'Contra canalhas e traidores': Putin promulga lei para confiscar bens de críticos do Exército russo. Moscou proibiu as críticas às Forças Armadas pouco depois do início da ofensiva na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. Essa era a chamada no Globo de hoje sobre novo avanço da ditadura russa.
Logo no primeiro parágrafo, a reportagem reconhece o óbvio, que se trata de perseguição política: "O presidente da Rússia, Vladimir Putin, promulgou nesta quarta-feira uma lei que permite confiscar dinheiro e bens de pessoas declaradas culpadas de divulgar 'informações falsas' sobre o Exército, no mais recente exemplo da repressão aos críticos do Kremlin" (meus grifos).
A imensa maioria dos veículos de comunicação passa pano para medidas autoritárias, inquéritos ilegais infinitamente elásticos, censura a jornalistas e prisões arbitrárias.
Outro trecho deixa claro o arbítrio da medida: "Na prática, a lei não prevê o confisco de todos os bens de uma pessoa, e sim a apreensão de fundos 'utilizados ou destinados' ao financiamento de atividades 'criminosas', termos considerados muito vagos. O texto também autoriza a justiça a retirar distinções honorárias do Estado de pessoas condenadas por 'informações falsas'".
Ou seja, qualquer jornalista consegue perceber que leis vagas contra "informações falsas" ou que confundem críticas com "ataques" às instituições são extremamente perigosas para as liberdades e típicas de regimes ditatoriais. Vale o mesmo para a Venezuela.
A Justiça da Venezuela decretou a prisão preventiva da ativista venezuelana Rocío San Miguel na última sexta-feira (9) por estar supostamente ligada a uma conspiração para assassinar o ditador Nicolás Maduro e outras autoridades, confirmou nesta terça-feira (13) um de seus advogados, o jurista José González Taguaruco, após a crítica do regime ficar mais de 100 horas incomunicável.
Nas últimas horas, a Missão Internacional Independente da ONU para a Venezuela, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e a Anistia Internacional, bem como centenas de ONGs locais, expressaram sua preocupação com a detenção de San Miguel e solicitaram à ditadura venezuelana o respeito a seus direitos.
Quando o assunto é Rússia ou Venezuela, portanto, a mídia em geral consegue enxergar os evidentes abusos de poder na promoção da perseguição política a adversários.
Os Estados Unidos também se disseram "profundamente preocupados". O porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby, disse à agência EFE que a Casa Branca está monitorando de perto o caso da ativista, que foi detida pelas forças de segurança venezuelanas quando tentava embarcar em um voo de Caracas para Miami com sua filha.
"Estamos profundamente preocupados com isso. O Sr. Maduro precisa honrar os compromissos que assumiu de como tratará a sociedade civil, os ativistas, os partidos de oposição e até mesmo os membros da sociedade venezuelana que desejam concorrer a um cargo. Ele precisa honrar esses compromissos", disse o porta-voz.
Mas quando chega a vez do Brasil, a velha imprensa quase toda aplaude medidas similares sob o pretexto de que bolsonaristas são mesmo "golpistas".
O regime comunista de Maduro, porém, rebate com a ladainha de sempre: a CIA conspira contra a Justiça venezuelana, os americanos fazem "feroz campanha internacional" contra a soberania do país e "protege terroristas". Comunistas sempre acusaram opositores locais de "agentes da CIA" para justificar seu arbítrio e as prisões políticas.
Quando o assunto é Rússia ou Venezuela, portanto, a mídia em geral consegue enxergar os evidentes abusos de poder na promoção da perseguição política aos adversários dos comunistas. Mas quando chega a vez do Brasil, a velha imprensa quase toda aplaude medidas similares sob o pretexto de que bolsonaristas são mesmo "golpistas" ou "terroristas".
À exceção da Gazeta do Povo, que vem condenando o arbítrio supremo desde o começo, a imensa maioria dos veículos de comunicação passa pano para medidas autoritárias, inquéritos ilegais infinitamente elásticos, censura a jornalistas e prisões arbitrárias. As críticas ao sistema são deliberadamente confundidas com "ataques às instituições democráticas".
Em suma, quando o tema é Brasil, os mesmos jornalistas que condenam as tiranias de Putin e Maduro elogiam medidas bastante similares adotadas contra os dissidentes do comunismo brasileiro, lembrando que Lula é companheiro e admirador de Putin e Maduro, enquanto Alexandre de Moraes, em tom mais cínico, nega qualquer ameaça comunista no mundo moderno.
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