Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997, há exatos vinte anos. Guru para uma legião de “pedagogos”, “educadores” e, acima de tudo, doutrinadores disfarçados de professores, o ilustre comunista foi sem dúvida uma das figuras de maior influência no modelo de ensino brasileiro, chegando a ter alcance internacional. Mas, por trás daquela fala mansa e daquela verborragia aparentemente complexa, havia somente uma coisa de fato: a venda de uma ideologia. E a mais nefasta de todas, que é o comunismo.
Vou resgatar alguns textos sobre o mal que Freire causou em nosso país, como uma singela “homenagem” ao pedagogo comunista idolatrado por aqueles que continuam a destruir cérebros jovens até hoje. Segue o primeiro deles:
A “educação” como instrumento do estado. Ou: Mais Dom Lourenço, menos Paulo Freire!
Muitos insistem que a educação é a solução para quase tudo, mas pregam, no fundo, um modelo totalitário que nega a verdadeira educação. Basta ver alguns exemplos concretos presentes nas constituições de países socialistas. Na República Democrática Alemã (comunista adora usar o termo democracia para se referir aos seus regimes ditatoriais), temos:
Artigo 17 – O Sistema unificado (meu grifo) do ensino socialista… permite aos cidadãos participar da construção da sociedade socialista e prestar uma ativa contribuição para o progresso da democracia Socialista.
Artigo 25 – … o Sistema unificado do ensino socialista garante (ou seja, impõe) a cada cidadão uma formação, um aperfeiçoamento e uma qualificação socialista permanentes.
Na Constituição da União Soviética a mensagem era ainda mais clara:
Artigo 25 – Na URSS existe um sistema único de ensino que está a serviço da educação comunista…
Artigo 26 – De acordo com as necessidades da Sociedade, o Estado assegura o desenvolvimento planificado da ciência…
E por aí vai. Ou seja, os socialistas sempre transformaram a educação em algo bem diferente de sua função tradicional, usando-a para pura doutrinação ideológica. Claro que em países onde chegaram ao poder totalitário isso foi mais fácil: bastava impor oficialmente pelo estado. Nos demais países, a coisa precisou ser pelas beiradas, na linha de Gramsci. Ainda assim, o intuito era o mesmo: tornar as salas de aulas mecanismos de imposição de um “pensamento” único, da Verdade revelada pelo Santo Marx. No Brasil, seu principal defensor foi ninguém menos do que Paulo Freire, um comunista fanático, aquele que virou o “patrono” de nossa educação.
Ao comparamos esses modelos socialistas com o americano, por exemplo, a diferença salta aos olhos. Aqui nos Estados Unidos há um modelo altamente descentralizado, em que os distritos detêm o controle maior sobre as diretrizes do ensino público, e várias escolas particulares competem no mercado livre. Nem os Estados Unidos ficaram livres, porém, da infiltração marxista, e basta ler o livro The Professors, de David Horowitz, para verificar isso. O autor disseca o perfil de mais de cem professores, alguns bastante renomados, que claramente transformaram a sala de aula em palco para seus discursos de ódio ideológico contra sua própria nação ou Israel, em vez de ensinar algo de verdade. São militantes disfarçados de professores.
Quando se critica o ensino público brasileiro, portanto, não se está atacando a educação em geral, mas certo tipo de “educação”, que na verdade não guarda similaridade alguma com uma educação legítima. Liberais e conservadores dão muita importância à educação, e não poderia ser diferente. O homem só se torna homem pela educação. Sem educação, ele é um ser deficiente, intelectualmente mutilado. A visão romântica de Rousseau, do bom selvagem, a ideia idílica de um Tarzan que é mais puro por ter crescido longe da sociedade, são inteiramente irreais e falsas. Sem ser educado, civilizado, o homem mais parece uma besta selvagem, um ser embrutecido e animalizado.
Educar é crucial. Mas é preciso sempre questionar: qual educação? O homem nasce desprovido de dons e instrumentos de sobrevivência independente. É um dos seres mais frágeis no nascimento, o mais pobre dos animais. Mas carrega dentro de si um potencial incrível para se tornar o mais rico deles, o mais inteligente. Esse processo é obtido pela boa educação, por uma educação que transmita não apenas um vasto estoque de conhecimento objetivo acumulado pela sociedade, como a faculdade crítica e imaginativa que o faz pensar por conta própria, questionar, buscar as verdades de maneira independente. Usurpar esse direito do jovem é retirar-lhe a própria humanidade!
E é o que fazem os marxistas, os totalitários, os que querem enfiar na cabeça dos alunos apenas as “suas verdades”. Como disse John Kennedy, que não era nenhum reacionário, “a diferença entre o Estado democrático e o Estado socialista está em que, no primeiro, o Estado é servidor do homem e, no outro, o homem é servo do Estado”. Quem quer transformar o ensino público não em um instrumento de verdadeira libertação individual, mas num mecanismo de doutrinação que faz os alunos servos do Estado, está cometendo um grave crime.
Dom Lourenço continua: “Ao Estado compete abrir condições para que a família cumpra o seu dever de educar. Cabe-lhe dar a educação, mas não lhe cabe escolher o tipo ou o gênero de educação. Essa escolha é um direito da Família. Atribuir ao Estado o direito de escolher o tipo de educação é conferir-lhe uma tutela diretiva sobre as novas gerações e permitir-lhe a formação de um povo segundo o seu modelo”. Isso vai contra o que diz a Declaração Universal dos Direitos do Homem: “Os pais têm por prioridade o direito de escolher o gênero de educação a dar a seus filhos”.Se o Estado cuida da coisa pública e da garantia dos direitos naturais, então seu papel no que se refere à educação seria dar à família condições para colocar os filhos em boas escolas, privadas ou não. À família pertence o direito de escolha do perfil da escola, do tipo de ensino que seus filhos terão. A tentativa de concentrar no Estado o conteúdo unificado das escolas, para tornar mais fácil impor uma linha de “pensamento” único, é típica dos totalitários que rejeitam a verdadeira educação. Como diz Dom Lourenço de Almeida Prado, que foi reitor do prestigiado Colégio São Bento: “O Estado que pretende impor à família ou ao cidadão uma escola única, a chamada escola pública exclusivamente, torna-se um Estado exorbitante, que violenta direito básico da família”.
Nos regimes totalitários como o nazismo e o comunismo, o Estado não exerce apenas esse dever de proporcionar educação, mas usurpa da comunidade e da Família o direito de escolher a educação, impondo a sua com exclusividade. Se o marxismo é uma seita religiosa – e tudo indica que seja exatamente isso -, então seu ensino deveria ser facultativo, como ocorre com as religiões. Evitar a doutrinação ideológica deveria ser uma preocupação de todos aqueles que valorizam de verdade a boa educação. Como diz Dom Lourenço:
Evidentemente a democracia tem que ter a coragem de correr os riscos da liberdade e não poderá imitar as nações socialistas, onde o marxismo é inculcado opressivamente e sem alternativa em todas as escolas e a criança é obrigada a jurar pelo partido desde tenra idade. O Estado democrático que o fizesse já não seria mais um Estado democrático. A democracia, contudo, não precisa ser suicida: ela tem que defender a formação de uma mentalidade democrática em cem novas gerações. Se ela, ao assegurar o ensino religioso, garante que este se faça facultativamente, segundo a escolha prévia do educando ou de seus pais, por que há de permitir que o marxismo, que não é apenas uma posição política, mas, como dizia Berdiaeff, uma envolvente posição religiosa (religião atéia, nem por isso menos exclusivista e definidora de uma concepção de vida), seja ensinado e inculcado, sem o menor cuidado de defender o direito do aluno de não ser manipulado pelos mais velhos?
A questão é importante de desperta boas reflexões, especialmente quando vemos o estrago causado pela doutrinação marxista em nossas escolas e universidades. O marxismo, o socialismo, o comunismo e suas variações de tons nunca deram certo em canto algum do planeta. Ao contrário: onde foram implementados, parcial ou totalmente, o resultado sempre foi o mesmo: um rastro de sangue, escravidão e miséria. Que o marxismo e o socialismo tenham, então, destaque tão grande em nossas salas de aula é prova da falência desse modelo de ensino, transformado em máquina de produção de militância ideológica.
Quem diz defender mais educação e prega mais recursos públicos para esse modelo está profundamente equivocado. “A educação não é meio para reduzir o homem a servidor do Estado”, como diz Dom Lourenço. Quem deseja uma verdadeira educação para as crianças e os jovens poderia começar pela luta de retirar o fator ideológico da sala de aula, e também pela defesa dos vouchers, os vales-educação que transferem para as próprias famílias o direito de escolha do gênero de educação que pretendem oferecer aos próprios filhos. Quem lhes nega tal direito e demanda um modelo de “educação” centralizadora no Estado quer apenas impor uma mentalidade totalitária aos demais, ocultando isso atrás do manto nobre da preocupação com a educação.
Rodrigo Constantino
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