| Foto: ESTAD¿O CONTE¿DO

Ciro Gomes esteve ainda agora no programa Pânico, da Jovem Pan. Naquele ambiente descontraído, relaxado, ficou ainda mais transparente a essência do demagogo por trás da experiência do político.

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Ciro usa a tática conhecida como verborragia. É tanta coisa que sai por segundo, dados inventados, distorções, mentiras, meias verdades, que ele não deixa ninguém mais falar. E assim ele "vence" o debate...

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Logo no começo ele ajudou a arrancar risos dos participantes ao falar que é um "cara tranquilo". Teve de se colocar como vítima, alegando que só sai do sério quando provocado e quando está fora do figurino presidencial. Balela. Já cansou de desferir bofetadas verbais mesmo durante campanha, pois não tem autocontrole.

"Paulo Guedes tem racionalidade, mas mofada, anacrônica", disse Ciro, ele que tem uma irracionalidade mofada e anacrônica. A receita mágica de Ciro para liberar recursos públicos para investimentos é adotar um pesado imposto sobre dividendos e fortunas. Uma espécie de Bernie Sanders tupiniquim...

Durante o programa, estava demorando para Ciro Gomes falar em calote sob o eufemismo "refinanciamento da dívida". Vai impor isso aos agentes econômicos?! Isso sendo que a taxa de juros está no patamar mínimo histórico. E o câmbio desvalorizado, o que ele sempre defendeu como panaceia para destravar a indústria. Ciro vai ficando sem argumentos à medida que a realidade se impõe. Nunca os teve, mas tinha pretextos. Nem isso vai restar.

Ele aproveitou para alfinetar Paulo Guedes sobre fala de que o povo não poupa, destilando populismo como alguém que conhece de fato o povo. O povo não poupa porque o estado "despoupa", absorvendo mais de 40% de tudo que é produzido, o que vai para um ralo depois, um buraco negro. Paulo Guedes quis dizer isso. Ciro finge não ter entendido. É um demagogo, um sensacionalista.

Quando meu nome surgiu em cena, Ciro alegou que foi "cacoete de professor" a "paulada" que ele me deu naquele "debate" de uma década atrás. O mesmo em que ele se mostrou cético de onde encontrar um bilhão para cortar nos gastos públicos. Com professor assim, quem quer ser aluno?!

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"O estado americano é o maior do planeta Terra", afirmou Ciro Gomes. Ops! Já vi essa mesma falácia vindo de ancap. É tática que expõe a malandragem. É o maior estado em termos absolutos, pois é a maior economia do planeta! Afirmar que é o maior estado relativo, o que importa, seria mentira tosca. Samy Dana pontuou com fatos o absurdo da declaração, mostrando como o estado brasileiro é muito maior do que o americano em termos relativos ao PIB.

Ciro tomou cuidado de não bater tanto no eleitorado bolsonarista, preferindo cuspir na esquerda caviar, nos esquerdinhas do Rio, que tentam invadir com o estado a moral da família brasileira. Bateu também na esquerda identitária, que só fortalece a direita tacanha. E se afastou da turma do Foro de SP. Até elogiou os evangélicos! O sujeito já está em campanha de olho em 2022 mesmo. Detonou tanto o governo petista que nem parece ter sido ministro e defensor de Lula...

Assim é Ciro: parece um biruta de posto de gasolina, apontando para onde vai o vento. Já foi de tanto partido diferente, de tantos governos, com tantos discursos, que mais parece um Zelig, personagem de Woody Allen capaz de se adaptar ao ambiente feito um camaleão.

Mas basta dar linha que o esquerdismo radical volta à tona. "O cara mais interessante da esquerda latino-americana é o Mujica, e ele tem a mesma opinião que eu tenho sobre a Venezuela", disse Ciro Gomes. Mujica, o "fofo" revolucionário que defendeu o modelo bolivariano até ontem. Logo depois, Ciro volta a chamar o impeachment de Dilma de "golpe", e se diz de uma esquerda trabalhista, "getulista". Ou seja, o cheiro de mofo que ele diz ter sentido quando foi ao Foro de SP também está impregnado nele.

Não tem jeito: Ciro é mais escorregadio do que um linguado, foge das questões objetivas, liga sua metralhadora giratória e banca o único capaz de enfrentar os desafios, mas sempre com as mesmas receitas fracassadas. Eis a pergunta que eu fiz a ele:

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Ciro, os gastos com pagamentos de juros da dívida pública ficaram abaixo de 5% do PIB pela primeira vez desde outubro de 2014. Ao contrário do que aconteceu na era Dilma, porém, que derrubou os juros na marra e voltou com a inflação, dessa vez há fundamento econômico para essa queda, e a inflação segue contida. Em boa parte, isso se deve à aprovação da reforma previdenciária, que vc e seu partido foram contra, mas que a Jovem Pan, com espírito público, apoiou. Eu gostaria de saber de vc porque a esquerda é sempre tão boa em fazer discursos sensacionalistas, promessas irreais, mas nunca consegue entregar bons resultados, o que fica sempre a cargo dos liberais que vcs demonizam. 

Ciro enrolou, enrolou, não respondeu minha pergunta, bancou o "professor" arrogante, e terminou pregando mais gastos públicos ainda. Ou seja, nada esqueceu, nada aprendeu...

Mas como é articulado e parece muito mais inteligente do que de fato é, representa um perigo político que jamais deve ser menosprezado. Ao ver o programa na íntegra, só pensei numa coisa: que pânico imagina-lo como nosso presidente!

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