Alguns liberais - ou "liberaloides" focados apenas na economia - acham que esse papo de guerra cultural é pura perda de tempo ou paranoia de reacionário. Cada vez mais gente, porém, se dá conta de que a guerra política é apenas uma extensão da guerra cultural, travada no andar de cima sobre valores morais.
Qual a natureza humana? Qual o papel da religião em nossos valores morais? Devemos ter uma visão otimista do homem ou uma visão mais trágica - alguns diriam realista, sobre nossa capacidade para espalhar o mal? Onde entram as tradições e os tabus na transmissão desses valores? Qual a importância da família, do casamento?
Essas questões costumam ser muito mais relevantes do que se o Banco Central deveria subir ou reduzir em um ponto percetual a taxa básica de juros, ou mesmo se a estatal Xis deveria ser privatizada ou não. São questões essenciais para definir como organizar a sociedade e, acima de tudo, o papel do estado.
Não faltam "liberais", contudo, obcecados com os temas econômicos e que ignoram completamente a relevância dos costumes e dos valores morais. Os humanistas, com seu desprezo pela religião e sua fé inabalável na bondade dos homens - inclusive ou principalmente aqueles que vão atuar no estado com o monopólio da coerção, alimentam monstros que depois devoram nossas liberdades.
Luiz Felipe Pondé, que quando fala de guerra cultural costuma acertar bem mais do que quando desce para a esfera da guerra política, trouxe à tona em sua coluna de hoje o cardeal Henri de Lubac, autor do livro "Drama do Humanismo Ateu", que expõe as inconsistências de pensadores como Marx, Nietzsche e Comte. Ele argumenta, com base em Dostoiévski, como as "religiões seculares" acabam levando ao niilismo. Basta olhar em volta para perceber o acerto de sua previsão.
Toda essa digressão foi para chegar na eleição para o Conselho Tutelar nos estados. A direita "asfaltou" a esquerda, e estimativas apontam para até 70% de ocupação dos conservadores, graças a uma mobilização sem precedentes. O ministro Silvo Almeida, que votou em SP no domingo, estaria tão incomodado com o resultado que pensa em questionar partes da eleição.
O deputado Sóstenes, por sua vez, comemorou: "Estou até agora às 2h da manhã acompanhando os resultados das eleições dos conselheiros tutelares. No Estado do RJ com exceção da Zona Sul, um antro esquerdista, no resto da Capital e Estado, 50% dos eleitos EVANGÉLICOS, 70% CONSERVADORES DE DIREITA. Chora esquerdalha!"
A esquerda, muito mobilizada e militante, sempre compreendeu a importância da guerra cultural, especialmente depois de Gramsci. A direita vai finalmente acordando, e se organizando para ocupar esses espaços cruciais.
É na sala de aula que muito militante socialista faz a cabeça e seduz os corações dos jovens com suas ideologias nefastas. Não dá para reagir somente no âmbito da política, pois será tarde demais. É fundamental atuar desde esse começo, buscando limitar as ideologias coletivistas nas escolas e universidades, oferecendo o contraponto, preservando os jovens e seu direito ao ensino de qualidade.
Vejamos, para concluir, o caso do aborto. A esquerda abortista tem avançado com a ocupação da velha imprensa, da academia e também do STF. Mas finalmente a maioria, que defende a vida humana como sagrada, deu-se conta de que é necessário arregaçar as mangas e lutar para impedir o avanço dos abortistas. O editorial da Gazeta do Povo hoje fala disso, e conclui:
O voto favorável de Rosa Weber à ADPF 442, parece ter, finalmente, acendido o sinal de alerta de que o STF pode, sim, agir mais uma vez como legislador e, na contramão do que a sociedade deseja e entende ser o correto, legalizar o assassinato de irrestrito até à 12ª semana de gestação. Diante de um governo federal que já deixou claro que não moverá uma única palha em prol da vida – ao contrário, já deu todas as provas de que é favorável ao aborto irrestrito, e de um STF que não parece disposto a reconhecer não ser competente para julgar a respeito, a mobilização popular e parlamentar é o caminho que resta. Que muitas outras articulações da sociedade possam surgir em prol da vida de todas as crianças que ainda estão por nascer.
Que tipo de sociedade desejamos para o Brasil? Quais valores serão fundadores desta sociedade? Qual premissa sobre a natureza humana será utilizada? Essas perguntas são bem mais importantes do que só debater aspectos da economia, e aceitar a falácia de que "religião são se discute" ou que é "algo da esfera privada apenas".
Há décadas a esquerda revolucionária trabalha nessas crenças absurdas para colocar os conservadores num cantinho de castigo, calados e intimidados, com receio de sair em defesa dos valores que são os pilares básicos de uma sociedade civilizada e livre. Não mais! O povo parece ter despertado para a relevância da guerra cultural. É questão de vida ou morte! No caso dos bebezinhos em gestação isso não poderia ficar mais evidente...
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