A julgar pela grande imprensa, a coisa mais importante para o futuro do Brasil hoje é a CPI da Covid, cuja relatoria cabe ao seríssimo e imparcial senador Renan Calheiros. Só se fala da CPI, enquanto as manifestações lotadas do sábado a favor do presidente praticamente nem ocorreram, não tiveram qualquer relevância.
Mesmo nos veículos mais sérios, a pauta acaba sendo dominada pela grande imprensa e, logo, pela esquerda. Só se fala da CPI circense, que ninguém sério leva a sério, enquanto quase nada se falou das manifestações que lotaram as ruas no fim de semana a favor de Bolsonaro. Como diria o marqueteiro de Clinton, numa adaptação: é a pauta, estúpido!
Das pautas debatidas nas rádios aos temas quentes das redes sociais, são os grandes jornais restantes que acabam tendo voz. Às vezes acontece de serem atropelados pelo povo, mas via de regra ainda há esse poder remanescente de uma mídia que agoniza e perde credibilidade a cada dia: ditar as pautas. E como gostariam de ter o poder de outrora, para além das pautas, terem condições de impor a narrativa hegemônica desses temas!
Mas isso já era. Em sua coluna de hoje na Gazeta, o experiente jornalista J.R. Guzzo falou desse "complexo de galo" da imprensa. Diz um trecho: "A maioria dos jornalistas brasileiros tem certeza de que só acontece aquilo que eles publicaram; o resto não existe. Qualquer despropósito vira verdade se aparece no noticiário, e nenhuma verdade existe se não aparece". Eles querem comandar o show todo, como antes.
E essa arrogância autoritária é o que explica a postura militante de tantos jornalistas, que se enxergam como ungidos e iluminados que precisam ensinar seu público a pensar. Guzzo comenta:
Os comunicadores decidiram que tais “conteúdos”, como se diz hoje, podem iludir o público na sua boa ingenuidade – e, portanto, é seu dever ético impedir que tais fatos cheguem ao conhecimento do povão. Imagine se as pessoas acreditarem que há gente a favor de Bolsonaro e contra o Supremo? Não pode: é um claro desrespeito à religião oficial da mídia. Não é notícia; é o mal. O mal tem de ser combatido. E por aí vamos.
E essa patota corporativista já decidiu que a CPI tem muita importância, ao contrário das manifestações. É por isso, por exemplo, que seu presidente foi o entrevistado desta segunda no falecido Roda Viva, sem uma só pergunta incômoda sobre suas ligações com Lula ou sobre os escândalos de corrupção que rondam sua família. O troco do público é na baixa audiência, na falta de interesse na militância disfarçada de jornalismo, para capturar manchetes como esta, de que Bolsonaro teve postura "negacionista" na pandemia:
Poderiam ter ao menos questionado se há algum conflito de interesses por parte de um companheiro de longa data do ex-presidente Lula, não é mesmo?
Não é para me gabar, até porque não considero grande mérito ter mais destaque do essa militância. Mas comparem os dados. Um tem (muita) grana da "TV Doria", tem o DOBRO de inscritos (por legado do bom trabalho anterior). Só não tem uma coisa: audiência, público, gente interessada em tanta militância partidária.
Além do presidente Omar Aziz, temos o relator, como já mencionei. Mas não pensem que a imprensa trata Renan com o devido respeito que ele merece, ou seja, nenhum. Ao contrário! O homem foi transformado em figura respeitável, e disse até que não vai se encontrar com Lula pois "relator tem que ser imparcial". Oi? Alexandre Garcia, outro experiente jornalista, apontou para o ato falho:
Mas Lula nada (tem) a ver com a investigação da CPI e sim com a eleição de 2022. Ato falho do relator. Imparcialidade é não falar com candidato a presidente? Então o objeto da CPI é eleição do ano que vem? Se não for, imparcialidade é evitar laços de sangue e se declarar impedido.
Quem liga para isso na grande imprensa? Não os militantes que trabalham para derrubar o presidente, com certeza. Um deles, aliás, chegou a comparar os vândalos dos black blocs ao povo trabalhador que foi às ruas no sábado pedir respeito à Constituição, que vem sendo rasgada pelo próprio Supremo, e voto auditável. O quão bizarra é tal comparação?
Mas a militância não descansa. Precisa impor suas pautas. É por isso que a chamada do Antagonista enaltece Mandetta, o convocado de hoje na CPI, e quem Diogo Mainardi, um dos "antas", já declarou ser seu candidato em 2022:
É muito escárnio mesmo! Mas já que vai rolar a CPI, e que quem define a pauta ainda é essa imprensa carcomida, só nos resta comentar os mesmos assuntos, derrubando máscaras, expondo a hipocrisia e rebatendo a narrativa da turma. Ficam, então, algumas sugestões de perguntas ao ex-ministro:
1. Ao transformar as coletivas de imprensa em palanque, com discursos infindáveis de Rolando Lero voltando até à infância, o senhor realmente acreditou que tinha chances de ser presidente?
2. Quantas vidas poderiam ter sido poupadas sem a recomendação absurda de ficar em casa até sintomas graves?
3. Dança com funcionários, praia sem máscara, sinuca sem máscara: por que o senhor mandava outros fazerem aquilo que o senhor mesmo não fazia?
Boa sorte aos militantes que tentarão dar uma aura de seriedade a esse circo...
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