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Ó, liberdade, quantos amigos sinceros tivestes em sua história? É raro encontrar quem defenda a liberdade por princípios. A maioria, pelo visto, a defende de acordo com seus interesses, com as circunstâncias. É por isso que reagem somente quando a água da censura começa a bater em seu próprio bumbum...
Em que pese importantes veículos de comunicação aplaudindo até agora a nova investida suprema contra a liberdade de imprensa, fato é que muitos jornalistas e intelectuais passaram a reclamar.
"Emissoras e jornais serão corresponsáveis caso um candidato decida lançar um dossiê falso contra seu rival ao vivo num debate?", perguntou uma importante jornalista da velha imprensa, a mesma que postou, não faz muito tempo, que era uma delícia "vigiar e punir".
Eis o cerne da questão: enquanto o aparato estatal de censura está a serviço da "sua causa", muitos fecham os olhos para abusos e perseguição. Inúmeros jornalistas, no Brasil e no mundo, incentivaram a censura com base na premissa de "combate à desinformação". Mas quem define isso?
Era preciso questionar a premissa. Mas eles não fizeram isso, pois estavam imbuídos do desejo de calar seus opositores, críticos, os dissidentes do sistema. Na pandemia isso tudo piorou e muito: a "desinformação", ainda que em forma de questionamento, era uma ameaça às vidas de milhões, então os "negacionistas" tinham mais é que ser banidos do debate.
Tudo começou com o esforço reativo de Obama e seus companheiros para impedir que uma "surpresa desagradável" como a vitória de Trump em 2016 acontecesse novamente. É o que fica claro com o vazamento de documentos ao jornalista Michael Shellemberger – um dos poucos profissionais de imprensa, junto com Matt Taibbi e Bari Weiss, a quem Elon Musk primeiro confiou o material dos Twitter Files. Ele passou a chamar de Complexo Industrial da Censura o esforço coordenado para calar opositores. Flávio Gordon resume:
Houve um esforço altamente coordenado e sofisticado pelos governos dos EUA e do Reino Unido para construir uma rede doméstica de censura e operações de influência semelhantes às que eles usaram em países estrangeiros. [...] Toda a criação do delito de “fake news” foi uma vasta orquestração política designada para combater os “terremotos políticos” de 2016: o Brexit e a vitória de Trump.
Ora, mentira e política sempre andaram juntas. Mas eis que, de repente, inventaram o crime de "Fake News". E, curiosamente, era só a direita que espalhava "Fake News". A velha imprensa se transformou numa máquina de mentiras e desinformação, com escancarado viés, denunciando um espectro ideológico de fazer o que ela mesma fazia. A mídia pediu censura, mas restrita ao seus adversários políticos.
Ocorre que quando se abre a porteira, nunca passa um só boi. Era poder demais nas mãos de poucos. O estado havia sido "empoderado" para criar seu Ministério da Verdade, como em distopias totalitárias. Isso avançou até nos Estados Unidos, com sua Primeira Emenda e cultura da liberdade. É evidente que num país como o Brasil os censores fariam barba e bigode.
Para "salvar a democracia" da "ameaça golpista" vinda dos "bolsonaristas", então era necessário criar o crime de opinião, concentrar no STF o monopólio da Verdade, e impedir as tais "Fake News". A imensa maioria dos jornalistas aplaudiu. Não fizeram uma crítica quando colegas jornalistas foram perseguidos e censurados. Eles eram "bolsonaristas".
Hoje descobrem que a censura não vai ficar limitada aos conservadores, e reclamam. Não foi por falta de aviso. Foi por falta de princípios! Deveriam ter checado as premissas: jamais é aceitável delegar ao estado o poder de decidir o que é ou não verdade ou mentira. Ponto.