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Aqueles que se engajam no ambiente acadêmico, infelizmente, apenas reforçam aquilo que já é previamente ensinado. Não há inovação na pesquisa, o que é contraditório, uma vez que este é o papel da produção científica na academia, contribuições e novos conhecimentos desenvolvidos pelos pesquisadores que ultrapassam o conhecimento já existente.

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Todavia, o que ocorre em diversas áreas é tão somente a reunião de tudo que se lê de livros indicados sendo reescrito como se novidade fosse. Autores específicos são cultuados em razão da larga apresentação deles no ambiente acadêmico e não do que eles têm a acrescentar ao conhecimento e o pensamento apresentado por eles é simplesmente repetido. Isso promove o desconhecimento, porque, ao invés de se estudar o que autores têm a acrescentar e desenvolver as ideias por eles apresentadas ou “descartar as propostas teóricas e metodológicas infrutíferas” (STIGLER, 1982, p. 20), apenas ocorre o culto a personalidade alguns e tudo que é por eles dito é tido como verdade inquestionável simplesmente em razão da autoria.

“Na realidade, o que se vê na ciência econômica é o que Foley (2009) chama de tendência à “reciclagem de ideias” que aparecem sob o disfarce de novas abordagens, tendência essa por ele exemplificada mediante a referência à reintrodução de conceitos como progresso técnico endógeno e efeito transbordamento na chamada “nova teoria do crescimento.” (ANGELI. 2014).

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A Escola Austríaca, tradição de pensamento econômico iniciada por Carl Menger ao lançar sua obra intitulada Princípios de Economia, na qual desenvolveu estudos epistemológicos, apesar de seu caráter interdisciplinar, que envolve as áreas de Economia, Direito, Ciência Política e Filosofia, é pouco discutida no ambiente acadêmico. A teoria foi levada adiante por Eugen von Böhm-Bawerk, o qual foi seguido por outros, dentre estes, Ludwig von Mises que desenvolveu a teoria fundamentando as propostas austríacas e edificando uma base epistemológica e metodológica.

A importância dessa escola de estudiosos para a pluralidade acadêmica se dá em razão de a mesma promover o debate acerca dos possíveis erros presentes no estudo da ciência econômica, jurídica e filosófica. Esse debate é feito, inclusive, internamente entre os próprios austríacos. Isso tudo faz com que as contribuições desses estudiosos não devam ser ignoradas para o estudo das áreas nas quais possam influenciar somente em razão de já existir posicionamento dominante que desenvolveu teorias contrárias. (FREIRE, 2007, p. 15).

“O critério de popularidade acadêmica não deve ser visto como uma demarcação entre o que é verdadeiro ou falso ou de qual o melhor sentido para que se alcance o progresso da ciência.

[…]

Os clássicos do passado não devem ser tratados como santos inspirados, infalíveis e inerrantes, autores de um cânon sagrado que deve ser estudado à exaustão para que nele se encontre a verdadeira resposta aos questionamentos humanos.” (ANGELI. 2014).

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A dificuldade de um acadêmico austríaco em publicar suas produções ocorre em razão das mesmas serem rejeitadas por aqueles que compõem o conselho editorial por não desejarem aceitar nada que contradiga o seu viés ideológico. Isso impede que o pesquisador tenha a liberdade acadêmica de escolher o seu tema de investigação e utilizar os autores de seu interesse como fundamento de seu estudo. “O progresso científico ocorre com liberdade, não com camisas de força”. Barbieiri (2016) orienta que, em razão disso, se faz necessário que o pesquisador que apresente as suas produções de forma a não ridicularizar ou desconsiderar o posicionamento majoritário da academia, trazendo o debate de forma que a comunidade acadêmica esteja disposta a compreender as novas ideias apresentadas para lidar com a burocracia acadêmica e, então, defender de forma concreta os posicionamentos. Quanto maior a pluralidade no ambiente acadêmico, melhor o desenvolvimento do pensamento crítico dos acadêmicos.

“Na Academia, a liberdade de se poder adotar diferentes programas de pesquisa e diferentes perspectivas de trabalho funcionaria como mecanismo preventivo contra uma possível tomada de posição unânime ao redor de uma postura metodológica ou, pior, de propostas de políticas públicas que sejam equivocadas.” (ANGELI. 2014).

O papel do pesquisador é avançar no conhecimento de sua área de pesquisa ultrapassando os limites do que já está disseminado na área específica. O pesquisador faz valer o seu trabalho através da publicação das ideias e conclusões surgidas no curso da produção da pesquisa, fornecendo as respostas às problemáticas que fizeram surgir à pesquisa. Sendo importante concluir de forma completa o raciocínio desenvolvido ao longo do estudo, para evitar publicações incompletas ou que não alcance a inovação que se busca apresentar no artigo. Deverá o pesquisador desenvolver um texto que tenha clareza e concisão para que a sua mensagem tenha grande alcance e a sua contribuição seja mais impactante e eficiente para a área do conhecimento. Isso tudo deverá ser feita com fundamentos encontrados em outras produções bibliográficas, buscando referenciar e evitar a colcha de retalhos.

* Laírcia Vieira é academicaem Direito pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR, coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa Clube Atlas e autora do blog rosaselvagem.com.

Referência:

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ANGELI, Eduardo. A importância da história do pensamento econômico e do pluralismo metodológico em economia com base na perspectiva da escola austríaca. Nova economia. Belo Horizonte, v. 24, n. 1, p. 33-50, Apr. 2014. Disponível em: . Acessado em 22 de Março de 2016.

BARBIERI, F. EPL Entrevista: Um austríaco na academia: depoimento. [31 de março, 2016]. Entrevista concedida a Marcelo Lourenço. Disponível em: . Acessado em 10 de abril de 2016.

FREIRE, Lucas Grassi. A praxeologia e a Escola Austríaca: Uma análise introdutória. Multiface. Belo Horizonte, n. 1, p. 16-19, 2007. Disponível em: https://goo.gl/bhv1is>. Acessado em 10 de abril de 2016.

STIGLER, G. J. The process and progress of economics. In: MÄLER, K. (Org.). Nobel Lectures, Economics 1981-1990. Singapore, World Scientific Publishing Co., 1982. Disponível em: . Acessado em 29 de Março de 2016.

ZUCOLOTTO, Valtecir. Escrita científica: produção de artigos de alto impacto. Veduca. São Paulo: Universidade de São Paulo. Disponível em: . Acessado em 22 de Março de 2016.

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