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Paulo Guedes e sua equipe fizeram sua parte. Bolsonaro, até aqui, fez sua parte, ao delegar ao economista liberal autonomia para preparar e apresentar uma reforma previdenciária séria e robusta. Claro que ainda está aquém do que realmente precisamos, e também do conceito de justiça liberal: cada um deveria receber de acordo com sua própria poupança ao longo da vida de trabalho. Mas é um importante começo.

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Bolsonaro tem um histórico corporativista de votos contra reformas? Ok, mas está totalmente redimido. Não só reconheceu o erro, mas apresentou uma reforma séria, dura com a elite privilegiada dos funcionários públicos, seguindo de fato recomendações do seu “posto Ipiranga”, Paulo Guedes. Agora o Congresso tem que aprovar sem muitas emendas. E eis o maior desafio!

O grande teste será a partir de agora, quando a articulação do governo terá de mostrar habilidade. E isso envolve, sim, lançar mão da “velha política”, não necessariamente de práticas corruptas, claro, mas de pragmatismo para se entender como funciona o jogo de interesses dos parlamentares numa democracia. Ao deixar com o DEM essa missão, Bolsonaro sinaliza que aceitou a realidade como ela é, em vez de escutar sua base aliada mais jacobina.

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Para entrar em vigor, a nova legislação precisa ser aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado, em dois turnos em cada Casa, com votos de no mínimo três quintos (60%) dos congressistas – isto é, de pelo menos 308 dos 513 deputados, e 49 dos 81 senadores. Não é tarefa trivial, e será preciso atrair o voto de gente de centro-esquerda, de centro, fisiológica e tudo mais.

Haverá muita pressão dos grupos organizados, que saem “perdendo” (apenas no curto prazo, pois sem reforma, no longo prazo TODOS perdemos). O maior teste será a articulação do governo em meio a essa crise desnecessária envolvendo Bebianno e Carlos Bolsonaro. O Brasil esclarecido aguarda ansioso pelos próximos capítulos.

Afinal, o ti-ti-ti de intrigas palacianas pode render boas discussões nas redes sociais, mas o que vai definir o governo atual mesmo, se será um sucesso ou um fracasso – é justamente a pauta de reformas, a mais relevante sendo esta da Previdência. Se for aprovada sem muitas emendas que desfigurem a coisa, então o Brasil tem salvação. Aguardemos…

Rodrigo Constantino