Autor da gravação no Palácio do Jaburu do presidente Michel Temer usada na denúncia engavetada pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, o empresário Joesley Batista assistiu à sessão na companhia de executivos na sede do grupo J&F, em São Paulo. Projeções davam conta de que Temer obteria resultado favorável, ainda assim o empresário tratou o episódio como “trágico” para o país.
— O dia 2 de agosto ficará marcado como o dia da vergonha — disse Joesley a um interlocutor durante a tarde, quando o voto contra a continuidade das investigações já era maioria no placar da Câmara dos Deputados. Por meio de nota, o grupo J&F informou que não se manifestaria.
Então o GLOBO resolve dar espaço para que os leitores saibam o que Joesley Batista pensou da votação ontem? Por que não convidar logo o Alexandre Nardoni para comentar sobre educação infantil, ou o goleiro Bruno para falar de namoro? Por que não chamar José Dirceu para falar de corrupção? Ops! A Folha de SP fez exatamente isso…
É uma piada de mau gosto, um escárnio. Eis o que é uma vergonha nacional: Joesley Batista não ter passado um dia sequer na prisão! Joesley manter seus bilhões e poder ir para Nova York, inclusive levando seu iate novo. Joesley ter fechado um acordo de delação de pai pra filho (Janot sendo o pai), enquanto até agora não forneceu nada para efetivamente punir Lula, o maior bandido do país.
Vergonha é o viés do trabalho do próprio procurador-geral Rodrigo Janot, que despertou para o patriotismo somente após o impeachment de Dilma. Vergonha é a CVM não ter feito nada ainda após a escancarada operação criminosa no mercado de câmbio um dia antes de sair a delação de Joesley, que jogou o dólar nas alturas e rendeu milhões à JBS. Isso é uma vergonha!
No Brasil, dizem, o traficante cheira, a prostituta se apaixona, banqueiros são socialistas, cafetão tem ciúmes e os maiores corruptos recebem destaque na imprensa para condenar votação sobre corrupção. O Brasil não é um país sério…
Rodrigo Constantino