(Brasília – DF, 12/03/2019) Presidente da República, Jair Bolsonaro em reunião com Deputada Joice Hasselmann (PSL/SP) e Vice-líderes do governo no Congresso. Foto: Marcos Corrêa/PR| Foto: Marcos Corrêa/PR

Todo mundo sabe que Carlos Bolsonaro escreve em nome do pai em seu perfil oficial no Twitter. Mas ontem o filho 02 do presidente confessou sem meias palavras, pedindo desculpas por uma postagem em que o presidente defendia a condenação em segunda instância, assumindo que escreveu sem autorização do pai.

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Pode ser que o filho tenha ido para o sacrifício para poupar o pai, num momento de aproximação entre Bolsonaro e ministros do STF. Inclusive o presidente não deve se opor caso o Supremo vete condenação em segunda instância. Mas o fato é que Carluxo assumiu escrever em nome do pai.

O que todos também já sabem, mas falta confissão, é que o bolsonarismo utiliza uma milícia virtual para intimidar opositores, poluir perfis de desafetos, assassinar reputações e espalhar Fake News. Não por acaso a turma está em polvorosa com a CPI das Fake News, que convocou inclusive o assessor da Presidência Filipe G. Martins após reportagem da revista Crusoé sobre os "militantes de crachá".

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Pois bem: a deputada Joice Hasselmann, até ontem (literalmente) ninguém menos do que a líder do governo no Congresso, admitiu ter conhecimento sobre a tal milícia virtual bolsonarista. Ela fez pouco caso disso, mas não deveria: é grave, é imoral e, eventualmente, mesmo ilegal. Eis o que disse Joice:

Eles têm uma milícia virtual e todo mundo sabe disso. São pessoas interligadas em todo Brasil, algumas recebendo para isso e outras não. Muitos robôs. Já sabia e não estou nem aí para isso. Eles têm uma milícia de ataque que não se sustenta. Por exemplo, eu tenho pouco mais de seis milhões de seguidores, mas tenho alcance muito maior que o dos Bolsonaros. Porque eu não tenho robô, não tenho milícia, meu alcance é orgânico, não é aquela milícia maluquinha, Bolsonaros e aliados. Por isso há cinco anos ganho prêmio de pessoa mais influente no ambiente digital.

Qualquer um que tenha alguma visibilidade nas redes sociais e ouse criticar o governo conhece bem essa milícia. Ela vem sendo a grande responsável pelo afastamento de inúmeros direitistas do governo, justamente porque ninguém minimamente sério quer se associar a figuras com tais métodos, que parecem petistas.

Eu mesmo sou alvo dessa turba diariamente, e o próprio Eduardo Bolsonaro já tentou manchar minha reputação profissional e contou com um exército de divulgadores em seguida. O filho 03 mentiu sobre meu passado, afirmando que eu era o responsável pela análise econômica de um banco que faliu, sendo que eu era um estagiário de apenas 21 anos de idade na área de análise de empresas, e depois mentiu novamente dizendo que fizera apenas uma pergunta:

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Bolsonaro pode creditar sua vitória na eleição a essa atuação nas redes sociais do bolsonarismo sob o comando de Carlos e Eduardo, mas para efeito de governabilidade e apoio ao governo, essa estratégia tem se mostrado fatal. Os inúmeros robôs, perfis falsos, militantes de gabinete e fanáticos voluntários representam uma horda insuportável, intolerante e extremamente agressiva.

A reação deles ao que disse Joice comprova isso. Muitos estão fazendo alusões ao peso da deputada, numa ofensa baixa, vil, ainda que seja o caso de apontar para a participação da própria Joice na baixaria, ao fazer alusões sobre a suposta homossexualidade enrustida de alguns bolsonaristas.

Tudo desceu muito de nível, e se as redes sociais podem ser parcialmente culpadas, não podem levar a culpa integral. Há muita gente com postura decente ali ainda. Não é o caso da milícia bolsonarista, que distribui ofensas a torto e a direito - ou melhor, à direita, mais até do que à esquerda, o que diz muito sobre seus reais adversários. Tiveram um "bom" guru nesse aspecto, não dá para discordar...