O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, reagiu nesta quarta-feira (25) ao discurso do presidente Jair Bolsonaro que pede o fim do isolamento em razão do coronavírus: "Fui aliado de primeira hora, durante todo o tempo. Mas não posso admitir que venha agora um presidente lavar as mãos e responsabilizar outras pessoas por um eventual colapso. Não faz parte da postura de governante".
Caiado afirmou que, a partir de agora, só fala com Bolsonaro por comunicados oficiais. "Dizer que isso [coronavírus] é um “resfriadinho”, uma “gripezinha”? Ninguém definiu melhor que Obama: na política e na vida, a ignorância não é uma virtude".
Ok, a escolha de um populista de esquerda como fonte da citação foi infeliz ao extremo. Mas Caiado não é um comunista, tampouco um traidor. Bolsonaro esticou demais a corda. Escutou Carlos e olavistas para fazer seu discurso. Errou feio na forma, no momento. Não vimos Trump falar em "just a little flu".
O debate sobre a resposta é crucial. Há muita histeria sim. O aspecto econômico vem sendo negligenciado e apavora cada vez mais gente, que perde emprego em velocidade assustadora. E vai piorar! Mas o mundo todo está tenso e muitos estão decretando isolamento.
O fato lamentável é que a ala olavista errou desde o começo no caso do coronavírus (e em todos os outros), e influencia muito o presidente ainda. Era hora de serenidade, de união, de seriedade, virtudes de um estadista. Escrevi isso antes de seu discurso. Bolsonaro dobrou a aposta, porém, e com isso arrisca seu futuro político.
Insistir, como alguns têm feito, em tese conspiratória é a maior estupidez nesse momento. Armadilha arquitetada pela mídia golpista? Inclui então na lista os governos de Israel, EUA, Itália, Espanha, Portugal, China etc. Caramba! Que conspiração globalista bizarra! Tudo pensado por Soros, talvez?!
Dois grupos adoraram o estilo do discurso do presidente nesta terça: os militantes engajados que o chamam de "mito" e vibram com suas "mitadas"; os golpistas assanhados que estão loucos para derruba-lo. Aqueles que torcem pelo país, que reconhecem os méritos do presidente, que apoiam a agenda e a boa equipe do governo, choraram, estão desolados, extremamente preocupados.
Sabem que é crucial romper com a histeria e, com cautela, retomar as atividades produtivas. Mas também sabem que não é hora de ridicularizar os que estão angustiados, atacar governadores falando de 2022, bancar o "macho man" e fingir que não se trata de uma escolha de Sofia, que terá um enorme custo de qualquer jeito.
Bolsonaro perdeu uma ótima oportunidade. Talvez o Brasil também. Quem viver, verá...
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