| Foto: Nelson Jr./SCO/STF
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Nesta quinta-feira (22), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, retirou o sigilo do Inquérito 4972, que investiga o vazamento de mensagens trocadas entre seus auxiliares e expõem suposta atuação irregular para perseguir aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros nomes da direita.

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O inquérito foi aberto no início desta semana após a Folha de São Paulo divulgar mensagens trocadas entre auxiliares de Moraes que apontariam o uso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como braço investigativo paralelo.

As conversas vazadas envolveram Airton Vieira, o juiz instrutor de Moraes no STF, Marco Antônio Vargas, seu juiz auxiliar na presidência no TSE, e Eduardo Tagliaferro, o chefe da AEED - o órgão era subordinado a Moraes na corte eleitoral.

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Ao determinar a investigação do caso, Moraes disse que "o vazamento e a divulgação de mensagens particulares trocadas entre servidores dos referidos Tribunais se revelam como novos indícios da atuação estruturada de uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas".

Em outro trecho, o ministro diz que os objetivos da suposta “organização criminosa” seriam a “cassação” dos ministros do STF, o “fechamento da Corte Máxima do país”, o "retorno da ditadura” e o “afastamento da fiel observância da Constituição Federal”.

Afinal, ele é sempre a vítima, já que representa o próprio STF, a democracia brasileira encarnada, e qualquer crítica ao seu estilo tirânico é um "ataque às instituições"

“Essa organização criminosa, ostensivamente, atenta contra a Democracia e o Estado de Direito, especificamente contra o Poder Judiciário e em especial contra o Supremo Tribunal Federal”, escreveu Moraes.

Pronto! Era tudo uma armação golpista do Bolsonaro com o Elon Musk, usando mensagens trocadas pelos auxiliares diretos de Moraes! Vamos acabar descobrindo que os juízes assessores do ministro trabalhavam para a CIA. E eu que pensei que era o teor do que veio à tona que representava o maior atentado contra a Justiça, com ordens ilegais partindo do próprio ministro supremo.

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Na narrativa alexandrina, cabe absolutamente tudo. Afinal, ele é sempre a vítima, já que representa o próprio STF, a democracia brasileira encarnada, e qualquer crítica ao seu estilo tirânico é um "ataque às instituições". Até quando vem de dentro, do seu braço-direito! Vai ver Tagliaferro foi seduzido por Musk, com a promessa de uma viagem até Marte para fugir da Justiça no caso da violência doméstica.

Ao determinar a apreensão do celular de Tagliaferro, que era quem fazia seu trabalho mais sujo, Alexandre atropela o sigilo de fonte do jornalismo, consagrado pela Constituição, e demonstra total descaso para com a Justiça: o conflito de interesse é enorme, já que ele é o principal suspeito no caso, por ser chefe do perito e quem dava as ordens bizarras.

O jurista André Marsiglia apontou: "O novo inquérito de Moraes não vai investigar a Folha, mas chegará a ela investigando os assessores. Encontrando ponto de contato, dirá haver conluio para atrapalhar investigações sigilosas e a democracia. A imprensa será a próxima vítima do STF. Não foi por falta de aviso". Certamente não foi mesmo.

Alexandre de Moraes está cada vez mais Maduro. Numa democracia de verdade ele já teria caído. Mas o Brasil corre mesmo o risco de virar Venezuela, e Moraes vem trabalhando com afinco para isso. Tudo, claro, para "salvar a democracia" dos "golpistas", exatamente o mesmo discurso do ditador socialista.

Moraes já é vítima, investigador, Ministério Público, perito e juiz nesses inquéritos ilegais. Só falta mesmo o papel de réu para completar a cartela toda. Agora sim, ele está chegando bem perto do verdadeiro culpado do golpe ao mirar em seu fiel escudeiro. Se bater um espírito Simão Bacamarte no homem, ele pode acabar até se condenando à prisão na Casa Verde.

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