Após adotar, pela primeira vez, cotas étnico-raciais em seu vestibular, no ano passado, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), uma das maiores do Brasil, se vê diante da suspeita de que 140 estudantes teriam fraudado seu sistema de ações afirmativas, segundo reportagem do GLOBO desta segunda. A denúncia é da ONG Educafro, que criou uma ouvidoria para receber as suspeitas e encaminhá-las à universidade.
Segundo Frei David, diretor-presidente da ONG, as suspeitas de irregularidades no sistema de cotas raciais foram denunciadas por alunos da própria Unicamp e lideranças da Educafro após a universidade liberar uma lista com os nomes de quem se valeu das ações afirmativas.
O reitor afirma ainda que a criação de uma banca de identificação étnica para os próximos vestibulares será estudada internamente. Pelo menos 18 universidades federais já contam com bancas deste tipo. Frei David diz que as redes sociais são apenas um dos instrumentos para analisar as características físicas dos suspeitos, mas não devem ser o único. Ele defende as bancas para analisar se os candidatos de fato têm “traços negroides”.
E eis que, conforme alertado pelos liberais, o sistema de cotas raciais com base na autodeclaração levou à instalação de tribunais raciais pelo país. Era previsível, até inevitável. À medida que privilégios dependem da cor da pele, cada vez mais gente vai se dizer negra. Num país em que 40% da população se considera parda, mestiça, definir com precisão isso é impossível.
Cria-se, então, um tribunal de fenótipo, que terá uma espécie de matriz degradê para avaliar quem é preto o suficiente para merecer o privilégio. Hitler e todos os racistas que sonhavam em dividir o povo com base na raça estariam contentes. Martin Luther King, que queria um país julgando as pessoas pelo caráter, e não pela cor da pele, estaria triste.
Em tempo: para a esquerda, se um homem acha que é mulher, então ele é mulher. Mas eis que a raça, esse sim um conceito abstrato e construção social, não biológica, passa a gozar de status objetivo e binário: pretos e brancos, sem qualquer coisa no meio. A esquerda e suas contradições…
Rodrigo Constantino