Por Jefferson Viana, publicado pelo Instituto Liberal
Entre os dias 22 e 26 de junho, aconteceu na cidade de Maricá, região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, o “Festival da Utopia”, uma série de debates entre intelectuais e políticos de esquerda com a intenção de se falar sobre os caminhos que os fizeram chegar até o cenário atual e para a apresentação de novas estratégias para seus seguidores. Seria mais um evento levantando bandeiras socialistas, como já está bastante comum, principalmente nos últimos tempos em que seus membros se veem enfraquecidos no cenário pós-afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), porém o evento tem alguns detalhes que fazem com que muitos de nós fiquemos assustados e indignados.
Primeiramente, foi organizado pela Prefeitura de Maricá, comandada pelo presidente estadual do PT Washington Quaquá e teve como convidados figuras carimbadas da esquerda brasileira, como o ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o ex-presidente da OAB-RJ e suplente de deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), o presidente da CUT Vagner Freitas, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, o líder do MTST Guilherme Boulos, o coordenador do MST João Pedro Stédile, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), o escritor Fernando Morais, os cantores Tico Santa Cruz, Chico César e Beth Carvalho e a presidente afastada Dilma Rousseff. Além disso, contou também com alguns expoentes da esquerda mundial, como o jornalista anglo-paquistanês Tariq Ali, o ator norte-americano Danny Glover, a ativista ambiental indiana Vandana Shiva e a filha do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara, Aleida Guevara. Um festival desse porte, com viés político, feito com o dinheiro suado do pagador de impostos.
A prefeitura de Maricá resolveu realizar tal ato, que seria digno de ser realizado por algum DCE universitário tomado por militantes revolucionários. O poder público não pode financiar nenhuma ação político-partidária e deve se focar nas prioridades da população, como mostra o francês Frèdèric Bastiat, que afirmava em suas obras, como A Lei, que o político deve servir à população e não o inverso. Porém, depois do afastamento da presidente Dilma Rousseff por fraudes fiscais, a esquerda brasileira necessita se reorganizar, porque os membros do PT e de suas linhas auxiliares nunca se prepararam para deixar o poder, principalmente da maneira que foi feita, ou seja, por meio de um processo de impeachment imposto pela população.
Congressos desse tipo são ações que significam, para os defensores do ideário socialista, um “juntar os cacos” e um chamado para o recomeço. Para esses movimentos, realizações assim são a garantia da entrada de um “dinheirinho” no bolso, pois depois do afastamento de Dilma da presidência aconteceram cortes de benefícios dados para artistas e movimentos sociais que apoiavam o governo. Assim, muitas dessas pessoas buscam apadrinhamento em estados e cidades onde o PT ainda governa, são refúgios para garantir seu “ganha-pão” por meio da bajulação política.
Esse tipo de ação de ajudar os partidários não é nenhuma novidade. Já aconteceu na cidade de São Paulo, quando o ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o candidato ao governo do estado de São Paulo Alexandre Padilha (PT-SP) não conseguiram ter êxito no pleito eleitoral de 2014 e ganharam secretarias municipais na gestão do também petista Fernando Haddad.
O “Festival da Utopia” é uma ode ao atraso que marcou os últimos catorze anos de nosso país. Um evento político-partidário com a finalidade de servir de palanque político realizado com dinheiro público. Uma afronta dos defensores da antiga gestão petista, aqueles que ainda não aceitam o fato de que não são mais os donos do posto presidencial em nosso país. Felizmente, uma mera “pregação para convertidos”, porque os membros do PT e dos partidos que o cercam não têm mais a mesma aceitação popular de outros tempos.
O tempo atual pede visões de mundo menos utópicas e mais adequadas à realidade, algo bem distante da ideologia de esquerda e mais próxima dos preceitos liberais. Já se prejudicou demais o andamento político, econômico e moral de nosso país e o povo brasileiro, hoje, quer mudança no modo de gerir os recursos dos pagadores de impostos.