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Acabo de dar uma espetada em Arnaldo Jabor num texto sobre a visão “progressista” da nossa “direita” acerca dos Estados Unidos. De fato, basta ser antipetista no Brasil para ser visto como liberal ou conservador, o que é uma baboseira tremenda: basta pensar nos tucanos da social-democracia de centro-esquerda.

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Dito isso, é inegável a evolução de Jabor, do comunismo juvenil para essa social-democracia “progressista” que já até admite as vantagens do capitalismo, do mercado e do liberalismo. O “liberal” Jabor ainda é no sentido americano do termo: o homem é fã de carteirinha dos esquerdistas Obama e Hillary Clinton. Mas nem por isso vamos ignorar os avanços.

Em sua coluna de hoje, Jabor ataca uma vez mais o esquerdismo xiita, jurássico, ultrapassado do PT, para concluir que necessitamos de uma revolução bem diferente daquela sonhada por essa gente: de uma revolução liberal. Diz ele:

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Esse é nosso torto processo: com as ilusões perdidas, com a história em marcha a ré, estranhamente, andamos para a frente. O Brasil se descobre por subtração, não por soma. Chegaremos a uma vida social mais civilizada quando as ilusões chegarem ao ponto zero. Erramos muito, quando vivíamos cheios de fé e esperança — dois sentimentos paralisantes.

Nessa época, a Guerra Fria, Cuba, China, tudo dava a sensação de que a “revolução” estava próxima. “Revolução” era uma varinha de condão, uma mudança radical em tudo, desde nossos amores até a reorganização das relações de produção. Não fazíamos diferença entre desejo e possibilidade. “Revolução” era uma mão na roda para justificar a ignorância da esquerda burra. Não precisávamos estudar nada profundamente, pois éramos “a favor” do bem e da justiça — a “boa consciência”, último refúgio dos boçais.

[…]

Assistimos agora à luta entre um desejo de reformas econômicas essenciais e a resistência dos interesses políticos sórdidos.

Mas, no final das contas, mesmo com esse engarrafamento dos escândalos, já houve um avanço em nossa consciência crítica. Estamos bem menos “alienados”. E, por conta da complexidade de nossa economia e da política que a abertura permitiu, as conquistas da democracia não vão sumir. Estamos desiludidos, porém mais sábios.

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Ou seja, diante do tumor marxista vulgar entranhado na alma desses “revolucionários reacionários”, teremos de fazer uma cirurgia: o enxugamento do Estado que come a nação, inchado de privilégios e clientelismo. Ou seja, a única revolução importante hoje no Brasil seria uma revolução liberal.

De fato, a perda de certas ilusões é talvez um bom começo para a prudência na política. E prudência remete ao liberalismo clássico, com algum viés conservador, não aos utópicos revolucionários. É sinal de amadurecimento. E à medida que o sujeito entende isso, percebe os problemas reais do funcionamento prático do estado, mais perto ele está de uma receita efetivamente liberal.

Jabor, a julgar por sua visão sobre a política americana, não chegou lá ainda. É, no máximo, um “liberal” entre aspas, um “progressista” que aprendeu a respeitar certas coisas básicas da vida real, como o mercado e o político de carne e osso, sujeito às paixões humanas, ao contrário dos santos abnegados imaginados pelos utópicos.

Com um pouco mais de tempo – e novas desilusões, desta vez com a esquerda americana – quem sabe Jabor não chega ao liberalismo clássico mesmo, e passe a nutrir simpatia até mesmo pelos Republicanos que aprendeu a odiar em sua juventude? Afinal, se teve uma “revolução” que foi realmente liberal, foi a Americana. E não resta a menor dúvida de que os Republicanos conservadores estão bem mais perto dos ideias dos “founding fathers” do que os Democratas “liberais” que Jabor tanto gosta.

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Rodrigo Constantino