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Costumo dizer que governos nacional-populistas, como os de Trump e Bolsonaro, devem ser julgados mais pelo que fazem do que pelo que seus chefes dizem. O motivo é simples: ambos são um tanto fanfarrões, abusam da retórica inflamada, mas enquanto isso seus governos seguem tomando medidas razoáveis, mais acertadas do que equivocadas.

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Usei como exemplo para ilustrar isso o próprio caso do coronavírus. Trump e Bolsonaro reduziram os riscos inicialmente, chamaram de "histeria" ou "fantasia", mas seus governos agiam para conter a disseminação, com medidas drásticas até, como o banimento de viagens.

Neste fim de semana, porém, a coisa se inverteu: elogiei Bolsonaro pelo que ele disse na "live" de quinta, aconselhando seus seguidores a não sair às ruas na manifestação de domingo. Mas quando ficou claro que ele não controlava o movimento, o presidente achou adequado postar imagens das manifestações, e ir cumprimentar alguns dos apoiadores pessoalmente.

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Esperava-se mais da liderança maior da política nacional num momento em que seu próprio ministro recomenda evitar aglomerações e contatos. Bolsonaro não deu o bom exemplo, ignorou o que ele mesmo tinha sugerido, e acabou endossando a manifestação que havia pedido para ser adiada.

Dito isso, não pode passar despercebida a enorme hipocrisia histérica de muitos de seus detratores. Alguns jornalistas trataram o presidente como se ele tivesse basicamente enforcado alguns velhinhos em praça pública. "Prisão já para esse terrorista!", pareciam gritar os mais agitados. "Impeachment", pedem os incapazes de ocultar o oportunismo golpista.

Estranho: fizeram uma festa fechada para mais de mil pessoas (i.e., aglomeração) que contou com as presenças de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, além de João Doria. Era o lançamento da CNN Brasil. Mas como esses são os "estadistas" segundo nossos jornalistas, e a festa era de jornalistas, acho que isso não incomodou tanto a turma da patrulha mais histérica.

No mais, o metrô continua aberto, transportando milhões de pessoas em contato próximo, além de várias outras atividades. Insisto: o presidente errou, precisava dar o bom exemplo, seguir a orientação de seu próprio governo, agir como estadista. Não o fez. Cedeu à tentação populista, por mais que tenha aconselhado seu público a evitar as manifestações.

Mas seu erro não apaga essa postura histérica, oportunista e muito seletiva de quem parece viver para encontrar defeitos no presidente, os mesmos que se esforçam ao máximo para não enxergar nos demais...

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