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Uma esquerda (radical) neoliberal? Ou: Nelson Barbosa não vai defender ortodoxia necessária

Já tinha escrito texto falando da ingênua crença de alguns empresários na possibilidade de Nelson Barbosa seguir na trilha mais ortodoxa desejada por Joaquim Levy e necessária ao país. É o velho argumento de que, às vezes, a própria esquerda faz o “trabalho sujo”, pois tem cacife para convencer suas bases aliadas tradicionais, como sindicatos organizados e “movimentos sociais”.

O argumento não é de todo furado. Temos exemplos históricos de governos de esquerda que, de fato, conseguiram dar uma guinada mais liberal e aprovar reformas estruturais importantes. Na Nova Zelândia isso aconteceu, assim como na Espanha, e também no Brasil. Afinal, FHC é um social-democrata de esquerda, com trajetória inclusive pelo socialismo fabiano. Mas o PT é diferente, tem o DNA do esquerdismo radical, não aprende nunca.

Carlos Alberto Sardenberg escreveu em sua coluna de hoje sobre isso, com sua típica objetividade e clareza:

Essa a diferença entre Lula, de um lado, e Gonzáles e FHC de outro. Estes dois últimos efetivamente mudaram seu modo de ver a sociedade e a economia. Convenceram-se da superioridade prática do capitalismo e da iniciativa privada para construir riqueza. Entenderam que o Estado pode agir em favor da igualdade social, mas no limite do orçamento equilibrado. Ou seja, que distribuir benefícios torrando dinheiro público, e aumentando a dívida, termina por gerar a inflação que come a renda dos mais pobres.

[…]

Tudo isso para dizer o seguinte. Dilma chamou Levy na abertura de seu segundo mandato por necessidade. Estava na cara que a economia naufragava e começava a afundar suas bases políticas. Mas a presidente nunca admitiu que isso acontecia por causa de sua política econômica. E nunca pretendeu mudá-la.

Levy era para dar uma rápida satisfação ao mercado, não para fazer algo. Por isso, as iniciativas do ministro neoliberal eram sabotadas por ela mesma e seu pessoal à esquerda. Como pode imaginar que o mercado compraria essa manobra? Ou seja, Dilma agora voltou às origens. Não colocou um esquerdista para fazer uma política ortodoxa. Colocou Barbosa para reaplicar a nova/velha matriz, enquanto diz outra coisa. Não vai rolar.

O Brasil é tão atrasado do ponto de vista do debate político que até o PSDB acaba “acusado” de “neoliberal” em nosso país e a TV Globo é vista como sendo de “direita”. Não temos nada parecido com uma Fox News ou com o Partido Republicano. A esquerda civilizada, democrática, que amadureceu a ponto de realizar reformas mais liberais existe de fato, e já demonstrou ser capaz disso. Foi o governo tucano.

Mas esperar que o PT siga a mesma trilha é ignorar a essência autoritária e ideológica do partido, é fechar os olhos para o que é o lulopetismo. Não há a menor possibilidade de Dilma tomar as medidas certas, e é Dilma quem manda. Logo, não há chance de Nelson Barbosa adotar medidas positivas e necessárias para o país. Com essa turma no poder, não corremos o menor risco de dar certo…

Rodrigo Constantino

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