Como diria Tino a Galvão: sentiu! O bolsolavismo acusou o golpe e está na defensiva, acuado. Mas adota a tática de que o ataque é a melhor defesa.
Após evidentes contradições, após filhos do presidente lutando contra CPIs importantes como a da Lava Toga (enquanto se desesperam com a das Fake News), após Augusto Aras na PGR, mais de um milhão de reais de recurso público (fundo partidário) para convescote do Eduardo Bolsonaro, e após a devastadora reportagem de Felipe Moura Brasil na revista Crusoé mostrando a ligação de gente do governo com a milícia virtual bolsonarista, a turma parece ter perdido as estribeiras.
O assessor especial da Presidência, Filipe G. Martins, uma espécie de preposto de Olavo de Carvalho no governo, partiu para seu grito de guerra, em vez de demonstrar onde há erro factual na reportagem de Moura Brasil. Age, assim, da mesma forma que os petistas. Eis sua mensagem:
Puro mimimi, claro. Uma narrativa invertida, cafajeste, que simula defesa da liberdade de expressão enquanto prega justamente o contrário: a demonização de toda a imprensa e a tentativa de intimidar críticos independentes.
A outra estratégia canalha é misturar todo aquele que apoia de alguma forma o governo e essa militância aguerrida, fanática, que segue cegamente o líder. Vejo vários elogiarem muitas coisas do governo, mas nem por isso passam pano em tudo. No fundo é isso que está em jogo: esse pessoal não aceita qualquer crítica.
Olavo de Carvalho, num gesto extremamente vil, partiu para o ataque direto a Felipe Moura Brasil, autor da reportagem que expôs o elo entre governo e militantes: "Felipe Moura Brasil virou menino de recados do Rui Falcão". Uma alusão ao fato de que o petista resolveu convocar Filipe Martins para a CPI das Fake News.
Mais do que ingrato, Olavo demonstra ser um canalha mesmo. Não fosse o livro organizado por Felipe e editado por Carlos Andreazza, o guru de Virgínia continuaria no ostracismo. Mas ele exige fidelidade absoluta a ele, como líder de seita que é, e não admite independência de pensamento.
Tanto é que todos os seus alunos com um pingo de honestidade e independência se afastaram da seita e, hoje, são críticos do guru. Só restou bajulador medíocre e puxa-saco, e gente oportunista como o próprio Filipe Martins, também conhecido como Robespirralho, de olho em carguinho no governo. Ninguém pode ter luz própria ali.
Digo mais: sei de gente séria que ainda é associada de alguma forma ao Olavo só porque não rompeu com ele em público, de forma aberta, mas que nos bastidores confessa que o considera alguém péssimo para o conservadorismo. Eles têm seus motivos para o silêncio.
Mas um dia saem da toca, até porque, pela postura do próprio bolsolavismo, esse dia parece cada vez mais inevitável e próximo. Olavo e sua trupe tratam qualquer um com independência como um "traidor", o que gera uma situação insustentável à medida que é preciso defender mais e mais "deslizes" para se provar "fiel". Flavio Quintela fez uma analogia com o caso cubano:
Esse é um bom ponto: a tática de acusar de "traidor" todo aquele que se afasta, torna-se crítico ou mesmo abandona o barco é típica dos comunistas. Bolsolavistas vão atualizando a lista de "traidores" diariamente. Talvez fosse o caso de um mea culpa, de uma saudável reflexão para ver onde foi que eles erraram, para produzir tanta intriga e desafeto assim.
Mas claro que é ingenuidade esperar uma atitude grandiosa dessas de gente tão pequena. Já ficou evidente qual é o jogo ali: intensificar cada vez mais o combate, acusar tudo e todos de traidores, vendidos ou comunistas, demonizar a imprensa livre, tudo para evitar qualquer ponderação sincera sobre as críticas feitas. É um projeto de poder, nada mais. E muito parecido com a postura petista que tanto condenaram...