Bolívia, onde o presidente Evo Morales, ciente de que o Foro de São Paulo está fraco e não mais existe a coalização esquerdista que lhe dava sustento, fez o que é mais oportuno para a sua sobrevivência junto aos vizinhos e não o protegeu. Na Itália, terá o mesmo destino que seu amigo Lula: a cadeia.
Pontuemos novamente então: um país que não defende ditaduras socialistas, que não ajuda a financiá-las, que não presta reverência a tiranos de todos os tipos, que não protege assassinos condenados e não ofende seus parceiros internacionais, já não é, por isso apenas, um país melhor? Certamente que sim.
Não foi sem razão, tampouco sem consequências, a nossa luta. Animemo-nos, por conseguinte, em continuar a travá-la, sem mais o peso da mácula de ignorar as próprias responsabilidades e os próprios crimes contra a justiça e a prosperidade das demais nações.