"A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude", disse La Rochefoucauld. Foi a primeira coisa que me veio à cabeça ao ver os discursos dos líderes globais na Cúpula do Clima organizada pelo governo Biden.
A meta de cortar pela metade a emissão de CO2 até o final da década, anunciada pelo próprio presidente Biden, é não só inviável como indesejável. Levaria milhões de americanos à miséria. O Green New Deal, endossado por inúmeros democratas, é um documento que mistura infantilismo com stalinismo, e pretende alterar toda matriz energética do país em dez anos. Ainda bem que é só discurso.
Mas se Biden pareceu "agressivo", eufemismo para mentiroso, o que veio em seguida foi ainda pior. É o caso do regime comunista chinês, o maior poluidor do planeta, que decretou uma meta para lá de "ambiciosa":
A China ainda está em meio à sua "revolução industrial", depende muito de carvão para produzir energia. Pode ser algo terrível para ambientalistas do conforto capitalista, em nações que já passaram por isso, mas para os chineses é isso ou miséria.
O próprio capitalismo costuma levar a um aumento de produtividade, de eficiência, fazendo mais com menos insumo energético. Não foram discursos de ativistas, mas o próprio mecanismo de incentivos do capitalismo que permitiu um grau de eficiência bem maior em países como os Estados Unidos.
Mas se hoje a China tivesse que adotar os mesmos níveis de emissão por PIB, a pobreza geral seria o resultado. E normalmente quem aponta para os pecados do capitalismo industrial também adora consumir produtos baratinhos da manufatura chinesa, sejam intensivos em mão de obra barata (semi-escrava?), sejam fruto dessa matriz energética "porca".
O Canadá foi na onda. A coisa mais parecia uma disputa para ver quem lançava metas mais ambiciosas - e inexequíveis.
O objetivo ali é jogar para a plateia. Se Bolsonaro fosse um presidente hipócrita, ou seja, um típico esquerdista, bastava ele jogar um número alto qualquer, tipo uma meta de reduzir em 73% as emissões numa década, e todos ficariam encantados. A visão estética de mundo só liga para a imagem, nunca para os resultados concretos. Mas o Brasil não pode aceitar esse papel de vilão do meio ambiente. Eis o motivo, em síntese:
Não podemos cair nas narrativas da esquerda globalista. O Brasil não é o patinho feio do mundo, o vilão do meio ambiente. Desconfie de quem banca o salvador do planeta demonizando o ministro Ricardo Salles e o presidente Bolsonaro, enquanto poupa a China. A Gazeta do Povo publicou uma reportagem expondo a hipocrisia dos nossos críticos. Eis um trecho:
Na última quarta-feira, 14 de abril, o ministro norueguês do Meio Ambiente, Sveinung Rotevatn, reafirmou o congelamento de recursos. “As condições para a reabertura e a disponibilização destes fundos é a diminuição substancial do desmatamento e um acordo sobre a estrutura de governança do Fundo Amazônia", afirmou.
Ocorre que a Noruega é também uma notória produtora de combustíveis fósseis, extraindo cerca de dois milhões de barris de petróleo por dia, de acordo com a Agência Internacional de Energia. É a segunda maior produtora de petróleo na Europa depois da Rússia, superando outros países europeus também na produção de gás natural. "A Noruega tem uma relação esquizofrênica com o clima, o petróleo e o gás", admite Lars-Henrik Paarup Michelsen, CEO da Norwegian Climate Foundation. "Somos ótimos na adoção de metas ambiciosas de emissão, mas ao mesmo tempo planejamos a produção de petróleo e gás nas próximas décadas."
Há muitos interesses nessa questão climática, um negócio multibilionário. Há medo da concorrência com o Brasil, um país com vantagens comparativas no agronegócio. Há recursos públicos inesgotáveis para quem vende "solução" após destilar pânico e alarmismo. E há o intuito de se impor um governo mundial com poder concentrado em entidades supranacionais, que poderão ignorar fronteiras nacionais, constituições e até a democracia, tudo em nome da "ciência".
Tivemos uma boa amostra do perigo nessa pandemia. Globalistas precisam de crises globais graves, riscos catastróficos iminentes, para justificar seus meios autoritários. Na Cúpula do Clima, os discursos são para "inglês ver". Mas todo cuidado é pouco: tem método ali, e o objetivo é instalar uma nova ordem mundial em que bilionários dão as cartas e criam as regras, enquanto o povo fica na miséria.
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