Após a primeira entrevista da série com presidenciáveis no Jornal Nacional, começando com o tucano Aécio Neves, o apresentador William Bonner recebeu uma enxurrada de críticas e ataques nas redes sociais, pois teria sido extremamente truculento e mesmo agressivo com o convidado. O apresentador reagiu, publicando um em seu perfil particular um desabafo. Eis um trecho:
“Enquanto aguardamos que o tempo nos permita decolar, vejo com espanto como as paixões eleitorais momentâneas podem alimentar a intolerância de um tipo de eleitor que se considera suficientemente informado sobre os candidatos – e que nega às outras pessoas o direito de se informar. É aquele que não quer saber mais nada. Não quer ouvir explicação sobre nenhuma questão polêmica. E é um direito dele. O problema é quando não quer que ninguém mais tome conhecimento daquelas questões. E, por isso, insulta quem pensa de forma diferente, insulta quem cobra aquelas explicações de candidatos a cargos públicos. Isso se chama obscurantismo. Tenho 30 anos de profissão e me orgulho de ter entrevistado candidatos à presidência do Brasil em 2002, em 2006, em 2010 e neste ano. Em todas as entrevistas, fiz e farei as perguntas que os candidatos prefeririam não ter que ouvir. Assuntos que lhes são desconfortáveis, incômodos.”
O que acho disso? Talvez minha opinião incomode um pouco meus leitores. Acho, sim, que os ataques tanto a Bonner como a Patrícia Poeta foram precipitados. Em qualquer país sério, o jornalista deve confrontar o candidato com firmeza, cobrando explicações sobre os temas mais delicados e polêmicos, expondo contradições se existentes.
O que pode – e deve – ser absolutamente condenada é uma postura diferenciada, que trata um com dureza e outro com suavidade, que bate firme em um e levanta bolas para o outro. Mas calma! A presidente Dilma ainda não foi entrevistada. Logo, a crítica é apressada. Os críticos deveriam ter aguardado a última entrevista para verificar se houve preferência, se os entrevistadores apelaram para o velho “um peso, duas medidas”.
Particularmente, acho que não vão aliviar muito para o lado de Dilma. O Brasil todo estará de olho. Sabemos como muitos amam odiar a TV Globo, mas eu teria mais cautela no ataque. É verdade que já fizeram uma concessão indevida, ao marcar a entrevista em Brasília, com a “montanha” indo a Maomé, e não o contrário. Sabemos que o candidato fica mais à vontade em “casa”, e julgo isso um privilégio equivocado. Mas vamos esperar…
E, para ajudar, seguem algumas sugestões de perguntas que poderiam ser feitas por Bonner e Poeta a Dilma:
1. A senhora quebrou uma loja de bugigangas, e agora é a economia brasileira toda que começa a ratear. O que lhe deu na cabeça para achar que era uma boa gestora?
2. A fama de “faxineira ética” não é completamente absurda, uma vez que vários autores de “malfeitos”, eufemismo que a senhora usa para corrupção, permanecem em seu governo?
3. Quem a senhora pretendia engambelar com os tais “malabarismos contábeis”, truques rudimentares para ocultar a enorme deterioração das contas públicas, mas que não enganam ninguém?
4. A senhora não acha que foi uma sacanagem com todos os brasileiros, em especial os mais pobres, despertar o dragão da inflação novamente, que já vinha sendo domado desde o Plano Real feito pelos tucanos e rejeitado pelo PT?
5. Por que o PT “acusa” tanto os tucanos de “privatistas”, como se privatizar fosse coisa do Capeta, se a senhora mesma realizou privatizações também?
6. Em pleno século 21, “presidenta”, a senhora não considera nefasto importar escravos cubanos para atuarem como enfermeiros e financiar, com isso, a ditadura mais cruel do continente?
7. Por que tanta dificuldade em finalizar um raciocínio que tenha sentido e lógica? Há algum problema cognitivo do qual os eleitores precisem saber?
8. Recentemente, seu governo soltou nota condenando Israel e deixando de mencionar o Hamas. A Autoridade Palestina chegou a receber verbas de seu governo no passado, que podem até ter sido usadas para construir os milionários túneis dos terroristas para atacar inocentes judeus. Por que sempre se aliar ao que há de pior no mundo?
9. A Petrobras, maior empresa do país e outrora motivo de “orgulho nacional”, é hoje uma das mais endividadas do mundo e já perdeu metade de seu valor durante sua gestão, além de virar palco de infindáveis escândalos. Quando a senhora cai nas pesquisas, as ações da estatal disparam. Podemos esperar um pedido de falência caso a senhora seja reeleita?
10. Seu governo é o responsável por uma das piores taxas de crescimento da história de nossa República, e não adianta culpar os astros ou alguma crise internacional, pois quase todos os países emergentes crescem bem mais, e com bem menos inflação. Por que pedir mais quatro anos aos eleitores? Para transformar nosso país em uma Argentina ou Venezuela de vez?
Espero ter ajudado, Bonner!
Rodrigo Constantino
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