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Por Alex Pipkin, publicado pelo Instituto Liberal
Todos nós estamos mergulhados num oceano de “noticias” – não informação factual – a respeito da pandemia do Covid-19.
Praticamente 100% da mídia – e que trupe! – tem enfatizado a extremada e única visão de saúde pública, omitindo – creio propositadamente – outras variáveis importantes no tabuleiro da vida – integral -, essenciais para uma informação global relevante. Mais importante ainda, para uma tomada de decisão para além de vieses cognitivos, desejos emocionais e interesses envolvidos.
Qualquer um com um mínimo de experiência gerencial sabe que grandes e estratégicas decisões como essa, em relação ao enfrentamento do coronavírus, nunca são simples de tomar e estão sujeitas às deficiências humanas. E como…
Evidente que por ser tremendamente impactante, já que envolve grandes riscos de saúde e econômicos (invisíveis, portanto mais difíceis de serem encarados), observo que o medo e a escassez de coragem para um enfrentamento lógico por parte dos governantes têm desencadeado decisões exclusivamente ligadas à saúde pública, desconsiderando-se demais cruciais variáveis da vida, especialmente aquelas vinculadas às destruidoras repercussões econômicas que, ironicamente, reverberaram em outros e maiores problemas agarrados à própria saúde da população.
O que salta claramente aos olhos do observador atento são tais defeitos humanos, expostos cruelmente na batalha de egos e de interesses políticos entre burocratas estatais de todas as partes envolvidas. Até os cegos enxergam que os julgamentos quanto ao ataque ao vírus vêm sendo coloridos pelos interesses próprios e/ou corporativos.
A imensa maioria está mesmo preocupada com o resultado político de suas ações e sua utilidade, o que implica a distorção de uma visão ampliada do tema e de uma tomada de decisão mais racional e menos passional.
Há mesmo um clássico conflito de agência, em que não necessariamente os incentivos e os interesses entre os agentes – nesse caso, o presidente, os governadores e os prefeitos – e o principal – a população – estão perfeitamente alinhados, resultando em enganos mais ou menos intencionais.
Óbvio que, diferentemente do que a “vala comum” tem alegado, é a falta de ciência pelos respectivos vieses de confirmação e reputações dos médicos – que fornecem informações “parciais e enganosas” – que agrava e reforça teses e discursos alardeados e postos em prática inadvertidamente pelos agentes.
Quanto aos profissionais médicos, com meu mínimo conhecimento e experiência de gestão, delicio-me assistindo na patrona confortável do confinamento às respectivas divergências “científicas” entre eles e o desejo dos agentes em elegerem o mais “científico”, por meio de um notório “viés do campeão”! A eficácia da hidroxicloroquina deixa patente tal situação.
Nesse contexto, penso que se avançaria muito, distinguindo-se entre uma tomada de decisão para mitigar o problema, com a consideração de todas as variáveis da vida envolvidas, daquelas decisões que procuram justificar os argumentos e as escolhas dos agentes com determinado viés de confirmação.
Claramente falta aos agentes um método mais científico e técnico (verdadeiro!), que estruture tal decisão envolvendo critérios “ampliados” e, como tenho dito desde a chegada do vírus, por meio de considerações factuais de cada região específica, situação atual, riscos e demais características idiossincráticas.
Situações particulares não podem ser atacadas como feito até agora: tudo vai para o saco de gato padrão! Uma decisão lógica dos agentes – muito difícil pelos interesses que mencionei acima – dependeria de um conjunto de critérios relevantes, com comprovação possível através de exemplos e analogias, entretanto, considerando-se especificidades locais.
O tragicômico para mim, que me divirto com nossas mídias “honestas” e suas narrativas anedóticas, é a evidência cabal de que os diferentes agentes, com seus distintos argumentos, estão soberanamente preocupados com seus próprios interesses e suas respectivas reputações! Mas e a população?!