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Estão chamando o discurso de Bolsonaro na ONU de “agressivo”? Agressiva é a militância bolsonarista nas redes sociais. Com isso estou de pleno acordo. Já o discurso do presidente pode ter sido direto, enfático, até duro, mas não foi agressivo coisa alguma. Bolsonaro “tocou a real” sobre a agenda “progressista”, e bem na casa do “progressismo” global. E isso incomodou tanto, eis a verdade.

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O que tem de gente que estava doida para ver um presidente brasileiro na ONU pedindo desculpas aos líderes globais, ajoelhando-se perante os ambientalistas fanáticos, prometendo preservar os indiozinhos “puros” e protegidos da “nefasta” civilização, tudo isso do conforto capitalista…

Os mesmos que odiaram o discurso de Bolsonaro na ONU e sentiram “vergonha” de ser brasileiro ficaram encantados com os gritos histéricos da pirralha sueca de 16 anos que quer “salvar o planeta”. É a bolha “progressista”, o mundo da estética, da hipocrisia, da auto-imagem, onde a sensação de nobreza importa mais do que os atos ou fatos.

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Martim Vasques da Cunha analisou o discurso e a reação: “O discurso de Jair Bolsonaro na abertura da ONU foi uma ousada declaração contra o ‘mito do progresso’ que fundamenta todos os políticos ali presentes. Eles ficaram boquiabertos ao ouvirem algumas verdades que precisavam ser ditas”.

Para o escritor, é preciso separar o diagnóstico da doença da receita para cura-la: “O que a imprensa e a oposição contra Bolsonaro precisam entender é que ele está correto no seu diagnóstico, mas completamente errado no modo de corrigir os problemas. Enquanto não atinarem com isto, o bolsolavismo só tende a ganhar mais força e poder nas franjas da sociedade”.

Concordo totalmente. Os males que Bolsonaro apontou são reais. Os meios que ele prega para a “guerra cultural” é que podem e devem ser condenados, muitas vezes. O nacional-populismo com viés autoritário pregado por um Steve Bannon da vida, ou por Olavo de Carvalho, não é o caminho para resgatar a alta cultura ou a civilização ocidental. Mas isso não quer dizer que as metas estejam equivocadas, ou que os inimigos apontados sejam imaginários.

Guilherme Fiuza ironizou a reação da bolha “progressista” ao teor do discurso do presidente: “O discurso de Bolsonaro na ONU decepcionou a intelectualidade mundial. Não teve a genialidade da Dilma, a honestidade do Lula, o biquinho do Macron, os suspiros da Bachelet, não salvou as girafas da Amazônia, não demitiu Sergio Moro e ainda disse que a verdade liberta. Não dá”.

O que muitos jornalistas não entendem é que é perfeitamente possível rejeitar o bolsonarismo, sem jogar fora junto aquilo que ele condena. Os que amam a menina Greta, pois ela é tão “preocupada” com o mundo, e que odeiam Bolsonaro, porque ele é tão tosco, jamais entenderão o fenômeno do bolsonarismo, que ajudaram a criar em parte como uma reação legítima a essa visão estética e equivocada de mundo.

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Rodrigo Constantino