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Por Roberto Rachewsky, publicado pelo Instituto Liberal

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A noite dos cristais não é um baile de gala onde a elite da sociedade reúne-se em algum lugar chic para beber champanhe em taças Baccarat para falar de si e da vida alheia.

A noite dos cristais também não é uma conferência onde místicos reúnem-se com suas pedras de quartzo cristalino acreditando poder gerar energia cósmica para salvar o mundo do que eles acham que o mundo precisa ser salvo.

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A noite dos cristais é o nome dado ao trágico e deliberado evento promovido por nazistas em diversas cidades da Alemanha com o propósito de intimidar a coletividade judaica através de atos brutais de vandalismo que destruíram propriedades, feriram e mataram alemães da coletividade judaica.

A noite dos cristais foi o marco, o símbolo maior do que seria a vida de um judeu na Alemanha de Hitler, uma vida marcada por perseguição, sofrimento e morte precoce, levadas a cabo de forma planejada, industrial, sistemática.

A noite dos cristais foi uma amostra grátis da barbárie com que os nazistas presentearam seus conterrâneos judeus na antessala do que viria a ser conhecido por Holocausto.

Holocausto é o nome do maior programa de extermínio de um grupo social, étnico, cultural ou religioso da história da humanidade.

Há outros genocídios bárbaros na história dos povos, mas nenhum com o requinte e os resultados que envolveram o Holocausto.

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Os crimes bárbaros perpetrados pelos nazistas que resultaram no Holocausto não podem ser considerados apenas uma violência contra os judeus, eles foram e são crimes praticados contra a humanidade por quem, com o apoio do poder coercitivo do estado, submete cada indivíduo à perseguição, ao sofrimento e à morte precoce, seja por qual motivo for.

Os motivos para alguém praticar e levar a sociedade que governa a apoiá-lo na prática de crimes contra a humanidade são variados, mas todos eles são definitivamente irracionais.

Irracionais porque é irracional um ser humano abrir mão da sua capacidade de fazer política através do convencimento dos demais num exercício de persuasão, para adotar o uso da coerção para intimidar, até que, finalmente, passe a obrigar ou impedir a ação de seus opositores ou vítimas através do uso da força bruta.

Os judeus na Alemanha da noite dos cristais e depois do Holocausto foram vítimas, bodes expiatórios, de uma visão política irracional, fruto não apenas da mente psicótica de um lunático, mas da cultura de um povo educado e doutrinado para servir por dever e obedecer à autoridade que estivesse representando a sociedade.

O idealismo alemão é a fonte mais importante da cultura germânica que vai desde os imperativos categóricos de Kant até o ataque à objetividade da escola de Frankfurt.

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Fichte, Hegel, Marx, Nietzsche, Heidegger, Horkheimer, Marcuse, Adorno são filósofos alemães que carregam figurativamente sobre seus ombros o racionalismo arrogante e o pragmatismo niilista que servem de base para o coletivismo estatista, ética que, levada à política de forma extremada, resulta em experiências drásticas como o nazismo de Hitler, mas também o comunismo de Lênin, Trotsky e Stalin.

Lênin, Trotsky e Stálin, impacientemente, subverteram uma coalizão de centro-esquerda, da qual participaram para instituir a democracia na Rússia, e convocaram os sovietes, comunistas como eles, para iniciar uma guerra civil e tomar pela força das armas o poder.

Venceram a guerra, suprimiram os direitos individuais, instauraram um regime de terror e se mantiveram no poder até que, em 1991, a União Soviética e os países satélites por ela dominados entraram em colapso por sua própria inviabilidade.

O resultado dessa experiência de engenharia social foi dramático: centenas de milhões de indivíduos perseguidos, submetidos ao sofrimento e à morte precoce, um crime contra a humanidade.

Percebam que com Hitler já foi diferente; o líder nazista subiu ao poder através de um processo democrático pelo qual a população alemã escolheu o partido nazista como força majoritária no parlamento. Àquela altura, Mein Kampf já não deixava dúvidas do que se passava na mente daquele que viria a se tornar o führer do terceiro Reich.

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Outras experiências foram tentadas na Itália, na Espanha e no Japão enquanto o comunismo se desenrolava na União Soviética e o nazismo se instalava na Alemanha. Na Espanha, na Itália e no Japão, o coletivismo estatista ganhava contornos próprios, formando um sistema social e político que passou a ser conhecido por fascismo. A guerra civil espanhola colocou fascistas lutando contra anarquistas e comunistas, italianos e japoneses formaram com os alemães o eixo do mal, crimes contra a humanidade foram praticados.

A noite dos cristais foi o primeiro ato de uma longa história de crimes contra a humanidade. Humanidade representada por cada judeu submetido à perseguição, ao sofrimento e à morte precoce.

Os judeus representaram a humanidade nesse trágico acontecimento, mas isso não lhes dá o monopólio como vítimas da perseguição, do sofrimento e morte precoce impingida por seres irracionais que agem violentamente em nome de filosofias nefastas que democrática ou autocraticamente guiam as ações do estado.

A noite dos cristais transcende ao povo judeu. A noite dos cristais foi um atentado não contra uma minoria étnica ou religiosa. A noite dos cristais foi uma manifestação irracional de coletivistas estatistas contra a menor minoria que há, o indivíduo.

Usar a noite dos cristais para denunciar atos arbitrários e autoritários por parte de segmentos da sociedade, sejam pessoas comuns ou agentes do estado, que não se importam com a preservação dos direitos individuais, do direito à liberdade de consciência, do direito à liberdade de expressar o que a nossa consciência tiver pensado, não apenas é uma homenagem aos que foram humilhados e massacrados, como é uma necessidade para evitar que tais atos se repitam.

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A noite dos cristais é uma referência inesquecível a guiar nossas consciências como seres humanos que somos para ficarmos alertas contra aqueles que querem controlar nossa mente e nosso corpo.

Não há forma mais justa de homenagear os mártires da noite dos cristais do que lembrar suas tragédias pessoais pensando que poderiam ser nossas tragédias.

A noite dos cristais é uma história de violação concreta, real, dos direitos individuais promovida por fascistas de verdade.

Fascistas que suspenderam a liberdade de expressão através da censura, que confiscaram bens através da força bruta do estado, que suprimiram a livre iniciativa ao fecharem e destruírem o comércio e a indústria, desempregando empresários e trabalhadores para sustentá-los com a esmola dada pelo estado obtida através da coerção dos impostos cobrados.

Fascistas “social-democratas” que inventam símbolos para perverter a linguagem e destruir a capacidade cognitiva dos indivíduos na sociedade para que retornem aos tempos em que os seres humanos não dominavam o que nos permite pensar livremente, os conceitos que expressam a verdade sobre a realidade objetiva da qual fazemos parte.

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A sociedade moderna e pós-moderna está vivendo tempos dramáticos. Não apenas por conta de uma pandemia, mas pela disseminação de narrativas perniciosas que visam dar aos que defendem a liberdade individual a pecha de fascistas e aos que defendem o arbítrio e a tirania a imagem de defensores da vida.

O pior é que essa perversão é feita não por brutos irracionais, mas por integrantes da elite que se acham melhor do que o povo do qual se recusam a fazer parte e ao qual costumam chamar de gado ou simplesmente de fascistas.

A noite dos cristais é um acontecimento histórico, pertence à humanidade e à humanidade deve servir para demonstrar que a defesa da vida, da liberdade, da propriedade e da busca da felicidade deve ser absoluta, não importa se a vítima da irracionalidade é um indivíduo que perdeu sua liberdade de expressar-se ou milhões de indivíduos que perderam suas vidas. A tirania sempre começa por algum lugar, impedi-la de prosperar, independentemente de como, onde, quando e por  que ela ataca, é necessário, sendo irrelevante quais e quantas são suas vítimas.

Nos últimos anos no Brasil temos experimentado as ideias que fundamentam o socialismo democrático.

Socialismo é o sistema político que representa a ética coletivista.

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Democracia é o sistema de escolha que justifica e dá legitimidade ao socialismo através do qual a maioria submete, pelo poder coercitivo do estado, a minoria, inclusive a menor minoria que há, o indivíduo.

O governo Bolsonaro, apesar dos pesares, fala e age em prol de uma democracia liberal onde os direitos individuais devem ser resgatados e protegidos da sanha das maiorias.

Essa é uma luta inédita depois de décadas de violações sistemáticas pelos governos sociais democratas representados inclusive nos mandatos mais recentes daquele partido cleptocrata, o PT.

Chega a ser ridículo, pensando nos males que os petistas e seus cúmplices fizeram à sociedade brasileira, seja na educação, na saúde, na previdência, na economia, com mau governo e corrupção, ter gente preocupada com um presidente que toma leite, um chanceler que diz que o nacional socialismo é de esquerda, com um ministro da educação, que por acaso é judeu, fazer referência à noite dos cristais, mas acha normal quando o STF, o Congresso Nacional, governadores e prefeitos por todo o país resolvem suprimir direitos individuais baseando-se na própria ignorância ou em algum projeto próprio que têm de se manterem no poder para limparem, como sempre fazem, os cofres sustentados pelos idiotas que os elegeram.

A noite dos cristais não pode ser esquecida por nenhum ser humano que queira viver como tal. Ela deve ser lembrada e invocada sempre que for preciso denunciar a ação violenta de quem quer que seja, mesmo que esta se dê contra um único indivíduo, independente do sexo, da religião, da cor, da situação socioeconômica.

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A noite dos cristais deixou para a humanidade um legado que deve ser compreendido como a necessidade da luta permanente contra o arbítrio e o autoritarismo daqueles que iniciam o uso de coerção atentando contra a integridade física, contra a vida, contra a liberdade, contra a propriedade, contra a privacidade de pessoas inocentes e pacíficas, em nome de ideologias niilistas e nefastas como temos visto acontecer pelo Brasil nesses tempos de pandemia.

Recorrer à noite dos cristais para denunciar que nossa liberdade está ameaçada na sociedade em que vivemos é como dizer que nossa vida está ameaçada na mina de carvão em que nos encontramos porque o canário que estava ali, preso na gaiola, morreu.