O governador João Agripino Doria publicou um artigo no Estadão hoje, cujo título já remete ao slogan de Obama em sua primeira campanha vitoriosa: "O Brasil precisa de esperança". Faltou só emendar que a esperança vencerá o medo, deixando de lado que o governador de São Paulo é um dos que mais espalham pânico.
Da mesma forma, Doria pede aquilo que nega ao povo que governa, e acusa em outros aquilo que faz. Ele abre o texto mostrando o nível de pobreza em nosso país, ignorando o contexto da pandemia e o impacto de suas próprias medidas no aumento dessas taxas. Chega a ser cruel ele jogar esses dados como se o lockdown que defende e aplicou não tivesse qualquer ligação com eles:
19 milhões passaram fome nos últimos três meses. 125 milhões, o que corresponde a seis em cada dez brasileiros, padecem de insegurança alimentar desde o início da pandemia.
Logo em seguida ele traz o contexto da pandemia, mas só para culpar o governo federal e utilizar números absolutos de mortes, ignorando o tamanho da nossa população: "O Brasil está próximo de bater 400 mil vítimas de covid. É o segundo país do mundo com mais mortes na pandemia. Faltam vacinas e medicamentos. Não foram comprados a tempo pelo Ministério da Saúde".
Quando chega o momento de apontar os responsáveis mais estruturais, eis o que Doria menciona: "O populismo aliado ao autoritarismo cobram agora um alto preço da sociedade. O Brasil está na contramão do mundo". Populismo nós vemos justamente nas falas do governador. Já autoritarismo... o que pode ser mais autoritário do que impor restrições que obrigam a população a ficar em casa, desesperada e faminta?
Na hora das soluções, tudo o que vemos são clichês, slogans, monopólio dos fins nobres: temos que educar todos, cuidar de todos etc. A educação não é prioridade, diz ele, esquecendo que as aulas estão suspensas presencialmente por conta de decisões do seu próprio governo e do prefeito tucano de SP. "O Brasil da esperança defende a democracia", diz aquele que se aproximou até de Lula para atacar o presidente eleito com quase 58 milhões de votos.
"O Brasil da esperança não alimenta ódios, nem rancores, nem racismo, nem conflitos", escreve aquele que chama o presidente de "genocida" e que ataca jornalistas independentes ao vivo com rótulos idiotas como "negacionista", "terraplanista", "vassalo bolsonarista" ou coisas do tipo.
Como tudo na vida de Doria, essa imagem pacificadora de gestor tolerante é mais uma cria artificial do marketing. Doria é o ícone perfeito da esquerda caviar que vive das aparências, da imagem produzida para efeitos políticos, com sua visão estética de mundo sem qualquer elo com resultados concretos ou com princípios sólidos. O governador que teve total autonomia para administrar a crise em seu estado, e que tem um resultado inferior ao da média nacional, quer dar lições em nome da "ciência" sem sequer ter "lugar de fala".
Fora da bolha "progressista", da "lacrosfera", qualquer um enxerga a hipocrisia e o truque, e é por isso que Doria não tem chance de se tornar presidente, sua evidente ambição. Mas dentro das redações dos jornais, especialmente em veículos que recebem fortunas do próprio governo estadual, Doria sabe que encontrará excelente receptividade para mensagens tão ensaiadas... e vazias!
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