Luciano Huck, Host, Rede Globo, Brazil, Kishore Mahbubani, Senior Adviser and Professor in the Practice of Policy, National University of Singapore, Singapore speaking during the Session “Rebuilding Societal Trust in Latin America” at the Annual Meeting 2019 of the World Economic Forum in Davos, January 25, 2019. Congress Centre – Salon. Copyright by World Economic Forum / Sandra Blaser| Foto: Sandra Blaser
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A polarização exacerbada tem sido tóxica demais em nosso país, alimentada pelo petismo e a reação bolsonarista, e turbinada pelas redes sociais que fomentam o tribalismo. Diante disso, surge a demanda por mais diálogos, por construção de pontes, por alternativas moderadas. Tudo muito bem.

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O grande problema é quando fingem que essa alternativa "moderada" inclui os radicais de esquerda. Pensemos num FHC da vida: sempre muito disposto a "conversar" com petistas, mas rejeita qualquer possibilidade de aproximação com qualquer defensor de Bolsonaro. Este seria a ameaça à democracia; o petismo não!

E assim vale para 97% da mídia, para 99% dos intelectuais e para 100% dos tucanos. Eles estão sempre muito dispostos a buscar entendimento com petistas, com o PSOL, qualquer um, menos bolsonaristas: esses representam o que há de pior na política nacional. Vejam o caso de Luciano Huck:

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Eis aí a esperança dos "moderados" e dos "radicais de centro"! É tanta "sofisticação" que acaba no colo do socialismo! Para quem ainda não entendeu, explico: nossos "liberais" e "conservadores" querem "moderação", e por isso estão dispostos a "dialogar" com todos, desde tucanos como FHC até socialistas como Freixo. Só não pode participar dessa "conversa" qualquer defensor do governo "fascista".

É essa postura, típica de "isentão" que na prática defende a esquerda, que tanto alimenta a base mais radical bolsonarista. Em parte o bolsonarismo é uma reação a essa hipocrisia, a esse duplo padrão, a essa postura ridícula de quem enxerga enorme perigo no atual governo, mas dormia tranquilo enquanto o PT tentava levar o Brasil rumo ao modelo chavista.

Os "radicais de centro", no afã de derrubar Bolsonaro, aliaram-se a essa turma, e agora alguns começam a perceber que talvez tenham ido longe demais. O ódio ao Bolsonaro é tão grande e patológico que acabaram abraçando a esquerda radical e nem se deram conta.

O problema com Felipe Neto, segundo eles, seria o de validar o petismo. "Se a luta para derrotar o Bolsonaro for a luta para reabilitar o PT, não conte comigo". Mas até o PCdoB e o PDT estariam, segundo essa turma, alterando a fórmula à esquerda, e portanto viáveis para uma conversa.

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O problema para eles, como fica claro, não é a esquerda em si, nem mesmo a mais radical como o PDT; é só o PT! O petismo está eternamente indissociável da corrupção, e parece ser esse o único problema para nossos "liberais". Mas se for uma esquerda, ainda que radical, sem o petismo, então tudo bem...

O tal "diálogo", portanto, inclui até mesmo comunistas! Só não tragam Paulo Guedes, pois isso é inaceitável para os "liberais". E nessa mesma onda de derrubar o governo atual, custe o que custar, temos parte da imprensa também, como O Antagonista, que publica manchetes sensacionalistas em nível ainda pior do que seus donos quando vendem promessas "únicas" de enriquecer rápido na vida:

Enquanto o "diálogo" envolver essa turma radical e oportunista, com o que há de pior da esquerda à exceção do PT, mas deixando de fora qualquer um que não enxerga no governo a maior ameaça existente ao Brasil, o bolsonarismo vai não só sobreviver, como se fortalecer. Afinal, nenhum liberal que se preza aceitará esse joguinho podre entre socialistas e "moderados" que respeitam socialistas, mas rejeitam Paulo Guedes!