Por João Luiz Mauad, publicado no Instituto Liberal
“Quando uma ideologia fica bem velhinha, vem morar no Brasil.” Millor Fernandes
Na tarde deste domingo (25) – último dia do II Congresso do PSOL Carioca -, Marcelo Freixo foi aprovado como pré-candidato à Prefeitura do Rio, nas eleições municipais de 2016.
Em seu discurso de encerramento, depois de desancar os ogros neoliberais, agradecer aos movimentos sociais, amigos e amigas, companheiros e companheiras de luta, à militância e à confiança do partido, Freixo enalteceu a utopia e o enorme coração dos esquerdistas, contrapondo-se à maldade inerente aos corações de todos os direitistas: “Nós somos – ao contrário deles (nós) – movidos pelo amor. O amor é absolutamente revolucionário. Não há dinheiro que o compre. Enquanto eles ficam com a máquina, nós ficamos com as pessoas”, afirmou o deputado, para delírio da galera.
Normalmente, eu não me ocuparia desses seres jurássicos e em vias de extinção que, infelizmente, ainda abundam em Pindorama. Entretanto, conheço algumas pessoas boas e decentes que ainda se deixam engabelar por esse discurso patético, meloso e vazio, que dão ao senhor Freixo um enorme eleitorado na cidade do Rio de Janeiro, onde moro, tanto que, em 2014, foi o deputado estadual mais votado. Embora não seja o favorito para a prefeitura, suas chances de sucesso não são desprezíveis.
Freixo e o PSOL defendem o que existe de mais retrógrado em termos de ideologia, organização econômica e políticas públicas, que não por acaso jamais deram certo em parte alguma do planeta, mas que, infelizmente, ainda encontram adeptos e defensores mundo afora.
Marxistas honestos, quando confrontados os resultados práticos de algumas aventuras socialistas, como em Cuba, Coréia do Norte, União Soviética e China, entre outras, até admitem que essas experiências falharam. No entanto, segundo seu raciocínio tortuoso, o motivo do fracasso não está numa deficiência intrínseca do socialismo, mas na ausência de um modelo puro, jamais implantado em parte alguma. Não raro, esses idealistas empedernidos comparam uma versão teoricamente perfeita do socialismo com o capitalismo real, evidentemente imperfeito.
Ao contrário do que eles imaginam, contudo, se o socialismo nunca funcionou como desejado pelos seus arautos, não foi por algum defeito na sua implantação ou por má índole daqueles que o implantaram e dirigiram, mas simplesmente porque aquele modelo não é consistente com os princípios fundamentais da natureza humana.
O fracasso do socialismo real ao redor do mundo está relacionado a um defeito crítico e inerente ao próprio modelo: sua estrutura de incentivos não favorece a geração de riquezas, levando ao empobrecimento contínuo e inexorável das nações. Por isso, onde quer que já tenha sido testado, o socialismo, embora prometesse igualdade e prosperidade, entregou apenas miséria e tirania. A decantada igualdade de resultados – baseada na fórmula mágica “de cada um de acordo com a sua capacidade, para cada um conforme a sua necessidade” – foi alcançada apenas no sentido de que todo mundo se tornou igual na miséria.
Por outro lado, a estrutura de incentivos do capitalismo liberal favorece a geração de riquezas e a prosperidade. Mecanismos de preços livres e de ganhos e perdas, além de direitos de propriedade bem definidos, fornecem um sistema eficiente de incentivos que orientam e dirigem o comportamento dos agentes no sentido da multiplicação da riqueza.
Como nos lembra o economista Mark Perry, se a perfeição fosse uma opção disponível, a escolha de sistemas econômicos e políticos seria irrelevante. Em um mundo com seres perfeitos e abundância infinita, qualquer sistema – socialismo, capitalismo, fascismo, comunismo – funcionaria perfeitamente.
No entanto, nossas escolhas se dão em meio a um universo imperfeito, habitado por seres humanos imperfeitos e recursos limitados. Num mundo assim, dominado pela escassez, é essencial que exista uma estrutura clara de incentivos que promova a eficiência econômica, caso contrário o resultado será apenas miséria, que é a condição natural do ser humano, nunca é demais lembrar.
A única escolha possível, portanto, é entre o capitalismo imperfeito e o socialismo também imperfeito. Dadas essas duas alternativas mutuamente excludentes, a história da humanidade, principalmente durante o Século XX, favorece esmagadoramente o capitalismo, que, apesar das desigualdades que lhe são intrínsecas, já retirou bilhões de seres humanos da miséria. Insistir no socialismo, mesmo depois de todas as experiências históricas absolutamente degradantes que ele já proporcionou, é loucura. Afinal, como advertia Einstein: esperar resultados diferentes, a partir de experimentos iguais, é um sintoma típico de insanidade.
Pensem nisso, antes de cair na propaganda enganosa de Marcelo Freixo et caterva.
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