O presidente dos EUA, Donald Trump: protecionismo para defender trabalhador americano.| Foto: JIM LO SCALZO/POOL- EFE
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Trump tem sim uma pegada protecionista, nacionalista, e isso está claro em livros de sua autoria. O Buy America é um slogan produzido por tal mentalidade. Do ponto de vista puramente econômico, trata-se de uma visão equivocada, que encara exportações como algo positivo e importações como algo negativo. Não é assim que funciona o comércio mundial.

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Vários países ricos são importadores líquidos, e tudo bem. Muitas vezes os produtos importados são intermediários que alimentam a cadeia produtiva, mas mesmo que sejam produtos finais de consumo, não há mal a priori nisso. Nem todo povo deve buscar ser autossuficiente, produzindo tudo aquilo de que necessita. Quanto mais indivíduos participando na cadeia global produtiva, melhor. Cada um foca em suas vantagens comparativas e todos podem se beneficiar as trocas voluntárias.

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Se Lula desafiar Trump, o Brasil afunda de vez, e os americanos no máximo pagarão um pouco mais caro pelos produtos siderúrgicos

Claro que, na prática, existem subsídios, tarifas protecionistas, crédito estatal, medidas regulatórias, manipulação da taxa de câmbio e várias outras ferramentas para tornar esse livre comércio global tudo, menos livre e justo. E é aqui que pode entrar a ameaça de tarifas protecionistas retaliatórias, para alavancar o poder de negociação de acordos bilaterais. 

Muitos liberais têm se curvado diante da estratégia do “Laranjão das Tarifas”, compreendendo que Donald Trump, no fundo, tem utilizado a ameaça protecionista para obter resultados políticos que interessam aos americanos. Como, por exemplo, quando faz com que Canadá e México se mexam para proteger melhor suas fronteiras com os Estados Unidos. Ou quando impõe juízo a um colombiano comunista metido a besta.

É nesse contexto que deve ser analisada a troca de farpas entre Brasil e Estados Unidos. Trump está impondo tarifas a produtos como o aço, que o Brasil exporta. Lula, por sua vez, diz que vai “reagir”, podendo levar o caso à Organização Mundial de Comércio ou “retaliar” com tarifas a importados americanos. Seria cômico, não fosse trágico esse discurso mentiroso. Ou o Brasil já não cobra taxas abusivas de produtos americanos? Quanto custa mesmo um computador ou iPhone da Apple em terras tupiniquins?

É justamente Trump quem está “retaliando”, mostrando que não vai tolerar tantas barreiras protecionistas ou “aventuras ideológicas” de quem quer “brincar” de projeto contra o dólar por meio dos BRICS. Trump, o Laranjão das Tarifas, está retaliando essa postura, e o Brasil já taxa, em média, muito mais os produtos americanos do que o contrário. Quem pagar para ver e dobrar a aposta vai criar uma guerra comercial onde certamente os americanos têm muito a perder, mas aqueles que dependem dos consumidores americanos, os mais ricos do planeta, têm muito mais em jogo.

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FAFO: f*ck around and find out. Em tradução livre: fique de gracinha e encare as consequências. Se Lula desafiar Trump, o Brasil afunda de vez, e os americanos no máximo pagarão um pouco mais caro pelos produtos siderúrgicos.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]