Bolsonaro fez sua tradicional "live" nesta quinta aconselhando seus seguidores a não irem às ruas na manifestação marcada para este domingo, o que deveria ser louvado como bom senso, prudência.
Talvez louvado seja um termo forte demais. Afinal, Bolsonaro tinha atiçado as massas, e depois tirou o corpo fora, como se não tivesse nada com o assunto. E insistiu na alfinetada aos parlamentares, o que é direito seu, ainda que jogo político arriscado.
Mas meu ponto é que precisamos elogiar esses acertos, esse lado mais "estadista" do homem, porque só bater também, como muitos têm feito, não ajuda em nada, só gera mais reação do lado populista. E o que tem de jornalista incapaz de tecer um só elogio ao presidente não está no gibi!
Bolsonaro deixou claro, ainda, que a crítica deve ser a indivíduos específicos, não às instituições em si. Reconheçamos que foi a postura correta. O discurso antiestablishment ecoa porque o povo está cansado do centrão fisiológico mesmo, e com razão.
Vide a derrubada do veto no caso do BPC, que custará R$ 20 bilhões por ano aos cofres públicos. Chantagistas demagogos usam o povo como instrumento para "retaliar" o governo federal, o que deveria ser o foco dos ataques da mídia, não a falta de "articulação" do Executivo.
Sobre as manifestações, o cálculo hipotético ajuda a ilustrar onde mora o perigo. Se 1% da população brasileira contrair o coronavírus (talvez estimativa exagerada), isso pode significar algo como 200 mil pessoas hospitalizadas (10% do total de doentes). O país tem cerca de 40 mil leitos, e estão cheios. O risco de aglomeração não é o jovem manifestante morrer, portanto, e sim o sistema de saúde implodir.
E se isso acontecer, sabe quem vão culpar? Isso mesmo: o presidente! Pois sempre culpam o governo federal por tudo. Portanto, ajudar a disseminar o vírus nesse momento significa jogar contra Bolsonaro, contra a agenda de reformas, contra o Brasil. Sem falar do risco de vida dos idosos! Não é uma conspiração globalista; é bom senso e prudência, coisas que a ala radical bolsonarista despreza como "frescura".
Dito isso, a turma que ainda insiste na necessidade de ir às ruas no dia 15 tem um ponto: se há motivo para medidas preventivas tão drásticas, então deve haver coerência. Não faz sentido vetar uma manifestação, mas manter metrô aberto, estádios de futebol funcionando etc. Mas o fato é que caminhamos para um "shutdown" quase geral mesmo. Se até a Disney vai fechar os portões este domingo, então o mundo parou!
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