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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

América Central

El Salvador vira a inveja dos latinos

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, que deve ser reeleito, segundo pesquisas (Foto: EFE)

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Minha banda preferida quando moleque era White Lion. Seu primeiro álbum foi Fight to Survive, de 1985, e lá tem uma música chamada El Salvador, que conta a história da guerra civil no país, com crianças lutando. Lembro disso para mostrar que o pequeno país já foi palco para muito caos e desesperança.

O contexto era a Guerra Fria, e governos democratas e republicanos dos Estados Unidos apoiaram o governo de El Salvador contra comunistas financiados por Moscou, organizados em torno da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional. Durante a guerra civil, forças rebeldes capturaram grandes extensões dos departamentos de Morazán e Chalatenango.

Quando as elites alegam que democracia é o que se passa na Venezuela ou no Brasil, o povo honesto busca uma alternativa.

O fim do conflito, mediante a assinatura dos Acordos de Paz de Chapultepec, em janeiro de 1992, permitiu a entrada oficial da FMLN no cenário político-eleitoral de El Salvador. Noam Chomsky escreveu livro sobre o assunto, assim como o cineasta Oliver Stone fez um filme, ambos pela ótica comunista.

Essa breve digressão é para mostrar que El Salvador também já foi vítima do esquerdismo radical, e quase sucumbiu. Mas agora o país tem um presidente jovem, com disposição para combater os criminosos e os seus simpatizantes da extrema esquerda. Uma estátua do comunista assassino Che Guevara foi derrubada, o que causou polêmica e reação dos comunistas, que acusaram o governo de "fascista".

Bukele não quer saber de fazer concessões aos radicais da esquerda. Desde a chegada ao poder, em 2019, seu governo já prendeu cerca de 76 mil pessoas com a decretação de um estado de exceção no país, adotou uma moeda digital, defendeu seu “direito divino” no Congresso, destituiu membros da Suprema Corte e decidiu reduzir em mais de 80% o número de cidades salvadorenhas.

As estatísticas oficiais apontam que os índices de violência em El Salvador passaram de 38 mortes a cada 100 mil habitantes, em 2019, para 1,7 mortes em 2023. Um feito e tanto para o pequeno território da América Central, que estava entre os dez países mais violentos do mundo, segundo um relatório elaborado pela ONU.

O povo parece feliz. Bukele é extremamente popular, e pelas urnas apuradas até agora, deve ser reeleito com mais de 80% dos votos. O sucesso eleitoral do atual chefe de Estado da pequena nação centro-americana é resultado de suas rígidas ações contra o tráfico de drogas e as gangues criminosas que controlavam as diferentes regiões do país. Em discurso, Bukele alfinetou outros líderes latino-americanos afirmando que sócios do crime organizado não têm vontade política para combater o crime, como ele fez. Recado para Lula, Maduro, Obrador e companhia?

Em The Civic Bargain, Brook Manville e Josiah Ober argumentam em favor da democracia do autogoverno, contra um modelo de "chefe autoritário", mais comum historicamente. Para os autores, algumas condições são necessárias para a democracia sobreviver. Quando esses pilares estão ausentes, quando um partido toma o poder e não há mais alternância, quando o Judiciário é dominado por uma facção, quando falta transparência no Poder Executivo, quando o governo falha em sua missão básica de garantir a ordem e algum bem-estar social mínimo para o povo, então a demanda por um "chefe" passa a crescer muito. Eles dizem:

Para que a democracia funcione, todos devem aceitar receber menos do que desejam. Todos devem subordinar alguns dos seus interesses pessoais ou de subgrupos ao bem do todo. [...] Em termos éticos, para que a democracia funcione, os cidadãos devem cultivar a virtude da moderação cívica. A prática dessa virtude é o compromisso de boa fé ao negociar com outras pessoas que buscam objetivos diferentes.

Aceitando essa premissa, está claro que não há democracia na América Latina faz tempo. A esquerda radical, verdadeiro câncer da política, trata seus adversários como inimigos mortais, busca monopolizar o Poder Judiciário e o Legislativo, persegue opositores, defende leis brandas para criminosos e espalha o caos da desordem por onde passa.

O efeito natural disso é a demanda popular por um "chefe", ainda que autoritário, para colocar ordem na bagunça, enfrentar os marginais e seus simpatizantes togados, combater com firmeza o comunismo nefasto. Mesmo com excessos, o povo, via de regra, vai aplaudir um líder com esse perfil quando o esquerdismo já causou danos em demasia. Bukele é uma figura controversa para o mundo, mas adorado pelo povo de El Salvador.

É compreensível: quando as elites alegam que democracia é o que se passa na Venezuela ou no Brasil, o povo honesto busca uma alternativa. E quase qualquer coisa é melhor, convenhamos.

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