Primeiro, Eduardo Bolsonaro joga a hipótese, durante entrevista, de ter de resgatar o AI-5 caso a esquerda radicalize, partindo para atos violentos. Depois, sua militância virtual aplaude a fala, mesmo com repercussão negativa. Aí o próprio pai vem a público dizer que isso é bobagem, que "sonha" quem fala nisso, e que o filho deveria retirar AI-5 do vocabulário. Não obstante, militantes virtuais insistem em defender Eduardo.
Estamos diante de uma fala "infeliz", "irresponsável", ou algo mais? Afinal, não é a primeira vez que Eduardo flerta com o autoritarismo. Nem de perto! Há método, como diria Carlos Andreazza. Tanto ele como seu guru Olavo de Carvalho volta e meia jogam no ar declarações com viés fascistoide. Seria um balão de ensaio, para testar a reação, as instituições, e ir criando o clima adequado para um golpe de estado? Hipótese que não pode ser descartada, como argumenta o mesmo Andreazza:
Michele Prado, que vem sendo alvo da turba faz tempo, concorda: "É um óbvio ululante que todas essas falas não se tratam de somente irresponsabilidades. O intuito é testar as instituições, colocar o assunto na pauta, fazer as pessoas se acostumarem com a ideia, avançar mais algumas casas, criar o Zeitgeist que desejam". A julgar pela mentalidade do guru, é isso mesmo. Reparem que Olavo me acusa de ser um "colaboracionista" do Foro de SP! Isso mesmo:
Agora eu, que nunca fui esquerdista (ao contrário dele), que nunca defendi o PT, que sempre combati Lula e seus comparsas, que denuncio o Foro de SP desde 2005 (em livro) e antes (em sites como o MSM, dele mesmo), virei um "colaboracionista". Imaginem esses doidos com mais poder ainda!
Não custa lembrar da narrativa imposta por Olavo. A de que Bolsonaro é "amado" pelo povo, foi eleito para "purificar" o "sistema" podre e carcomido, e para tanto precisa do apoio dos militares para levar adiante os anseios populares contra a resistência do "establishment". Se isso soa fascistoide, é porque é mesmo!
É nojento ver um bando de socialista afetando virtude democrática após a fala de Eduardo Bolsonaro, mostrando repúdio ao mesmo tempo em que defendem o regime venezuelano ou mesmo a ditadura cubana. Mas isso só aumenta a raiva pela boçalidade feita por Eduardo, ao levantar essa bola. Deu munição gratuita aos esquerdistas canalhas. Comentei isso no Jornal da Manhã de hoje:
E, no fundo, talvez seja esse o intuito de Eduardo e Olavo mesmo: provocar uma reedição da Guerra Fria, onde o bolsonarismo reste como única alternativa à ameaça comunista. Eles pretendem dominar totalmente a dita direita, monopolizar a virtude em prol do combate ao inimigo terrível.
Mais do que nunca, a direita democrática, liberal e conservadora, comprometida com valores e princípios, moderada, precisa se unir contra esse tipo de coisa e discurso. Ainda tem gente que tenta pedir "união" com tipos assim, solicitando foco no "inimigo comum". Eu tenho um inimigo comum mesmo: todo radical autoritário, todo tipo fascistoide, todo aquele com mentalidade tribal totalitária, seja de esquerda, seja de "direita".