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O GLOBO publicou um artigo da senadora petista Gleisi Hoffmann hoje, em que ela afirma ser o governo Temer manipulado pelo “mercado” e que a prova disso é o fim da “modicidade tarifária” nos novos leilões que devem ser realizados pelo BNDES. Segue um trecho, volto depois:

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Mas como não podia deixar de ser, tudo neste governo tem as mãos do mercado. A nossa modelagem de concessões levava em conta a “modicidade tarifária”, pela qual ganhava as licitações quem apresentasse, por exemplo, as menores tarifas de pedágio nas rodovias. Foi uma maneira de garantir que os usuários, principalmente das regiões mais pobres, não fossem penalizados com tarifas fora de suas possibilidades.

Essa norma, porém, deixou de existir. Como informou a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, o novo modelo de concessões está baseado em “premissas realistas”. Ou seja, que se dane o quanto os brasileiros terão que desembolsar nos pedágios das rodovias concedidas. O que importará agora, pelo visto, é o valor da outorga que as empresas vencedoras pagarão ao governo.

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Essa “premissa realista” da presidente do BNDES torna-se ainda mais preocupante porque o novo governo resolveu incluir no programa de concessões uma área de grande demanda social, que é o saneamento básico. E eu me pergunto: se não tem modicidade tarifária, em que preço ficarão as tarifas de água e esgoto a serem cobradas da população, principalmente as que vivem em regiões mais pobres? De novo, o povo é que pagará a conta.

Meu Deus, somos mesmo todos idiotas?

Só lembrando antes de responder à pergunta final: modicidade tarifária é um eufemismo para populismo tarifário, que finge jogar o custo para os mais ricos, enquanto na prática ferra os mais pobres, com serviços piores e custos ainda maiores por meios indiretos. Funciona assim: o governo obriga tarifas “camaradas”, e depois o rombo vem e precisa ser financiado pelo trabalhador, além de desestruturar todo o setor de infraestrutura.

Cheguei a escrever alguns artigos sobre isso na época em que o PT abusava desse populismo, e como o tempo mostrou, eu estava certo e o PT errado. Em um deles, mostrei como o populismo tarifário custaria caro no setor elétrico. Em outro, foquei no setor de petróleo. Num terceiro artigo, destaquei a mesma lógica no caso dos ônibus, fator que levou aquela turma adestrada do Movimento Passe Livre às ruas em 2013.

Enfim, a tal “modicidade tarifária” nada mais é do que o velho populismo que o PT adora, e que trouxe 12 milhões de desempregados para nossa economia em frangalhos. Ao reduzir na marra certos preços, o governo demagogo prejudica os setores de infraestrutura e acaba criando uma fatura ainda maior para o povo depois, punindo os mais pobres de forma desproporcional.

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Nada mais justo e eficiente do que o consumidor pagar o valor real do serviço, para não ter uma conta bem maior e indireta depois, como aconteceu agora no Brasil do PT. Portanto, após essa breve explicação, posso responder de forma bem clara e objetiva a pergunta da senadora: não, não somos todos idiotas; apenas aqueles que ainda acreditam em vocês da esquerda populista.

Rodrigo Constantino