Foi a disputa mais cara numa corrida eleitoral americana para uma vaga no Congresso. Quase $25 milhões foram gastos pelo Partido Democrata, e pouco menos de $5 milhões pelo Partido Republicano. A mídia mainstream em peso adotou a narrativa que se tratava de um “referendo sobre o governo Trump”.
Se os democratas derrotassem os republicanos, isso seria sinal de que o presidente está sem apoio, e dificilmente passará suas reformas, além de indicar uma mudança para as eleições de 2018. Mas venceu a republicana.
Karen Handel derrotou o democrata Jon Ossoff na eleição especial do sexto distrito da Georgia por 52,5% a 47,5% dos votos. O distrito em questão costuma ser reduto republicano, e por isso os democratas apostaram pesado na vitória. Seria um sinal importante de que Trump anda desgastado, sem apoio, prejudicando seu próprio partido. Era uma forma de tentar demonstrar força para barrar as mudanças no Obamacare também.
Mas os democratas fracassaram. Ossoff bem que tentou transformar a disputa num referendo sobre Trump, fazendo alegações durante a campanha com mensagens diretas como “deixe Trump furioso” ou “mande uma mensagem que será ouvida por todo o país e planeta”.
O próprio presidente Trump embarcou no clima de referendo e resolveu participar diretamente da disputa, usando seu Twitter para afirmar que Ossoff desejava aumentar impostos para os níveis mais altos e que era fraco em segurança e combate ao crime.
A cobertura nacional da imprensa, portanto, foi impressionante para uma disputa local. A narrativa da mídia mainstream apostou pesado na corrida como demonstração de possível fraqueza de Trump, caso a candidata republicana fosse a perdedora. Não foi.
A derrota de Ossoff, de 30 anos de idade, no subúrbio de Atlanta foi um golpe esmagador para as esperanças dos democratas de recuperar a resistência a Trump e obter momentum contra seu governo. A cara de tristeza dos apresentadores da CNN diz tudo, creio:
Rodrigo Constantino
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