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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Com qual centrão pode articular?

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O presidente Bolsonaro tentou inovar em nosso presidencialismo de coalizão. Não partiu para o mensalão petista, tampouco para o velho toma-lá-dá-cá das divisões feudais dos ministérios, loteando cargos públicos entre caciques partidários para ter governabilidade. Contou com as bancadas temáticas e a pressão popular.

Quando a reforma previdenciária foi aprovada, muitos ficaram animados, mas ignoraram que, ali, houve um senso de sobrevivência do nosso Parlamento. Era preciso salvar a galinha dos ovos de ouro, ou seja, estancar a sangria fiscal. Dali em diante, para aprovar outras reformas, o jogo seria mais complicado.

A pandemia mudou tudo, exigiu temporariamente o abandono da pauta liberal, criou o ambiente propício para a gastança dos prefeitos e governadores. A conduta repreensível do presidente durante a crise o fez perder apoio, e os chacais sentiram cheiro de sangue no ar. O bolsonarismo não é conhecido por saber construir pontes. O clima estava dado para um enfraquecimento do governo e até aventuras golpistas de seus inimigos.

O centrão surge, então, como boia de salvação, tanto para a governabilidade, como para a blindagem contra o impeachment. Bolsonaro é refém do Congresso, que, afinal, foi eleito, ainda que num sistema para lá de imperfeito. Viu a necessidade de escolher um grupo e dele se aproximar, sob o risco de ser mesmo colocado para escanteio com o pretexto que fosse.

A mídia militante trata a ala do centrão que se aproxima do governo como corrupta, mas trata Rodrigo Maia como estadista, dando destaque ao seu comentário sobre a "perversidade" de "esconder mortes". Maia é reverenciado por nossos jornalistas, tratado como nosso "primeiro ministro" prudente. O duplo padrão é evidente. Se a aproximação do governo fosse com Maia, ele seria o Botafogo?

Aliás, em nome do "pragmatismo", os radicais de centro acham natural se unirem ao centrão e até ao PSOL, mas pela mesma ótica, o presidente não pode se unir ao outro centrão para se blindar de impeachment e ter governabilidade? Duplo padrão...

Nenhum brasileiro decente pode comemorar quando qualquer centrão se apropria de cargos no governo. Mas é preciso ser justo na análise. Os mesmos que cobraram articulação e negociação com o Parlamento antes, agora condenam o presidente por fazer exatamente isso. Os mesmos que temiam o autoritarismo do governo, na pretensão de governar sozinho, reclamam da distribuição de cargos para partidos com bancadas no Congresso.

Não é para fechar o Supremo ativista que quer legislar e governar; não é para fechar o Congresso; e o governo precisa negociar e articular com os parlamentares eleitos, que supostamente representam o povo; mas quando o presidente faz isso, ele também é criticado e condenado. Fica-se com a impressão de que Bolsonaro não pode é governar, ponto!

Claro que o ideal era montar uma base dentro de visão programática; claro que o ideal era ter um Parlamento de melhor qualidade; mas quem não tem cão, caça como gato. E política é a arte do possível. O fato é que temos, até aqui, um governo sem escândalos de corrupção. E isso precisa continuar assim!

O risco de desvio aumentou muito com as novas "amizades", e por isso a atenção deve ser redobrada. Mas quem prejulga e já condena qualquer aliança, está no fundo dizendo que Bolsonaro não pode governar, ou que deve se render a determinado grupo, não a outro, como se o centrão de Maia fosse muito melhor do que o centrão do PL, PTB e PP...

Por que Rodrigo Maia é merecedor de um tratamento tão reverencial por parte da mídia, mas Roberto Jefferson deve ser execrado? Alguém explica qual exatamente o critério objetivo aqui?

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