O PT destruiu o país, e a resposta inicial veio agora nas urnas, nessa eleição municipal. O partido foi o que mais sofreu derrotas, caindo para a décima posição em termos de prefeituras, perdendo cerca de metade de seu espaço político, sendo ultrapassado pelo PDT como o maior na oposição ao atual governo. Lula, conforme já disse aqui, foi o maior derrotado ontem, assim como seu PT.
Mas outra figura relevante para as esquerdas saiu bastante chamuscada também. Falo de Marina Silva, que com sua Rede amargou um pífio resultado nas urnas. Em São Paulo, por exemplo, o partido de Marina teve menos de 50 mil votos para vereadores. No Rio, Molon teve votação ridícula. A Rede, uma espécie de PT embalado a clorofila, não fisgou peixe algum, pelo visto.
Stephen Kanitz comentou em seu Facebook: “Rede da Marina Tem Resultado Patético. Não elegeram nenhum vereador, Ricardo Young para prefeito foi ridículo. Espero que a Marina e a Rede tenham o senso cívico de compreender que a Rede morreu, e que ela já foi enterrada pelo povo”.
Aos que tinham medo de uma Marina Silva em 2018, essa notícia é confortante. O risco de uma “salvadora da Pátria” será sempre real, ainda mais quando o establishment político anda tão desacreditado. Mas eis a conclusão inapelável do resultado das urnas neste domingo: Lula e Marina saem muito enfraquecidos, assim como o PT e a Rede, e oferecem menos perigo em 2018.
Por outro lado, o PSDB conseguiu aumentar em 15% a quantidade de prefeituras, tornou-se mais forte nas câmaras municipais, e emplacou o prefeito de São Paulo numa vitória espetacular no primeiro turno. A eleição de João Dória, um empresário de sucesso com uma mensagem liberal, foi o maior destaque das urnas, assim como o fracasso do PT. Dória não contou nem mesmo com o apoio inicial dos caciques de seu partido, e mesmo assim levou de lavada.
Um ótimo sinal! Até porque os caciques do PSDB já cansaram. Vide FHC, que andou chamando Hillary Clinton, uma mentirosa contumaz e esquerdista radical, de “estadista” em sua última coluna no GLOBO. FHC é a decadência tucana, mas Alckmin pode ser uma opção melhor, especialmente se tiver aprendido lições importantes daquele papelão em 2006, quando virou um outdoor ambulante de broches de estatais ao ser “acusado” de privatista. Dória é privatista assumido, e deu no que deu.
Outra vitória impressionante foi a de ACM Neto em Salvador. O prefeito do DEM foi reeleito no primeiro turno com uma larga vantagem em relação à segunda colocada, Alice Portugal (PCdoB). ACM Neto teve 74% dos votos, seguido pela comunista, com 14%. Uma folga e tanto, demonstrando a aprovação de sua gestão pelo povo baiano.
Esses resultados colocam uma eventual chapa Alckmin/ACM neto como favorita em 2018, numa dobradinha PSDB/DEM que pode não ser o ideal dos liberais, pode não ser algo realmente novo, mas que sem dúvida representaria um enorme avanço frente ao esquerdismo petista dos últimos anos e mesmo ao fisiologismo tampão do PMDB de Temer.
Trata-se de algo muito preliminar ainda, mas que acende uma luz de esperança no fim do túnel. Após a esquerda destruir completamente o Brasil, vem um governo de centro, do vice da própria Dilma e do partido que fazia parte do governo petista, e consegue aprovar algumas reformas inadiáveis, fundamentais, que impedem o pior. Ou seja, vem Temer e sua equipe econômica decente e, ao menos, reverte a tendência e mantém a economia viva, respirando por aparelhos na UTI.
Prepara, assim, o terreno para que uma chapa PSDB/DEM, com o que parece ser o melhor dos tucanos, chegue ao poder em 2018, para dar continuidade às reformas estruturais e avançar ainda mais na mudança de rumo. Não é, repito, o ideal, e não pensem que virei tucano. É apenas uma análise realista, pragmática, de quem sabe que aventureiros de todos os lados podem seduzir pelas ilusões, mas apresentam efetivamente poucas chances de sucesso.
É muito cedo para dizer, e o futuro é sempre incerto. Muita água ainda vai rolar até 2018, e a concretização dessa alternativa vai depender da aprovação de algumas reformas importantes pelo governo atual, do qual o PSDB faz parte. Mas se o governo Temer conseguir levar adiante o teto dos gastos públicos, alguma reforma previdenciária e alguma mudança nas leis trabalhistas, então o caminho estará preparado para uma vitória de uma chapa PSDB/DEM em 2018, com o apoio do PMDB (sempre).
Pode não ser o cenário dos sonhos de um liberal, menos ainda de um conservador. Mas é um bom começo para as verdadeiras mudanças à frente. Seria, acima de tudo, um grande avanço em relação ao que tivemos na última década. Ou alguém está mesmo disposto a defender a tese de que Alckmin e ACM Neto são a mesma porcaria que Lula e Dilma, e que o PSDB e o DEM são exatamente iguais ao PT? Ou alguém está mesmo disposto a defender a tese de que a Rede de Marina é algo novo e desejável para a política nacional?
Rodrigo Constantino
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