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Por Erick Silva, publicado pelo Instituto Liberal

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No ano de 1969, o Carnaval Carioca escutou uma das mais sublimes obras audiovisuais da história da música popular brasileira. O GRES Império Serrano, popularmente conhecido como o “Reizinho de Madureira”, apresentou na Avenida Presidente Vargas o enredo “Heróis da Liberdade”, cujo samba, composto por Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira, tornou-se uma obra atemporal. Em plena época do Regime Militar, que iniciava a sua fase mais repressora com a implementação do Ato Institucional N° 5 (AI-5) um ano antes, o samba-enredo tornou-se um hino da liberdade civil, de pensamento, da liberdade de um povo.

Em 1969, a escola da Serrinha ousou ao bater de frente com o Regime Militar, de maneira sutil, mas eterna. A ditadura teve seu fim em 1985 e a Censura foi oficialmente extinta em 1988, com a promulgação da Nova Constituição. Com a restauração da democracia, era de se esperar que pudéssemos retornar ao livre debate de ideias, que os jornais trouxessem os dois lados da história ou pelo menos deixassem transparecer a sua inclinação político-ideológica, que as universidades tivessem debates de ideias dissonantes. Infelizmente, não foi assim que aconteceu.

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A esquerda, outrora perseguida no Regime Militar, acabou fazendo o papel de inquisidora. Desde o período da redemocratização, ela passou a pautar, quase que em uníssono, todo o debate político, cultural e econômico por quase 30 anos. Fechados em seu mundinho particular, não se importando com os reais anseios da população, eles ditaram o “debate” através de telenovelas, jornais, sindicatos, universidades, em movimentos coletivistas…

E como consequência, possuímos resultados desastrosos como a demonização do “neoliberalismo” e das privatizações, a aprovação do Estatuto do Desarmamento (mesmo que a maioria da população fosse contra), o patrulhamento ideológico cada vez maior em escolas e universidades, destruição da máquina pública, que proporcionou 14 milhões de desempregados, violência crescente, com 60 mil homicídios por ano… a lista é longa.

“Mas o que tem a ver a ‘Nova Direita’ com Império Serrano?”, podem perguntar os leitores que olharam o título do texto. Bem, o mote do enredo “Heróis da Liberdade” era falar de pessoas e movimentos que ousaram se opor ao sistema político da época. Desde a Inconfidência Mineira, passando pelo movimento de Independência do Brasil, até chegar ao movimento abolicionista, o enredo falava daqueles que, mesmo nas piores adversidades, continuaram a lutar por seus ideais. E, nos últimos cinco anos, a reação começou.

O ponto de virada para compreender a mudança que alterou completamente o debate político no Brasil foi a série de manifestações conhecidas como “Jornadas de Junho de 2013”, uma onda de protestos que parou o país e deixou assustada, ainda que por um breve período, a classe política brasileira. O que era para ser a consagração da “Nova Esquerda” no Brasil acabou por ressuscitar a direita. Foi lá que surgiram os primeiros gritos de “Fora PT” e o  sentimento de mudança, o fim do “mais do mesmo” que estagnou o Brasil.

Mas não foram apenas as “Jornadas de Junho” que fizeram surgir a Nova Direita. Foi o estopim, mas o ano de 2013 trouxe o surgimento, renascimento e/ou popularização de pessoas e organizações que moldaram o pensamento de milhares de pessoas.

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Foi em 2013 que o publicitário Alexandre Borges, na época diretor do Instituto Liberal, criou a sua página no Facebook, página essa que mostrou, pela primeira vez a muitas pessoas (incluindo o autor desse artigo) autores de cunho liberal e conservador, como Bastiat, Russell Kirk, Edmund Burke, Luiz Felipe Pondé, entre outros.

Falando no IL, foi justamente no ano de 2013 que o instituto, fundado por Donald Stewart Jr em 1983, iniciou a sua fase moderna na gestão Rodrigo Constantino, o que fez com que o Instituto Liberal alcançasse várias pessoas ao redor do país com artigos e cursos. A influência é tão grande que nomes que integraram ou apoiaram o Instituto, como Adolfo Sachsida, Ricardo Vélez-Rodrigues e Salim Mattar passaram a integrar o governo de Jair Bolsonaro.

E, no final de 2013, o filósofo Olavo de Carvalho lançou, pela Editora Record, o livro que influenciou, direta ou indiretamente, o movimento direitista no Brasil: O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, best-seller que transformou o filósofo da Virgínia no autor mais popular do país e abriu espaço para outros livros conservadores e liberais, que também se tornaram best-sellers, mesmo enfrentando o boicote da mídia tradicional, que praticamente os ignorou.

E, por fim, temos movimentos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, grupos que lideraram os protestos que depuseram a presidente Dilma Rousseff em 2016. Eles têm a sua importância por criarem um sentimento de união na direita, crucial para que conseguíssemos romper o ciclo vicioso que afundou o país. Também tivemos a atuação, no campo das ideias, do Instituto Mises Brasil (IMB) e do Students For Liberty Brasil (SFL), que ajudaram a propagar as ideias liberais-libertárias Brasil afora.

2018 marca o fim de um ciclo e o início de uma nova fase. O período de 2013-2018 foi marcado pelo ressurgimento das ideias liberais no ambiente cultural brasileiro. Os próximos anos serão marcados pela consolidação dessas ideias no imaginário brasileiro, pondo fim a uma hegemonia tóxica na sociedade brasileira. Afinal, como diz o clássico samba de 1969:

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“Já raiou a liberdade

A liberdade já raiou

Esta brisa que a juventude afaga

Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo

É a evolução em sua legítima razão”.

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Que, nos próximos anos, tenhamos mais conquistas por um Brasil mais livre. “Liberdade, ainda que tardia”.

*Sobre o autor: Erick Silva é graduando em Administração pela UFRRJ.