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A reportagem de capa do caderno de Economia do GLOBO hoje diz que o governo pretende estender o financiamento da casa própria para as reformas no imóvel também. Vejam:

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Num esforço para reanimar a economia, que entrou em recessão técnica no primeiro semestre de 2014, o governo resolveu retomar sua agenda microeconômica. Sem espaço fiscal para novas desonerações, a ideia agora é tomar medidas para desburocratizar, reduzir custos e aumentar o acesso dos brasileiros ao crédito. Uma das propostas em discussão é passar a permitir que uma pequena parte do financiamento habitacional seja usada para a reforma do imóvel adquirido. A iniciativa, no entanto, ainda não tem prazo para ser adotada.

Nas regras atuais do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que utiliza recursos da caderneta de poupança e permite o uso do FGTS, uma pessoa pode financiar até 80% do valor do imóvel. Mas segundo os técnicos da equipe econômica, o que se estuda é permitir que 5% do valor financiado sejam destinados a obras como pintura, troca de encanamento ou revestimentos, o que hoje é proibido. Todo o valor do financiamento tem que ser depositado pelo banco na conta do vendedor.

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— Essa seria uma forma de ajudar o mutuário a embutir as despesas com reforma na conta do financiamento, que tem taxas mais baixas e prazos mais longos — disse ao GLOBO uma fonte do governo.

Segundo o técnico, o governo ainda quer avaliar com cuidado que impactos a medida teria na atividade econômica e suas dificuldades para ser implementada e, por isso, não há prazo para ser adotada. Nos cálculos da área econômica, essa medida poderia acelerar a demanda por materiais de construção e ajudar a aquecer a economia como um todo:

— É uma discussão, mas não significa que a medida vai ser adotada logo.

O governo parece ainda não ter compreendido que o problema de nossa economia não está na demanda, e sim na oferta. Como para quem tem apenas um martelo tudo se parece com prego, o governo só pensa em estimular mais ainda a demanda para “ativar” a economia, ignorando o elevado grau de endividamento das famílias.

Estaremos, com essa medida, dando mais um passo rumo à bolha de crédito que o PT vem fomentando há anos, especialmente no setor imobiliário. Nos Estados Unidos havia os tais “Ninja Loans”, que eram empréstimos para quem não tivesse nem renda (no income), nem emprego (no jobs) e nem ativos (no assets).

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O sujeito saía da financeira ou do banco com um empréstimo de 110% do valor de seu imóvel, os 10% extras servindo justamente para reformar a casa ou comprar utensílios. A atividade foi estimulada, não resta dúvida. Até o dia em que a farra irresponsável cessou e a festa acabou com muitas lágrimas.

Incapaz de criar um ambiente favorável aos investimentos para estimular o crescimento da oferta, ou de fazer reformas que aumentem a produtividade de nossa economia, o governo fica apenas incentivando mais crédito de forma insustentável. Ainda bem que Dilma sai do poder este ano, pois mais quatro anos disso seria o caos total…

Rodrigo Constantino