“Inesperada vitória do Brexit”. “Inesperada goleada do Trump nas primárias republicanas”. “Inesperado surgimento de Bernie Sanders”. “Inesperados ataques terroristas islâmicos no Ocidente”. “Inesperada derrota de Obama na lei de imigração”. “Inesperado prolongamento da recessão no Brasil”. Boa sorte para você que ainda tenta se informar com a velha imprensa. – Alexandre Borges
A vitória “inesperada” da saída do Reino Unido da União Europeia, em plebiscito popular, mostra como os representantes não representam mais os supostamente representados. O povo – aquela classe média trabalhadora, alguns até fumantes, e raios!, muitos ainda cristãos – não enxerga nos políticos do establishment uma representação legítima. Vem ocorrendo no mundo todo uma perda do elo entre eleitor e governante.
E isso vale para a mídia “mainstream” também. Cada vez mais “liberal”, no sentido “progressista” do termo, esses jornalistas se identificam com os governantes, não com o povo. E por isso ficam tão atordoados com os resultados das eleições. Não entendem como o povo pode preferir certas coisas, como não aderir ao globalismo centralizador, por exemplo, com uma união fiscal imposta de cima para baixo.
O mesmo ocorre no Brasil: nossa grande imprensa, de maneira geral, não fala a língua do povo. Prefere a linguagem do “GNT people”. Vive numa bolha, onde as causas mais importantes do planeta são a legalização das drogas e do aborto e o casamento gay. Esse afastamento entre políticos e jornalistas e a população em geral talvez seja a grande marca da era moderna, o que é paradoxal em tempos de democratização generalizada. Havia reis que representavam seu povo de forma muito mais fiel do que certos burocratas e governantes hoje.
E já que os ingleses deram um “não” a esse modelo, talvez fosse o caso de pegar carona e lutar pelo nosso Brexit, aproveitando até mesmo a expressão. Seria a saída do Brasil do Mercosul, uma camisa de força ideológica que tem servido apenas para beneficiar alguns “amigos do rei” à custa do restante da população.
Já cansei de escrever artigos mostrando como o Mercosul tem feito mal ao Brasil, ainda mais na era lulopetista, com a entrada ilegal da Venezuela no bloco. Não se trata de uma união de livre comércio, mas sim de um agrupamento bolivariano imposto de cima para baixo, que acaba fomentando o protecionismo comercial.
Nenhum liberal será contra mais liberdade de comércio, mais globalização. Mas não é disso que o Mercosul se trata, como também não era bem disso que a União Europeia se tratava. Com o agravante de que o Mercosul é muito pior em todos os sentidos. Foi com ele que o PT inovou na política externa e, em vez de ser rabo de baleia na crista da onda globalizante, ou cabeça de sardinha liderando um grupo menor, transformou o Brasil em “rabo de sardinha”, ou seja, no banana de um pequeno e insignificante grupelho.
Chega! O Brasil deveria sair do Mercosul e derrubar, ainda que unilateralmente, suas barreiras comerciais. Deveria negociar vários acordos bilaterais de livre comércio. Deveria facilitar a importação de bens e serviços. Deveria, enfim, mergulhar na verdadeira globalização, aquela liberal.
Permanecer nessa camisa de força bolivariana que é o Mercosul não serve para nada de bom. Brexit já! Mas claro que uma demanda popular dessas jamais seria endossada ou sequer compreendida pela grande imprensa. Um plebiscito que levantasse a questão daria, claro, um resultado “inesperado” a todos esses “especialistas” que aplaudem o Mercosul…
Rodrigo Constantino
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