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Durou pouquíssimas horas a aventura golpista de Pedro Castillo, agora ex-presidente do Peru, deposto pelo Congresso e preso pelo Exército após uma tentativa de autogolpe para escapar de um impeachment. Na manhã desta quarta-feira, dia marcado para o Legislativo peruano votar a cassação de Castillo, ele foi à televisão, anunciou a dissolução do Congresso unicameral do país, a convocação de novas eleições parlamentares e a redação de uma nova Constituição, uma “reorganização” do sistema judiciário e um toque de recolher que deveria durar das 22 horas de quarta-feira até as 4 horas da madrugada de quinta-feira. O Congresso desafiou a ordem de dissolução, cassou Castillo e deu posse à vice Dina Boluarte.

O editorial da Gazeta do Povo resumiu:

Termina assim, portanto, uma carreira política marcada por uma boa dose de incompreensão a respeito do que realmente é a democracia. É verdade que foi o voto popular que levou Castillo ao poder; mas, ao afirmar, durante o anúncio do autogolpe, que a oposição queria “dinamitar a democracia e ignorar o direito de escolha” dos peruanos, além de “aproveitar e tomar o poder que o povo retirou deles nas urnas”, o então presidente ignorava que aquele mesmo voto popular havia escolhido, no mesmo dia do primeiro turno da eleição presidencial, o parlamento que agora o contestava. Ainda durante a campanha Castillo afirmara que, se o Legislativo não endossasse seu programa de governo, ele haveria de fechar o Congresso mais cedo ou mais tarde, demonstrando aquela incapacidade de lidar com a divergência que é marca de muitos segmentos da esquerda latino-americana; que essa mentalidade tenha saído derrotada no Peru é uma vitória para a democracia na América Latina.

No Brasil, petistas se dividiram sobre como reagir. Mercadante, o homem forte na equipe de transição, considerou "inaceitável" a deposição do presidente golpista, e Gleisi Hoffmann também saiu em defesa do companheiro. Já Lula, farejando a necessidade de se afastar e ser mais "pragmático", considerou o impeachment um ato constitucional e desejou sorte para a nova presidente.

O esforço da velha imprensa militante em afastar Castillo da esquerda radical foi imediato. Até na Wikipidia esquerdista houve alteração horas depois da tentativa fracassada de golpe, tentando jogar o sindicalista para o lado conservador, uma piada. Na Globo, a mesma palhaçada: Ariel Palacios, que chamava Castillo de esquerdista antes, descreveu seu "perfil conservador" logo após a tentativa de golpe.

Eis o modus operandi da esquerda: se o sujeito se mostra impopular, golpista, autoritário, fascista, ele é colocado no espectro conservador, mesmo que seja um companheiro do Foro de SP. Barroso chegou a falar que a Venezuela tinha uma ditadura de direita só porque o socialista Maduro conta com o apoio dos militares!

Eles tentam rescrever a história, mas a internet tem melhor memória. Lula enalteceu a vitória de seu colega de ideologia, considerando o resultado das urnas um "avanço na luta popular em nossa querida América Latina".

Guilherme Boulos considerou a vitória de Castillo como "uma vitória contra a direita e o fascismo no mundo". Gleisi Hoffmann chamava Castillo de "líder progressista" e declarou apoio ao movimento "pela libertação total da América Latina".

Em suma, quem pariu Mateus que o embale! Castillo é um socialista, apenas mais um golpista de esquerda que não tem qualquer apreço pela democracia. Na América Latina hoje, temos três ditaduras: Cuba, Nicarágua e Venezuela. Todas de esquerda. Todas socialistas. Todas apoiadas pelo PT de Lula. O Peru quase se torna a quarta, como a Argentina caminha na mesma direção, enquanto Lula e o PT apoiam Cristina Kirchner, condenada por corrupção.

Não obstante, eis a chamada do UOL, compartilhada por militantes petistas como Ricardo Noblat: "Fracasso de golpe no Peru é recado contra golpismo bolsonarista no Brasil". Que patética a tentativa de colar o golpista apoiado pelo lulismo a Jair Bolsonaro! Como é patético assinar cartinha em defesa da democracia e fazer o L ao lado justamente de Lula, a maior ameaça que nossa democracia já sofreu.

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