A extrema-esquerda, com a ajuda global, preparou a narrativa de que só havia uma coisa a ser feita nesta quarta para quem tem um pingo de ética: votar “sim” pela abertura da investigação da denúncia do Ministério Público de Rodrigo Janot contra o presidente Temer. O discurso foi tão envolvente que muitos ignoraram de onde ele saía: daqueles que nunca ligaram a mínima para a ética e defendem marginais condenados como heróis. Era o sinal para um pouco de pausa e reflexão.
Que a acusação tenha partido de uma conversa claramente armada pelo maior bandido do país (depois de Lula) que, graças a ela, ficou totalmente impune, curtindo seus bilhões em Nova York, não vinha ao caso. Que o processo de denúncia tenha se dado numa velocidade a jato, incomum, fora de qualquer padrão, tampouco foi abordado. O “Fora Temer” era o único grito de quem “não defende bandido algum”, e aí os moralistas, numa sinuca de bico, tiveram que dançar de acordo com a música tocada pelo PT e o PSOL.
Mas não era nada disso em jogo, e qualquer pessoa minimamente atenta sabia disso, não caiu no engodo dos socialistas, que teve o apoio da Rede Globo e de O Antagonista, sabe-se lá por qual motivo. Em jogo não estava ser contra ou a favor de um corrupto, mas sim não bancar o idiota útil dos golpistas radicais. A capa do Globo de hoje demonstra um viés absurdo, que ignora esse detalhe:
Temer não está livre da Justiça, como pensam muitos e como parte da imprensa desinforma. A Gazeta do Povo explica que judicialmente o caso não morreu: “E ele pode ser processado sem o foro privilegiado quando deixar de ser presidente. O caso seria apreciado com trâmite normal na Justiça comum a partir de 2019”.
A questão era a pressa toda, estranha, e a obsessão em derrubar Temer, abortando as reformas tímidas em curso, além de outras medidas, como a asfixia aos sindicatos e aos artistas engajados, além da mudança nos comandos das estatais. Vários na direita compreenderam isso, como Paulo Eduardo Martins:
Foi o caso de Luciano Ayan também, que condenou o voto dos Bolsonaros:
E até mesmo Olavo de Carvalho é de opinião contrária àquela dos moralistas jacobinos, que cederam à pressão da extrema-esquerda:
Ou seja, não foi por “amor” a Temer, e sim por ódio ao PT e por saber o que estava em jogo que tanta gente à direita, intransigente com a corrupção e sem qualquer tipo de lealdade ao governo Temer, pregou o voto pelo encerramento da investigação neste momento.
Por isso as pessoas não foram às ruas. Engana-se quem diz que isso é ter corrupto favorito. Não é! Apenas não dá para fazer o jogo dos golpistas da extrema-esquerda. Um mínimo de pragmatismo é sinal de maturidade e sabedoria, e Burke, o “pai do conservadorismo”, seria o primeiro a concordar:
“A raiva e o delírio destroem em uma hora mais coisas do que a prudência, o conselho, a previsão não poderiam construir em um século.”
[…]
Não ignoro nem os erros, nem os defeitos do governo que foi deposto na França e nem a minha natureza nem a política me levam a fazer um inventário daquilo que é um objeto natural e justo de censura. […] Será verdadeiro, entretanto, que o governo da França estava em uma situação que não era possível fazer-se nenhuma reforma, a tal ponto que se tornou necessário destruir imediatamente todo o edifício e fazer tábua rasa do passado, pondo no seu lugar uma construção teórica nunca antes experimentada?
[…]
Se chegam à conclusão de que os velhos governos estão falidos, usados e sem recursos e que não têm mais vigor para desempenhar seus desígnios, eles procuram aqueles que têm mais energia, e essa energia não virá de recursos novos, mas do desprezo pela justiça. As revoluções são favoráveis aos confiscos, e é impossível saber sob que nomes odiosos os próximos confiscos serão autorizados.
A alternativa a esta prudência é virar um jacobino revolucionário e moralista, que banca o “incorruptível” contra tudo e todos que estão aí, contra a “corrupção” em abstrato, e tacar fogo no país, entregá-lo de bandeja para os comunistas, em nome da pureza fatal.
Temer contou com uma arma poderosa: o medo real da volta do PT. E claro: há também a diversão legítima de imaginar o luto no Projaquistão, a decepção dos antagonistas janotistas (a mesma decepção de quando Trump ganhou), e a festinha micada de Caetano e sua turma, que nem a erva do capeta pode salvar.
Vivemos num novo país, em que a Globo não consegue mais derrubar presidente, mesmo quando suspende o Jornal Nacional e até o futebol. Não é porque voltamos a ficar lenientes com a corrupção, e sim porque percebemos que havia algo mais por trás desse falso moralismo repentino, e que não era inteligente cair nessa armadilha janotista.
Sergio Moro continua sendo um herói do povo brasileiro. A Lava Jato já estava dividida em duas partes. Não há motivo para desespero, tampouco para conclusões precipitadas de que o combate a corrupção acabou. Acabou nada, égua! Ele continua. Como é preciso continuar isso que está aí, viu, as reformas e a asfixia gradual das fontes de financiamento da extrema-esquerda. Não vão levar no grito…
PS: Não teve Jornal Nacional, mas isso não quer dizer que o PSOL não teve sua oportunidade de impor sua narrativa na “mídia golpista”. No Jornal da Globo, Alessandro Molon e Chico Alencar receberam o destaque esperado. Parecia até que eram de partidos grandes, representantes de parcela expressiva da população, e não radicais comunistas com poucos votos. Foi só um breve resumo da cobertura de um dia todo. Os comunistas queridinhos do Projaquistāo nāo poderiam ficar de fora, nāo é mesmo?
Rodrigo Constantino
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS