O “socialismo do século 21”, mantra do bolivarianismo admirado por muita gente do PT, não passa do velho populismo turbinado por petrodólares. O “sucesso” inicial de Hugo Chávez no combate à miséria tem tudo a ver com Fed e China, ainda que quase ninguém da esquerda saiba disso. Custo de capital barato no mundo e dólar fraco, com crescimento acelerado chinês, fizeram com que o preço do petróleo disparasse. A Venezuela ganhou na loteria.
O que permitiu o uso da PDVSA, estatal de petróleo venezuelana, pelo governo populista de Chávez, distribuindo benesses pra todo lado, comprando a aprovação dos mais pobres. A esquerda celebrou, inclusive no Brasil. Durante muito tempo Chávez foi visto como um legítimo defensor dos mais pobres, e vários socialistas brasileiros se encantaram com o bufão.
Mas o populismo cobra seu alto preço, e a festa não pode durar para sempre. A conta chegou, o país mergulhou em quadro hiperinflacionário, a violência saiu de controle, e a pobreza voltou a aumentar de forma bastante acentuada. Um texto publicado no Estadão mostra que quase 2 milhões de pessoas, ou 6% do total da população, entraram na pobreza apenas no ano passado!
A situação é ainda pior quando se trata da pobreza extrema, ou seja, o número de pessoas cuja renda não é suficiente nem mesmo para comprar uma cesta de alimentos. No ano passado o número de venezuelanos nesta situação aumentou em 730 mil, totalizando quase três milhões – aproximadamente 10% da população.
A revolução chavista de fato ajudou os pobres venezuelanos entre 2003 e 2007, mas desde aquele ano o número de pobres na verdade aumentou.
É possível bancar a farra por algum tempo, mas inexoravelmente o dinheiro acabará. O socialismo nunca foi capaz de criar riqueza. Os petrodólares jorravam, principalmente com a compra de petróleo pelos americanos (exploradores?), mas isso se reverteu apenas em corrupção e demagogia, em esmolas temporárias que se esgotaram com o tempo. Agora resta somente a miséria, a inflação e a violência:
No final, a vitória do chavismo contra a pobreza é apenas retórica. Os poucos ganhos foram devidos a um governo que converteu a alta do petróleo num crescimento do consumo passageiro. Essa fase terminou e a pobreza retorna para sua tendência de longo prazo. A hora da verdade aproxima-se rapidamente para o modelo chavista populista. A rapidez com que chegará vai depender do preço do petróleo. Mas se o preço do petróleo cair, a pobreza continuará aumentando e os novos pobres continuarão nas ruas.
Mas quem disse que as pessoas aprendem a lição? Aprendemos com a História que poucos aprendem com a História. Não fosse o caso, ninguém teria embarcado na canoa furada do “socialismo bolivariano”, apontado pelos liberais como engodo insustentável desde o começo.
As esquerdas radicais, porém, insistem nos mesmos equívocos do passado. E querem, pasmem!, o mesmo “experimento” para o Brasil, cujo governo petista segue em parte a receita populista inspirada no chavismo. Um espanto!
Rodrigo Constantino