O ditador Robert Mugabe estaria como refém das forças militares em sua própria casa, por conta de disputas para ver quem vai herdar seu “trono” após quatro décadas de tirania comunista. O editorial do GLOBO de hoje falou do assunto, curiosamente sem mencionar uma só vez a palavra comunista, e concluiu:
Quanto mais rapidamente os militares voltarem para os quartéis, restaurando a normalidade institucional, melhor será. Mais do que isso, o próximo governo deve se comprometer em estancar a corrupção generalizada e realizar reformas para modernizar a economia.
Não só o editorial não menciona a palavra “comunista” para definir o ditador Mugabe, há 40 anos no poder, como conclui recomendando que o melhor seria os militares recuarem logo e simplesmente deixarem o clã de Mugabe no poder. Próximo governo? Apontado pelo próprio ditador? O povo deve simplesmente aceitar que a esposa herde o “cargo” como numa dinastia, como se a família Mugabe fosse dona do país? Se ela fizer umas reformas econômicas, então tudo bem?
As pessoas podem ter memória curta, e hoje é fácil bater em Mugabe (apesar de vermos que muitos ainda preferem bater nos militares e preservar o ditador). Mas nem sempre foi assim. Mugabe era idolatrado pela esquerda caviar! Era o “libertador” do povo, como Fidel Castro em Cuba. Era o líder que faria a “justiça social”, distribuindo as terras dos brancos opressores. Era, enfim, mais um comunista, e o resultado não poderia ter sido diferente.
Resgato um texto meu bem antigo, em que aponto para a verdadeira causa de mais essa história trágica no mundo:
Zimbábue: mais uma desgraça comunista
“O presidente do Zimbábue é tratado como bandido porque ele tira terra dos que não precisam dela para dar aos que precisam dela para viver.” (Hugo Chávez, no sexagésimo aniversário da Food and Agriculture Organization da ONU, em 2005)
O reino de terror do ditador Robert Mugabe devastou totalmente o Zimbábue, que já foi um dos países mais avançados da África e hoje vive o completo caos econômico e social. Os números são chocantes, e o país foi completamente destruído, com hiperinflação que ultrapassa os seis dígitos, desemprego quase total, violência crescente e fome se espalhando rapidamente.
O caso do desastre anunciado no Zimbábue é apenas mais um exemplo do que o comunismo causa de estrago por onde passa. Agora, com a catástrofe visível demais, alguns comunistas e demais esquerdistas não querem assumir o filho, negando que o regime de Mugabe seja de fato comunista. É sempre assim: eles defendem os meios pregados pelos comunistas, e quando os resultados inevitáveis desses meios aparecem, eles negam que a realidade seja realmente o comunismo. Assim é fácil, já que os fins comunistas jamais irão existir, pois impossíveis. O que importa mesmo é debater os meios, e o desastre do Zimbábue é mais um exemplo do que acontece quando os meios comunistas são seguidos.
Um pouco de história pode refrescar a memória daqueles que negam o filhote comunista. Mugabe virou um líder importante desde a década de 1960, quando assumiu como Secretário Geral a União Nacional Africana do Zimbábue (ZANU), com uma retórica marxista-leninista. Ele fugiu do país, então Rodésia, em 1976, para lutar em Moçambique, e retornou como um herói, sendo eleito em 1980. Desde então está no poder, adotando medidas claramente autoritárias, controlando a mídia, intimidando a oposição e concentrando poder.
Já em 1982, usando milícias treinadas na comunista Coreia do Norte, ele trucidou o braço militar da ZAPU (União do Povo Africano do Zimbábue), que fazia oposição ao seu governo. Em 1987 o cargo de Primeiro Ministro foi abolido, e Mugabe assumiu como presidente, ganhando poder adicional. Foi reeleito em 1990 e 1996, assim como em 2002, através de uma fraude escancarada. Sua política tem sido totalmente tribal, com um discurso racista contra a minoria branca, assim como uma constante retórica anti-imperialista e anti-ocidental.
Mugabe bateu de frente com a Igreja Católica também, e perseguiu duramente os homossexuais. Com esses abusos crescentes e atrocidades frequentes, o ditador foi perdendo apoio de parte da esquerda. Mas é inegável que recebeu amplo suporte no começo, com seu discurso comunista, assim como ainda é aplaudido pelos esquerdistas mais radicais, como fica claro na frase da epígrafe. A dinastia dos irmãos Castro, em Cuba, também apoia o ditador.
Em 2005, no encontro da FAO (Food and Agriculture Organization) em Roma, Mugabe roubou a cena, junto com Chávez, fazendo discursos antiamericanos e recebendo fortes aplausos. Ele comparou Bush e Blair a Hitler e Mussolini, ignorando que justamente a sua própria figura lembra tanto os dois ditadores. Vários presidentes ocidentais foram contra a presença de Mugabe no evento da ONU, que tinha como meta debater soluções para a fome no mundo. Afinal, a ditadura de Mugabe é responsável justamente por uma crescente fome no próprio Zimbábue, que já foi exportador de alimentos antes de sua ditadura.
Mas isso não o impediu de fazer um discurso repleto de chavões comunistas, recebendo o apoio do colega Chávez e os aplausos de muitos líderes presentes. Grande parte da mídia ocidental ainda evita chamar de racismo as medidas de Mugabe, que expulsaram os poucos brancos do país, tomando suas propriedades na marra. Até mesmo os grupos de Direitos Humanos evitam o uso da palavra “racismo” quando comentam as atrocidades de Mugabe, como se o ódio contra os brancos “burgueses” não fosse racismo.
Em 1991, o coronel Mengistu fugiu da Etiópia, onde deixou um rastro de sangue, e conseguiu asilo político do seu amigo Mugabe. Em 1994, foi convocado a comparecer, como principal responsável pela tragédia etíope, diante de um tribunal, mas Mugabe recusou a extradição do líder comunista. A rede de cumplicidade entre os diferentes líderes comunistas sempre foi enorme, e todos os membros contribuíram para o avanço internacional desse regime assassino.
Mugabe é apenas mais um nome, que merece destaque porque ainda está no poder, causando enorme sofrimento aos inocentes. Suas medidas socializantes lançaram o povo do Zimbábue na completa miséria. A receita foi a mesma de toda nação comunista: ele nacionalizou várias indústrias ao mesmo tempo em que expropriava várias terras dos seus proprietários originais, aumentou os impostos, determinou controle de preços, enfim, foi alastrando o controle estatal sobre os diversos setores da economia, além de limitar drasticamente os demais direitos civis. Em resumo, Mugabe é uma espécie de Fidel Castro africano.
Alguns anos atrás, eu escrevi um artigo chamado “A Rota do Zimbábue”, onde criticava as novas medidas da reforma agrária de Mugabe, bem nos moldes pregados pelo MST no Brasil. Eu escrevi então: “A reforma agrária de Mugabe representou um total abuso dos direitos individuais, inclusive com o uso de bastante violência, em boa parte perpetrada pela milícia de esquerda, nos moldes do nosso criminoso MST. A expropriação de terras, sob a desculpa da ‘justiça social’, foi enorme, lançando o país na miséria total. A produção despencou, os investimentos sumiram e o caos foi total. Os produtores brasileiros de fumo agradecem, já que o Zimbábue era importante vendedor mundial, e depois da reforma cedeu vasto espaço para a concorrência. Tudo pela ‘igualdade’. Vão culpar depois, pelo mega fracasso, a globalização, é claro, assim como o ‘império’ americano explorador”. Não é preciso ser profeta para prever certas coisas.
A história pode não se repetir, mas com certeza rima. A desgraça do Zimbábue é a desgraça do comunismo, da supressão da propriedade privada e da busca pelo lucro, da concentração de poder no governo. O caso do Zimbábue é apenas mais uma prova de que riqueza não cai do céu nem brota automaticamente do solo. O país é rico em recursos naturais, mas isso não garante riqueza. Sem o modelo adequado de liberdade econômica, a miséria é inevitável, uma simples questão de tempo.
Foi assim na União Soviética, China, Camboja, Cuba, Coreia do Norte e todos os demais países que mergulharam nos caminhos marxistas e socialistas. Hoje, esses poucos países ainda sob o regime comunista representam a escória da humanidade, o “eixo do mal” contra a liberdade. Os safados regozijam-se entre si, e por isso o circense Chávez presta homenagens públicas ao ditador Mugabe, que recebe apoio também dos ditadores iraniano, cubano e norte-coreano.
Infelizmente, ainda existem muitos brasileiros que insistem em idolatrar o fracasso, em admirar o que há de mais nefasto no mundo: o comunismo e seus representantes. Receio que nem mesmo o recente caso de total desgraça do Zimbábue irá sepultar de vez essa utopia assassina. Afinal, já foram tantos outros casos provando o resultado inexorável desse sistema, com mais de cem milhões de cadáveres sacrificados no altar dessa ideologia podre, que só nos resta concluir uma coisa: aquilo que se aprende com a história é que muitos não aprendem com a história.
Rodrigo Constantino
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