A mais cotada para assumir o poderoso cargo de Ben Bernanke, o comando do Banco Central americano (Federal Reserve), é Janet Yellen. Ela é conhecida por suas visões ainda mais benevolentes no trato com a inflação. No linguajar dos mercados financeiros, ela é bastante dovish, ou seja, costuma defender sempre mais estímulos monetários sem se importar tanto com o risco inflacionário.
Uma matéria do GLOBO traça um rápido perfil dela hoje, colocando-a como uma keynesiana que combate o “neoliberalismo”. O Fed, pelo visto, caminha a passos largos para sua transformação em um Banco Central nada ortodoxo, que mira no nível de emprego e ignora a inflação. No fundo, essa é uma falsa dicotomia.
Muito se fala sobre um necessário trade-off entre inflação e desemprego. Uma das curvas mais famosas em economia é a de Phillips, que trata justamente desta relação: menos desemprego, mais inflação. Alban Phillips realizou um estudo empírico em 1958, cujos resultados logo foram abraçados pelos neo-keynesianos, felizes em argumentar que o governo poderia então controlar o nível de emprego com suas políticas.
A princípio, Phillips tratava da relação entre aumento de salários e desemprego, mas as conclusões foram extrapoladas para a inflação e o desemprego. Esta mentalidade perdura até hoje, quando muitos economistas apresentam esta suposta dicotomia, exigindo uma escolha entre menos desemprego ou menos inflação. Mas será que tal relação é realmente válida?
Na década de 70, muitos países experimentaram uma estagflação, mistura de elevada inflação com elevado desemprego. Isso colocou a curva de Phillips em xeque. O nobel de Chicago, Milton Friedman, foi um dos que melhor explicou o fenômeno, lembrando que a inflação é basicamente um problema monetário, de excesso de circulação de moeda.
Ele chamou a curva Phillips de uma ilusão. A Escola Austríaca também demonstrou, com sólido embasamento, que o desemprego era fruto de restrições criadas pelo próprio governo, não permitindo o livre funcionamento do mercado de trabalho. Murray Rothbard chegou a afirmar que a relação proposta pela curva Phillips era inversa, na verdade. Mas os adeptos de Keynes não desistiriam facilmente.
E agora poderão assumir de vez o comando do Fed. Em minha visão, isso aproximaria os Estados Unidos cada vez mais dos países latino-americanos. Por aqui também há essa visão de que os Bancos Centrais devem estimular a economia de olho no emprego, e a inflação é sempre um tópico secundário. Creio que o resultado não seja tão instigante assim.
Pretendo voltar a esse tema com freqüência por aqui. Afinal, ele é da maior importância, e o poder de estrago que um Banco Central “frouxo” possui é ainda maior que o de canhões e mísseis. A destruição do poder de compra da moeda é algo temerário, como sabemos bem. Quando foi que economistas passaram a confundir a impressão de moeda com a verdadeira criação de riqueza?
Enfim, vivemos em uma época bastante complicada. Se Yellen assumir o Fed, isso será apenas mais um sinal dos tempos. E olha que a alternativa na corrida não é das mais animadoras, com Larry Summers como a outra grande opção. Salve-se quem puder!
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião