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Após 57 dias a Petrobras fará ajustes nos preços de gasolina e diesel nas refinarias, ou seja, para as distribuidoras a partir de amanhã. No caso da gasolina, a alta será de 18,77%, fazendo o preço mais que dobrar em pouco mais de uma ano. O GLP também vai subir, após 152 dias. Depois do anúncio, as ações da Petrobras sobem quase 4%, na contramão da Bolsa.

Os caminhoneiros ameaçam paralisar o país. Compreende-se a revolta, claro, mas o governo Bolsonaro acertou ao não se meter na política de preços da estatal. Politicamente pode ser uma medida dolorosa, mas do ponto de vista econômico é totalmente acertada. E por vários motivos!

Em primeiro lugar, porque a Petrobras é uma empresa de capital misto, com milhares de acionistas minoritários. Seria uma sinalização péssima ao mercado uma marretada artificial no preço, uma vez que se trata de uma commodity internacional que disparou por conta da guerra da Rússia e da política energética do governo Biden (basta ver que a alta já acontecia antes da invasão na Ucrânia, e agora Biden se livra da responsabilidade culpando apenas Putin).

A segunda razão é que uma intervenção dessas seria populista e ineficaz, como os anos de "gestão" petista com Dilma mostraram. O preço existe para levar informações importantes aos agentes tomadores de decisão. Se o petróleo subiu, é porque há um problema de oferta, causado pela guerra, enquanto a demanda segue em alta, alimentada pelos estímulos estatais. Impedir a alta nos preços iria distorcer a informação.

Hayek, o economista austríaco prêmio Nobel, escreveu um paper em 1945 sobre o conhecimento na sociedade, explicando exatamente a função do preço nos mercados. Cada agente detém uma pequena parcela de conhecimento, e o preço livre é o mecanismo que melhor transmite a síntese desse conhecimento a todos. Subsídios ou controle de preços fazem com que a informação chegue errada, levando a decisões equivocadas.

Esse é o momento de racionar consumo supérfluo, por exemplo, cortar o que não for essencial, justamente porque há uma crise de oferta e ninguém sabe quanto vai durar. Se o governo segura artificialmente o preço, os consumidores tendem a ignorar essa realidade, e com o tempo isso será muito pior, levando à escassez generalizada. A alta do petróleo está gritando a todos: segurem o consumo desnecessário! Se o governo intervém, ele abafa o grito do mercado, e na frente todos saem perdendo com a falta do produto.

Economistas sérios entendem esse mecanismo. Políticos demagogos tiram proveito da situação, colocando-se como protetores dos pobres. Ciro Gomes e Lula já deixaram claro que assumiriam o controle da política de preços da Petrobras, para impedir o aumento. O resultado seria muito pior. Mas a ignorância alheia faz com que esses populistas consigam posar de benfeitores por um tempo.

Bolsonaro, ao resistir à tentação populista, demonstra real confiança no mercado e em seu ministro liberal da Economia. Vai ser atacado pelos oportunistas, mas fez a coisa certa. Merece o reconhecimento daqueles que entendem melhor do assunto e miram no longo prazo.

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