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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a união do "centro" em torno de um único nome para disputar a eleição presidencial de 2022 e citou como possíveis candidatos do campo o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o apresentador de TV Luciano Huck (sem partido) e o ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes (PDT).

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Em entrevista à Globo News na noite desta quarta-feira, ele disse que, caso isso não aconteça, o pleito certamente será disputado pelo atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e um candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT):

Eu acho melhor nome do centro é a unificação do centro. Esse é o melhor nome. Se ninguém tiver capacidade de unificar o centro, significa que o centro estará fora do segundo turno. Isso serve pro Doria, pro Luciano Huck, pro Ciro Gomes, serve para todos que estão nesse campo aqui de centro-esquerda até centro-direita, no meu ponto de vista. Se não unificar isso aqui, vai dar certamente Bolsonaro de um lado e o candidato do Lula do outro.

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Há, de fato, um espaço vazio a ser ocupado mais ao centro, contra a polarização entre PT e Bolsonaro. O presidente, aliás, conta com essa polarização, e precisa de Lula vivo politicamente para tal intento. Sempre que o pleito for uma espécie de plebiscito sobre o lulismo, seu antípoda, Bolsonaro, sai com larga vantagem.

Dito isso, o que se chama de centro não é centro, nem aqui nem na China. Para começo de conversa, o que se demanda, em larga escala, é algo como um bolsonarismo sem Bolsonaro, ou seja, uma guinada à direita, mas sem os excessos do presidente e seu núcleo duro. Um liberalismo com viés conservador, enfim, mas sem olavismo radical. Uma direita moderada.

E quem, nessa lista, é direita? Nem Huck, que é progressista, nem Maia, que é fisiológico, nem Doria, que até poderia ocupar esse espaço, mas o lado tucano impede. Doria talvez seja o único da lista que possa se encaixar num rótulo centrista.

Mas o que dizer de Ciro Gomes?! O coronelzinho nordestino é um nacional-desenvolvimentista de esquerda, e uma esquerda radical. Também tem o fisiologismo como marca, tanto que passou por quase todos os partidos e governos, e foi ministro de Lula.

Ciro prega mais estado dirigista, tem retórica inflamada, representa o típico populismo brasileiro. Em vários aspectos, estaria bem mais para o perfil de Lula ou de Bolsonaro do que de um centro moderado.

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O fato de Maia ter incluído Ciro Gomes nessa lista mostra como a "janela de Overton" ainda precisa migrar para a direita no Brasil. O que se chama de centro é, na verdade, esquerda, e o que se chama de esquerda é extrema esquerda socialista, como PT e PSOL.

Questionado sobre a citação a Ciro Gomes como candidato de centro e lembrado de que o DEM conversa com o PDT, partido do ex-governador, que apoiava Lula, Maia disse achar que a união é factível:

Minha primeira filiação partidária foi no PDT. Eu tinha uma foto do [Leonel] Brizola [ex-governador do Rio] no meu... Depois eu caminhei mais para a direita, mas tenho grandes amigos e ganhei grande admiração pelo PDT. Acho que é uma partido que tem uma ótima imagem, se manteve fiel à defesa das suas posições. É de centro-esquerda. Eu acho que o Ciro Gomes tem que estar aqui com a gente.

Eis aí o queridinho de muito jornalista, que considera Maia um ícone de moderação! Ele pode ter tido seu papel na reforma previdenciária, pode ter se alinhado à pauta econômica de Paulo Guedes, mas o ranço esquerdista salta aos olhos. PDT e Brizola merecerem elogios é o fim da picada! Ciro Gomes de centro?! Que piada! Não força a barra, Maia!

Esse tipo de comentário mostra por que, com todos os defeitos e arroubos verborrágicos, Bolsonaro deve mesmo ser reeleito. As alternativas são de chorar!

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